sexta-feira, janeiro 30, 2004

Coragem, sempre, meu amor! Estamos todos torcendo por você.

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Diazinho sem adjetivos.Chuva, mais chuva. Deu pra ir andando (de manhã e à tarde) pro posto.

Finalmente o raciocínio de ameba da gerente percebeu que a unidade em reforma não estará pronta para o atendimento na próxima segunda-feira. Os agentes disseram (ela não se dignou a me dirigr a palavra desde terça-feira) que eu teria uma semana de folga até a reforma terminar. Disse que não seria tolhida pela falta de uma sede. Posso perfeitamente passar a semana fazendo visitas domiciliares, palestras nas escolas e centros comunitários, conferindo vacinas da população infantil e adolescente da rede de ensino municipal...
Se ela soube dessa resposta, não sei. Mas de repente apareceram propostas de locais. As notícias do dia foram as aprovações dos médicos que saíram, pra Residência em Recife, 1o e 4o lugares. Deu pra sentir a responsabilidade?

Atendi umas trinta pessoas hoje. Cansei de ver barriga de gestante mais jovem do que eu. Meninas de 13, 14 anos que pararam de estudar, "juntaram-se" e que em 10 anos estarão separadas, com três, quatro filhos e uma ligação de trompas. Não sou vidente. Apenas vejo o provável.

Ia voltando do almoço quando uma velhinha, lá da porta da casinha de taipa me
gritou:"Mulher, compre um carro". "Gosto de andar, você não anda?".

Amanhã vou à Secretaria de Saúde. Uma vez que o outro médico passou na Residência e não vai voltar, preciso pegar o touro à unha. Não vou ficar tapando buraco e atendendo duas populações, a não ser que me paguem em dobro. Se fosse uma unidade vizinha não teria qualquer ogrigação. Por que terei se apenas divido o espaço físico com a outra equipe? Ainda mais que amanhã chega a enfermeira nova (viva!) e estão falando numa nova diretora (amém). Ninguém me deu sequer uma satisfação, apenas marcam os pacientes da outra comunidade. Tenho espírito de coleguismo sim, apenas não sou burra.

Tenho de me fazer de doida. Dizer que não posso, que já tenho atividades planejadas, blá,blá,blá. Vou aproveitar pra mostrar serviço (não adianta trabalhar como uma mula e não divulgar isso). Mostrar o mapeamento e diagnóstico da área, a lista dos usuários de medicação controlada, dos acamados. Seria mais fácil se os Agentes de Saúde tivessem me dado o que pedi há três semanas, se eu tivesse de fato uma gerente. Ela não manda e nem deixa ninguém tomar as rédeas. Uma perfeita égua.
All you need is love

Love? Above all things I believe in love! Love is like oxygen. Love is a many-splendored thing, love lifts us up where we belong, all you need is love!
O mais legal de se ter um blog junto com um grupo de amigos é que a qualquer hora do dia você pode entrar e ter uma surpresinha te esperando - uma foto, um poema, uma piada, uma declaração de amor.

É viciante.

Se eu fosse médica como a Doutora X, receitava pra qualquer um.

quarta-feira, janeiro 28, 2004

Before, I believed. Now, after XF, I don´t know. If I can choose, I would believe in Fox Mulder e Dana Scully. And Skinner, of course. I believe in friends, (a little) in family, in true love. The EBE´s aren´t too important.
(I loved the music and photos).
28.01.04
Pra variar escrevi ontem e não consegui publicar. Hoje descobrir (de novo) que desapareceu tudo. Acho que vou voltar ao arcaico método (escrever à mão).

Resumo de 27.01.04
Atendimento de pediatria pela manhã e saúde da mulher à tarde. Homens marcados para a tarde. Como é que se marca um homem pra saúde da mulher? Só se for pra planejamento familiar ou acompanhante de pré-natal. Como vou fazer uma palestra sobre câncer de mama pra um grupo de homens?
Deixei claro que a prioridade eram mulheres. Que , se desse tempo, atenderia os homens. Que havia sido erro do pessoal da marcação de consulta e que, se não tomasse uma atitude o fato (que já ocorreu diversas vezes) se repetiria. Entrei pra atender a primeira paciente.
A enfermeira/gerente (e pé-no-saco) interrompeu a consulta, querendo que fosse atendidos todos os pacientes. Expliquei que a função da marcação de consulta é exclusiva de duas pessoas e que não podia trabalhar metodicamente daquele jeito. “mas o que é que eu digo?”. “Nada. Eu já disse”. ‘mas doutor Fulano...” “eu não sou doutor Fulano. Por favor, deixe-me trabalhar. Você queria que eu atendesse 16 pacientes por turno. Preciso trabalhar”. “Pois não ‘doutora’”. “A senhora pode sair? Preciso trabalhar”
De fato, deu tempo de atender pacientes extras. O que me aborrece é a indulgência da gerente com os funcionários. “É muita coisa”, ‘você tem de entender”. Existem duas zeladoras, dois auxiliares de serviços administrativos, uma responsável pela farmácia e outra moça que não sei (até agora) o que faz.
Vale salientar que NUNCA vi a gerente chegar às 7h ou permanecer na Unidade até às 11h. SEMPRE há alguma coisa pra resolver na Secretaria de Saúde ou na Regional. Como exigir dos funcionários se a chefia não dá exemplo?

Dia 28.01.04
Estou sendo ignorada. Graças a Deus. Que pena pros pacientes. Continuo esperando por atitudes e condutas que não me cabem, e não são feitas.
A zeladora foi-se embora antes das 11h e me deixou sozinha na Unidade com os últimos pacientes. Da gerente nem sei notícia.
Acabou que estava morrendo de cólica à tarde e não consegui voltar pro atendimento. Gostaria de ter ido. Amanhã vai ser ouro aborrecimento. Vamos rezar pela próxima enfermeira. Rezem por nós.
Atendi uma moça de 13 anos, grávida, com um nome incomum. Tenho certeza que a atendi em Recife, recentemente. De fato, ela morou por lá, mas foi atendida em tantas emergências que não lembra se me viu antes. Mundo pequeno.
The Beginning



:)
Gente, adorei isso!!!





Agente Vicky, please, posta aí uma tradução um pouco menos capenga do que a que eu faria...
Depois dessa aula sobre bushido será que ainda é necessário perguntar alguma coisa?

terça-feira, janeiro 27, 2004

Dear Society,

Conforme prometido, aqui vai uma pequena explicação para compreender melhor os acontecimentos e alguns detalhes mostrados em "O Último Samurai". Boa parte das informações abaixo foram retiradas do livro "Nippon-t? - A Espada Japonesa", por Laerte E. Ottaiano. Este sr. é brasileiro e passou cerca de 9 anos pesquisando sobre o assunto. O livro foi escrito e editado por ele, não sendo encontrado em nenhuma livraria ou editora.

A primeira espada na forma que conhecemos hoje como "Espada de Samurai" teria sido produzida entre os anos 700 e 900. Nesta época haviam 2 elites, formadas por castas da alta linhagem que zelavam pela integridade moral e física da corte.

A primeira era voltada para a preservação das tradições mitológicas, filosóficas e religiosas; eram os intelectuais. A segunda entretanto, era formada por pessoas ligadas diretamente à corte, com acesso aos mais altos níveis de educação, cultura, e principalmente o adestramento nas artes militares: a classe dos samurais.

Por isto a espada tinha o mais alto desígnio: proteger a integrigade física das altas personalidades. Esse objeto deveria atingir a perfeição através da pureza de material, forma e função. Para um samurai, a espada era sua alma. O uso de duas espadas era restrito aos samurais. A espada longa para combates em lugares abertos, e a menor para lugares fechados e cobertos.

No período de 1603 a 1868 o Japão passa a usar armas de fogo em suas batalhas. Mas caíram logo no esquecimento, por serem consideradas contrárias ao espírito do samurai: " o inimigo deve ser enfrentado à distância da espada, de frente e com respeito". Lembrem-se que Katsumoto é um samurai honrado, e recusa-se a utilizar armas de fogo justamente por seguir este princípio

É nesta época que uma nova classe emerge, a dos comerciantes, e passa a ocupar um lugar importante na sociedade. Em 1868 Meiji assume o trono, e alguns anos depois assina um edito imperial que proíbe o uso da espada. Omura é um negociante, e vejam que poder ele tinha junto ao imperador. Apesar de ser considerado um deus vivo, Meiji era inexperiente, e jovem, sucetível ao controle de uma pessoa experiente e esperta.

A respeito do Haraquiri (Seppuku), era considerado um ato de honra. Um samurai derrotado que tem a coragem e humildade de reconhecer a sua derrota suicidava-se usando uma pequena espada no lado esquerdo do abdomen, cortando a região central. O ato era acompanhado por testemunhas; no filme Katsumoto, a pedido de um ex-companheiro, também samurai, age como seu Kaishaku, a pessoa que decepa o Samurai. Conforme dito no filme, era uma honra ser escolhido para auxiliar o último ato de honra, respeito e piedade de um samurai derrotado.

Quanto aos Ninjas, ao contrário dos Samurais, não têm a mesma identidade de ética por trás - o bushido. No fundo são um pouco mais virados para o estilo mercenário, verdadeiros guerreiros das sombras (peritos em camuflagem), que geralmente eram "contratados" por senhores feudais em guerra antes de uma batalha para sabotarem os planos dos inimigos. (Fonte: http://www.c7nema.net/site/html/modules.php?name=News&file=article&sid=2048)

Uma última coisa: quem acha que a espada dada a Nathan no final do filme foi feita na hora, enganou-se feio: uma boa katan? poderia levar até 2 anos para ser feita! Obviamente, era uma espada que estava sendo feita e, a pedido de Katsumoto, foi marcada para ser dada de presente ao novo amigo.

Quem se interessar em obter maiores detalhes sobre os samurais, o bushido, e o harakiri, visitem este site: http://www.osamurai.hpg.ig.com.br/page.htm. Tem um bom material sobre tudo isto lá.

Abraços a todos, e saudades :-)

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Meninas, informo oficialmente que sou a feliz proprietária do DVD de The Pillow Book. A primeira reunião oficial da Sisterhood of the Coffeepot vai ser, digamos, histórica... :)

Fernanda, que template absurdamente belo é esse? Mulder & Scully ficariam orgulhosos...
Sociedade, adorei o fim de semana. Pena que acabou. Aqui está chovendo aos cântaros ( e tonéis). Vamos rezar pra essa nova enfermeira ser mais fácil de trabalhar.
Muitas saudades, Dra Juliane X.
26.01.04

resumo do dia 22 : reunião com a comunidade e apresentação da dentista. Aquela gestante do dia anterior não havia sido internada ainda porque a emergência não quis ter o trabalho de fazer um encaminhamento para a maternidade e preferiu mandá-la de volta pro posto. 24 horas depois do primeiro atendimento a moça ainda não havia sido internada nem começado a antibioticoterapia parenteral. E estava com uma infecção urinária e uma pneumonia. Não me nego a encaminhar, mas, nesse caso, apenas copiei o encaminhamento do dia anterior (do qual tirei uma cópia carbonada) e acrescentei os dados da emergência. Nada que o serviço de URGÊNCIA não pudesse fazer. Poderiam ter mandado com o mesmo encaminhamento meu e anexado os exames. Não precisava escrever nada.
Vale dizer que o plantonista da maternidade é pago para atender tanto encaminhamentos quanto consultas de urgência. Ora, se uma gestante chega com quadro sugestivo de infecção, é obrigação do plantonista interná-la, se necessário. Ele recebe pra isso. Não precisa de um encaminhamento. E se a moça tivesse ido direto praquele serviço? Ele ia mandá-la de volta ao posto para buscar um encaminhamento?

Resumo do dia 23:
Dia de marcação de consultas. Soube que o outro médico não estará no posto até quarta-feira. Como qualquer caso urgente terá de ser visto por mim, orientei a marcar menos fichas pra atender tais casos.
Perto de sair, descobri que a gerente/enfermeira havia DETERMINADO que se aumentassem as fichas, sem sequer me comunicar. Argumentou que a secretaria de saúde poderia reclamar. Como ela não entende a importância de uma primeira consulta e a coleta de informações, eu disse que me responsabilizava por qualquer contratempo. Ela retrucou que era a pessoa dela que respondia pelo posto. “Tudo bem, atendo até às 11 horas e depois mando os restantes falarem com você”.
Pra variar, ela saiu mais cedo. Se eu não tivesse permanecido na unidade pra organizar a produtividade, o carro da secretaria, trazendo medicações, teria encontrado o posto fechado.
Decidi não me deixar influenciar por tudo e fui-me embora pra Recife. É LÓGICO que não ia perder de viajar pra ficar batendo boca.

