quinta-feira, janeiro 27, 2005

Editorial

Antes de tudo, deixa eu avisar que não sou metida em política, não vivo reclamando de tudo. Prefiro agir. No entanto, existe a hora de falar, o movimento está nas ruas e esse foi o melhor texto que encontrei até agora. Por isso, estou postando.

Mais um ano de luta por uma dignidade profissional!

De norte a sul, de leste a oeste do Brasil, tivemos um ano de agitação em torno de um tema adormecido e que vinha sendo relegado a um plano secundário em nossas vidas. Cuidando dos nossos pacientes, nos esquecemos de nos cuidar e acabamos perdendo a noção de quanto nos desvalorizamos. Vimos, passivamente, serem regulamentadas todas as demais profissões da área de saúde e não nos preocupamos com aregulamentação da noss.a Assistimos outras profissões se arvorarem em realizar atos de prerrogativa de médicos e não fizemos nada, permanecendo passivos. Vimos nossos gestores tornarem a remuneração médica tão vil e o Sistema Único de Saúde tornar-se um carrasco, nos usando como responsáveis por uma medicina que não satisfaz nossa gente. Vimos, ainda, os outros "patrões", os planos de saúde, massacrar nossa remuneração como se nosso trabalho não fosse tão especializado, ao ponto de ser dispensável.Observamos, estarrecidos, a Agência Nacional de Saúde Suplementar-ANS- criar normas para fiscalização dos planos de saúde e, ao mesmo tempo não fazer cumprir suas próprias imposições. A ANS rejeitou a integridade da CBHPM, retirando do rol vários procedimentos, penalizando a sociedade e, novamente, privilegiando os planos de saúde. Perdemos a condição de profissional autônomo e passamos a ser uma classe reprimida, submetida a patrões algozes. Unimos-nos, nos organizamos, lutamos o quanto pudemos. Mas parece que nossa luta é unilateral. Estamos apenas com o paciente ao nosso lado, muito embora ele nem perceba o quanto o estão agredindo ao nos tratarem com tanto descaso. Desejamos que o ano que se avizinha nos traga um prenúncio de esperança, de respeito e de compreensão por parte dos poderes e da sociedade. O médico também precisa sobreviver dignamente.

Dra Ana Maria O. Ramos
Editora e Conselheira Médica
(Conselho Regional de Medicina do RN)


E este é o outdoor que está circulando, junto com um anúncio semelhante nas revistas, além daquele adesivo que diz "Meu trabalho tem valor: sou médico".


Nenhum comentário: