Crônica para os de mente aberta
Preferências
Ricardo Freire
O mês de junho foi realmente uma lou-cu-ra: mais de 1 milhão de gays, lésbicas e simpatizantes saíram de suas casas (e, em muitos casos, de seus armários) e ocuparam as ruas de 14 cidades brasileiras. Como se sabe, gays e lésbicas compõem a parte mais organizada de uma importante minoria sexual: a das Pessoas Que Ainda Praticam Sexo - seja qual for o sexo.
Você deve ter amigos assim. As Pessoas Que Ainda Praticam Sexo são homens e mulheres que não vêem TV, não lêem livros, não acordam cedo, não trabalham até tarde, não fazem compras à noite no hipermercado, não buscam filhos adolescentes de madrugada em festas e sobretudo não têm dor de cabeça na hora de dormir.
Excetuando-se gays e lésbicas, no entanto, as outras Pessoas Que Ainda Praticam Sexo não parecem ter muito orgulho disso e em vez de realizar suas paradas na Avenida Paulista ou na orla de Copacabana preferem permanecer escondidas - em barzinhos, motéis e quartos de casal pouco iluminados.
De todo modo, as paradas do orgulho gay são um exemplo para todos os brasileiros e brasileiras cujas preferências sexuais ainda não foram assimiladas pela sociedade.
Considere, por exemplo, o caso dos jovens dos mais variados sexos cuja preferência sexual é a ginástica. Antigamente a ginástica era um atalho para garantir uma vida sexual mais concorrida; hoje, contudo, é um fim em si. A maioria dos freqüentadores de academia só pensa naquilo: aeróbica. Ou naquilo: leg-press. Alguns inclusive só têm prazer com acessórios - como pesos gigantescos e cordas esticadíssimas.
Aposto que você tem colegas cuja preferência sexual é o trabalho. Não, não estou falando naquela coisa antiga, papai-e-mamãe, de chefe com secretária. Falo dessas pessoas que só se satisfazem em reuniões, têm verdadeira tara por apresentações e mantêm casos ardentes com o PowerPoint. Temos a tendência de ser preconceituosos e condenar esse estilo de vida, porém que mal essas pessoas nos fazem? Vá lá, talvez ganhem mais do que a gente, mas é bom lembrar que tamanho de salário não é documento.
Não é de hoje que se sabe que as mulheres preferem um bom chocolate a um mau namorado. Nos últimos tempos, no entanto, tem aumentado o número de mulheres que preferem o chocolate incondicionalmente. As vantagens são evidentes: você pode se entregar no primeiro encontro e no dia seguinte não precisa ficar esperando um telefonema que nunca chega.
Alguns casos de preferências sexuais enrustidas, entretanto, acabam acarretando graves problemas sociais. Quantas esposas só descobrem tarde demais que a verdadeira preferência sexual dos seus maridos é o futebol? Eu não tenho xongas a ver com isso, mas esse apego do seu maridão pelo aparelho de controle remoto, sei não...
quarta-feira, janeiro 26, 2005
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