Final de semana:
MARAVILHOSO. Começou na sexta com flores, uma biografia não-autorizada de David Duchovny e uma poesia de Vinícius. Abraços e beijos de Ado e telefonemas das meninas (em horas muito incovenientes) o tempo todo. Na verdade, elas atrapalharam o filme que estávamos assistindo. “Questão de honra”, com Tom Cruise e Demi Moore. Mas prefiro deixá-las acreditando que interromperam algo mais.
Sábado amanhecendo com beijo de Ado e o café com leite que só ele faz. Manicure pra me sentir de volta à civilização. Almoço e shopping. Reencontrar a Spooky Society três horas antes do filme pra botar a conversa em dia. Ainda não havia visto as meninas desde o ano passado. Passeio na Riachuelo só pra descobrir que nem tamanho GG está cabendo em mim. Entrada na Sodiler pra ganhar Moby Dick de Vic. Lanchar com Júnior contando o sofrimento que é fazer Engenharia Elétrica, com todo apoio de Paulo.
Assistir “O último samurai”, com Tom Cruise. Comparar a atuação com “Questão de honra”. Delirar com a trilha sonora (de Hans Zimmer). Voltar de ônibus e descobrir que a parada mudou de lugar porque o prefeito de Recife achou pouco inverter o tráfego nas principais avenidas de Boa Viagem. Assistir Caetano Veloso cantando SAMPA no aniversário de São Paulo, com todo mundo mais Marta Suplicy assistindo também. A nossa vantagem é que do lado de cá da tela não estava garoando e estávamos na boa companhia de uma taça de vinho.
Acordar tarde no Domingo, perder a hora da missa. Começar a assistir “24 horas” que Ado gravou e descobrir que é tão bom que não deu tempo de visitar Larissa (nossa sobrinha). Até fazer supermercado foi bom. Encaixotar metade de meus livros e todas as amostras grátis não foi tão bom. Voltar pra Mossoró não foi fácil, ainda mais imaginando o dia de hoje, que eu sabia que ia ser uma confusão.

Dito e feito. Cheguei às quatro e meia e fui mostrar os livros pra papai e tomar café.
Às 6:45h estava no posto. Como é dia de autorização de exames (e a gerente nunca chega tão cedo) a auxiliar de enfermagem fica sem poder pesar e verificar a pressão arterial dos pacientes, o que faço sem problema, só que com atraso no atendimento. Conforme previsto, acrescentaram vários pacientes sem sequer me comunicar, incluindo troca de receitas e outras coisas tão simples que a gerente/enfermeira pode e deveria fazer, só que saiu mais cedo pra ir na Regional de Saúde. A boa notícia foi que finalmente teremos uma enfermeira na nossa equipe. Saí às 11:55h , sob reclamações da zeladora que, apesar de ter um expediente de 6 às 12 h, acha um abuso se ficarmos até 11 h.
Saí debaixo de sol forte e sem comer. Resultado:dor de cabeça, atraso à tarde e novamente fechei o posto com a zeladora da tarde. Quero ver se a semana vai ser toda assim. Estou pensando seriamente em continuar no meu ritmo (não me incomodo de atender até o último paciente) e esperar os pacientes e funcionários se queixarem á gerência ou à Secretaria, wathever.
Deixa eu terminar de estudar Planejamento Familiar porque amanhã é dia de Saúde da Mulher (embora quase todos os atendimentos hoje à tarde tenham sido sobre Ginecologia). Pra que existem pessoas apenas pra marcação de ficha se não sabem marcar?

Vítima do Serviço Público e (infelizmente) apaixonada por ele.
Fernanda, nossa Template Maker, meus parabéns! Você a-r-r-a-s-o-u! Ficou 10 o template da Spooky Society.

No mais gente, obrigado pela farra do Sábado, foi ótima. Quanto à Mary Angel, é caso encerrado. Existem vitórias e vitórias, algumas não como esperamos, mas igualmente importantes. Não deu certo o romance, mas a amizade continua. Peço apenas que não perguntem o por que, certo?

Que a maré traga novos ventos, he he

Abraços a todos!

Como diz a Elfa Maluca: mela melha tu melha ele melha lá, ou seja lá o que for
Acompanhando o trabalho da grande escritora Vicky Vaporub Biotônica Fontoura :°þ


Vivizinha, eu só comecei a ler a sua fanfic, mas ela me inspirou a trabalhar também e eu fui brincar com o template. O resto fica pra hoje de tarde que agora eu estou morrendo de sono...

Só um aviso: o primeiro lugar onde você vai publicar vai ser aqui!!!

Beijinho!!!
Bye, Ju!!!


Não consegui me despedir ontem de Juliane, a gente tinha planejado ir à missa de manhã mas eu não acordei, e não pude ligar mais tarde porque meu celular tá doente (outro nome para "bloqueado por atraso no pagamento").

Bem, moça, agora é tarde pra desejar boa viagem, mas eu espero que você tenha dormido como um bebê o caminho todo e chegue com todo o gás pra começar mais uma semana de labuta, depois de um final de semana hiper-divertido como esse.

Estamos torcendo por você, só pra variar um pouco.

Love always,




P.S.: Volte logo pra gente tomar chá!!! ;°)
Nanda the Template Maker ataca novamente


Depois de umas poucas horas de insônia no final da madrugada (ou no começo da manhã, como queiram), eis o novo template do nosso Spooky Blog...

Vivi, você não queria um template dos X-Files? Que tal esse aí?

Eu confesso, a idéia não foi da minha cachola, eu vi um template que achei massa e montei um novo com o visual inspirado naquele. Mas eu ainda gosto mais do meu, hehe!!!

Beijos pra todos!!!

domingo, janeiro 25, 2004

Bom, esta é a minha primeira vez neste blog e gostaria de me apresentar: Gláucia Bauer, prazer! Gente, estou viciada em 24 HORAS.

Ju, já tô com saudades. O bule está guardado esperando por você.

sexta-feira, janeiro 23, 2004

Testando 1, 2, ....hã...... 15

Sr. Spook, o senhor me copia? câmbio?!

Eita, deu certo! Que magavilha meus camagadas!!!!

Agora posso postar também! Brigadú minha Santa Fernanda Fontonelle, santa protetora das antas incompatíveis com estes sites esquisitos!

quinta-feira, janeiro 22, 2004

Não, eu ainda não tive um surto de abstinência, embora eu deva admitir que meus ouvidos sentem falta do ronco dos motores. Snif.

A esbórnia está confirmada sábado. Vou dar aula mais cedo e devo estar livre lá pelo meio-dia. Passem as coordenadas ;)
Tchurma, vamos começar uma corrente de orações para o sucesso absoluto desse final de semana:


Primeiro, rezemos pra Juliane fazer uma boa viagem e chegar bem aqui.

Segundo, rezemos para que Diego não viaje pra Natal (my love, eu quero que você e o Teco se divirtam, mas eu preciso falar de todo mundo, hehe!).

Terceiro, rezemos para que a Gal não tenha restrições quanto a dormir ou acordar em horas esdrúxulas (agentes do FBI só dormem quando dá tempo!).

Quarto, rezemos para que Eduardo e Paulo não se quebrem com seus bokens (nem quebrem lâmpadas, televisões e vidros de box).

Quinto, rezemos para que Vivi não vá parar no hospital devido a uma crise de abstinência de Fórmula 1.

Sexto, rezemos para que a prova de Xaxá seja adiada pra ele poder estudar transformadores num outro dia qualquer.

Sétimo, rezemos para que Mary Angel deixe de queijo.

Oitavo, rezemos para que ninguém me mate ao ler esse post.

Nono, REZEMOS PARA QUE NÃO CHOVA!!!
Hoje fui ao posto. A unidade, que tem duas equipes, está em reforma, até o fim do mês. Estamos num centro social.
Não há enfermeira na minha equipe há dois meses (foi emprestada pra papai), a gerente da unidade é enfermeira da outra equipe e está segurando as pontas. Pareceu-me sobrecarregada, embora pareça muito experiente. Tinha um relatório sobre as atividades da unidade em 2003, caracterização da área, etc. Apresentou-me a lista de hipertensos e diabéticos com quantidade de medicação necessária para um mês. Tem um grupo de idosos e a proposta de uma caminhada. Ainda não temos grupos de HAS/DM.
A prevenção está temporariamente suspensa, devido à reforma. Os principais problemas são gestação na adolescência, alcoolismo, crack, maconha, grande número de hipertensos, tuberculosos.
virá uma enfermeira para mim esta semana (espero). Só então reuniremos a comunidade para nos apresentarmos. Só então posso traçar estratégias. Algumas coisas são diferentes aqui, o pré-natal é só com o médico, existem medicações injetáveis ministradas na unidade. Ainda que eu quiser fazer diferente, há outro médico e invariavelmente haverá comparação.
Um dia de cada vez. Amanhã vou andar quilômetros (literalmente). Talvez compre uma bicicleta no próximo mês.
Zorra


Sinceramente, por que alguns serviços têm uma agenda se não a cumprem?

O atendimento hoje à tarde era para hipertensos e diabéticos. Adivinha quantos atendi? um ou dois. Até retorno de gestante teve, sem ao menos me consultar.

Fiz uma palesta sobre diabetes e hipertensão para um monte de gente que não tem as doenças! E todo mundo ouviu caladinho e com cara de atenção. Será que alguém entendeu alguma coisa?

Sem falar que não atendi uma criança com febre (mandei pra urgência)pela manhã porque tinha dez pessoas marcadas, um encaixe e uma visita domiciliar. Vieram 3 pessoas e a "acamada" tinha SAÍDO! Como um acamado sai, a não ser pra ir ao médico (que era eu)? vai entender.

Os funcionários saem de fininho e não voltam. Terminei o atendimento às nove e até a gerente não estava na unidade. Podia estar fazendo visitas, mas ninguém sabia. Imagina se o pessoal do Ministério da Saúde aparece? Como explicar? O outro colega vai embora assim que termina as consultas, chega depois de mim, não faz palestra. Eu acho que a idiota da história sou eu. Mas...como fui mal acostumada a cumprir horários (na Escola Doméstica, em casa, em Vitória)eu fico pro caso de aparecer alguma coisa. E não digam que não há o que fazer. Isso não existe no PSF. Se não houver NINGUÉM pra atender, sempre haverá a produtividade, as notificações. Ainda que não haja, têm um monte de "manuais de condutas no PSF". Há material suficiente para estudar. E ninguém fica. Tive que sair antes da hora porque fui praticamente colocada pra fora. Eram 11 horas quando cheguei em casa e olha que fui andando!
teve agente de saúde que passou a TARDE inteira no posto, conversando, numa cadeira em frente à minha porta! Sei disso porque terminei de atender às 16:45h.

Serviço público funciona. Se tiver um pulso forte e suporte para se exigir. O problema é que, além de não existir diferenciação entre as duas equipes, os mais antigos dão o mau exemplo. "Mas fulano faz assim".

E são equipes incompletas. Pelo menos a minha é. Continuo esperando minha enfermeira, não tenho notícias da dentista. Aliás, como uma dentista sai da sua unidade para cobrir as férias de outra? Não me digam que é porque a unidade está em reforma.

Existe uma coisa chamada "procedimento coletivo" que justifica aplicação de flúor até no meio da rua (e era no meio da rua naquela outra unidade que trabalhei). Existe outra coisa chamada "educação em saúde", ou seja, palestras. No meio da rua, nas ESCOLAS, na praça, como ação preventiva e corretiva. Não precisa de broca pra isso.
Existem "VISITAS domiciliares de outro profissional de nível superior" na ficha de produtividade, incluindo a primeira visita ao recém-nascido (dentista e enfermeira). Passamos quase cinco meses com Adriana "fazendo bolinha" e "limpando a linha do trem" no outro posto. Até eu aprendi a escovar os dentes direito.

Por que a outra equipe não tem um trabalho efetivo? nunca vi sequer os profissionais de nível superior juntos numa ação. A desculpa era muita gente, daí a segunda equipe. Agora porque a enfermeira/gerente tem que cobrir a falta de outra enfermeira. Só que o trabalho dela é completamente dissociado do meu. Cadê a enfermeira na palestra de hipertensão e diabetes?

Quando (se) chegar a outra enfermeira, qual será a desculpa?

DEIXA EU ESTUDAR PRA PASSAR NA RESIDÊNCIA.

Juliane X.
Contando as horas


Nada como a boa e velha bagunça. Tive que levantar às cinco e meia para mandar uma mensagem e acabei conseguindo escrever no blog da Sociedade. Provalmente manterei as atualizações.

estou contando as horas. por favor, combinem logo tudo! Não precisa me contar.
Já comprei as passagens (ida e volta). Chego à noite na sexta e volto à noite no domingo. Precisamos ir à missa e fazer uma farra não-gastronômica, porque , apesar de minhas caminhadas (mais ou menos três quilômetros ao dia), não emagreci, acho que engordei.

Aceito cinema, DVD, AX. Separem tudo de bom que aconteceu pra me contar.

Ansiosamente,

Juliane X.

quarta-feira, janeiro 21, 2004

20.01.2004

Enfim, consegui!
Depois de uma semana tentando, acertei entrar aqui. De agora em diante, vou publicar as notícias direto no blog.

Atualizando, ontem recebi minha primeira ( e (provavelmente única) representante de laboratório. Dia cheio de crianças pela manhã e um monte de mulheres (inclusive gestantes) à tarde. Aqui o pré-natal é feito pello médico, enquanto que em Pernambuco é pela enfermeira. Preciso estudar pré-natal , de novo. O problema é não dormir cedo. Estou desacostumada com o pique do PSF.


Chega-me uma senhora de 77 anos, com um caixinha de medicação e outra (da mesma droga) embalagem de uma farmácia de manipulação. Veio saber o que era, porque ensinaram a fazer na farmácia de manipulação, mas quando a encomenda chegou, a embalagem não era a mesma. Não tomou o rmédio pela manhã e veio, à tarde, perguntar "pra doutora" se podia usar o remédio. disse que só ia tomar se eu garantisse que estava tud bem, porque não parecia o mesmo remédio. Ela não sabe ler. A medicação estava formulada corretamente. Vamos explicar o que remédio manipulado e vantagem econômica. Só tomou o remédio porque garanti que estava tudo OK.
Ainda se respeita médico neste país!

segunda-feira, janeiro 19, 2004

Continuação da novela...


Continuo sem saber notícias daquele paciente. Trabalhei o dia inteiro inteiro. Atendi 24 pessoas: palestra para a comunidade antes das consultas,cobrar a cada paciente a vacina pra tétano. (Sabia que minha avÓ morreu de tétano?) Cobrar preventivo de ca de colo uterino e mamografia pras mulheres, perguntar antecedentes, remédios que toma. descobrir que ficaram vc e a zeladora e todo mundo já foi, porque já passaram 15 minutos da hora de fechar para o almoço.

Voltei andando e...surpresa! Minhas pernas doeram tanto que tanto que tive que parar por diversas vezes, quase não cheguei em casa tamanha a dor. Meus músculos entraram em tetania (acabou a glicose pras células musculares e acumulou-se ácido lático e daí a dor). Parecia que partiriam a tíbia. Só vi isso em pacientes com tétano (e tive uma amostrinha do que eles passam) e uma vez numa rã em laboratório. Sabe-se lá porque aconteceu comigo.

Mais clínica médica à tarde. Retorno da bebê de cinco meses que veio pela manhã com diarréia. Estava bem melhor. Soro caseiro faz milagres. PSF também, e acho. Se tiver como se trabalhar.
espero que a reforma da unidade termine essa semana.

Vou-me embora ps PRECISO ESTUDAR AS DOENÇAS DE HOJE (anemia, hipertensão, diabetes, diarréia, e muitos etc).

sábado, janeiro 17, 2004

Programa de Saúde da Família: um suplício


Escrevi ontem sobre o PSF, mas adormeci e não enviei o e-mail. Leia, por favor, "PSF: uma vocação" para entender esta mensagem.

Continuação da novela.

A primeira ação hoje foi ir ao hospital, qur fica pertinho do posto, pra saber notícias do paciente. Descrevi o quadro e o plantonista sugeriu que procurasse na unidade de infectados. Nada. Na UTI, nada. No repouso da emergência, na sala de drenagem, na enfermaria de clínica médica. nada. Vi cada um dos pacientes internados no hospital. Apenas um tinha pé diabético, mas não era ele. Com certeza.

O plantonista me levou à assistente social. Li cada registro de cada uma das salas (drenagem, observação, pós-operatório, repouso). Paciente não constava no registro de ontem em quaisquer salas. Foi localizada a ficha da urgência. Em branco. Apenas com os dados do paciente. Ligamos para a médica. Ela disse que não conseguiu nem examiná-lo. Havia desaparecido e os funcionários supunham que fora para a sala de drenagem ou pra cirurgia. Dedução lógica mas que não foi possível confirmar devido ao ritmo do plantão. Havia inclusive um cirurgião vascular no plantão de ontem. uma endocrinologista e um cirurgião vascular em pleno interior. E ele não ficou. Sequer falou com a médica. Conseguiu voltar , ANDANDO ou de carona, para um sítio tão longe que fui de bicicleta.

Agradeci a todo mundo e voltei pro posto pra esperar com o agente de saúde da área.

Ele foi à casa do comunitário que declarou ter sido "liberado depois de um curativo e uma injeção". Só que não havia curativo no pé, nem foi feita limpeza. A injeção foi a vacina que EU apliquei no posto. Decidi seguir o conselho da assistente social e acionar a promotoria do idoso (o que só posso fazer na segunda pois só soube de tudo às três da tarde). Evitar confronto direto.
Tudo que fiz foi registrar tudo no prontuário. QUANDO ele morrer, pois não é uma questão de SE, teremos os regidtros para nos defendermos.

Fico pensando o que leva uma pessoa a retornar para uma casa onde é maltratado; retornar andando ou de carona, com o pé em franca putrefação, sem sequer fazer curativo alegado. A recusar qualquer ajuda. A mentir tão deslavadamente para uma médica que foi À SUA CASA, CHAMOU UMA AMBULÂNCIA, FEZ QUESTÂO DE REMOVÊ-LO PESSOALMENTE e ACOMPANHÁ-LO até a emergência. O que acredito é que ele não sinta dor devido à insensibilidade causada pela diabetes. pelo menos não sofre.

Sem nada mais a fazer, volto ao mapa da área que estou fazendo.

Sua companheira na incredulidade (pois com raiva não dá pra ficar),

Juliane X
Programa de Saúde da Família: uma vocação


sabe, comecei a escrever diariamente desde que comecei neste novo posto e estou me dando conta que é uma leitura interessante. Eu não me obrigaria a escrever diariamente se fosse apenas um diário. Como tenho que dar notícias, o registro diário de atividades tornou-se uma tarefa de avaliação das ações no PSF.

Como ontem fiz o reconhecimento a área próxima ao posto, hoje fui para a área mais distante, de diferença gritante com a outra.
Favelas, casas de taipa, barro, muito barro. "Ruas" que são verdadeiros atoleiros. Não há muros, nem calçamento,nem rede elétrica, de água ou esgoto. Isso não me assustou. Conheço as condições, cresci vendo-as em minhas férias escolares, visitando meus parentes. O que assustou foi ver como estou fora de forma.
fui caminhando para o posto, um quilômetro, sei sequer cansar. As coisas mudaram quando peguei a bicicleta de um dos três agentes que saíram comigo. havia uns seis ou sete anos que eu não andava de bicicleta. dizem que a gente nunca esquece. Mas também não esquece que ERA mais magra, NÃO TINHA uma labirintite e está destreinada.
Bom, eu não andei nem um quilômetro e estava morta de cansaço. E a cada vez que freava perdia o equilíbrio. Acabei de carona na bicicleta do agente, senão não chegaríamos lá em tempo.
Uma vez que a área é mais distante, íamos fazer o reconhecimento da área (mapear, identificar locaís críticos, focos de endemias) e aproveitar para ver quatro ou cinco pacientes que não tinham condições de chegar ao posto.

Na primeira casa, de taipa, na Favela da Fumaça, havia uma senhora diabética, hipertensa e com feridas nas pernas havia meses. Quase não enxerga, devido à diabetes, mas perfeitamente consciente. Moram ela a filha e os netos num cômodo de paredes de taipa e chão batido. Tudo varrido, sem sujeira, a rede da doente limpa embora velha e desbotada. As próprias lesões estavam limpas, com remédio. A medicação da pressão já havia sido tomada pela manhã. ela sabia onde estava guardada. Não tomava remédio pra diabetes porque tinha que fazer um exame pra saber a taxa de glicose no sangue, solicitado pela médica anterior.

A tecnologia ajuda. A verdadeira tecnologia não é complicada e nem exige profundo conhecimento do usuário. A balança da Pastoral da criança é um bom exemplo. parece aquela balança que o vendedor de peixe, frutas, verduras, usa na mão. A diferença é que usa-se um viga do telhado pra apoiar a balança e coloca-se o menino num saco de pano. Barato e eficiente. Imagine uma balança de coluna. Não chegaria jamais em todos os lugares.

A tecnologia me ajudou hoje. Existe uma máquina , menor que a de calcular, que mede a glicose do sangue. Vc coloca uma fita na fenda, fura o dedo do paciente e pinga na fita. Em um minuto sai o resultado. É uma máquina cara, uns trezentos reais, mas sai mais barata que o município providenciar um transporte para a coleta do sangue e gastar com uma máquina ainda mais cara para fazer a mesma dosagem. Nos EUA os pacientes têm cada qual sua máquina e usam diariamente, poruqe sai mais barato que ser internado com complicações do diabetes. Usei a máquina e imediatamente soube que o açúcar estava alto demais, do mesmo modo que soube que a pressão estava alta (mesmo com a medicação) usando o tensiômetro. Isso permitiu escolher na hora o tratamento, ajustar doses, orientar o curativo (que demora a cicatrizar devido à diabetes descontrolada). permitiu a certeza que a família, embora paupérrima ( a outra filha é pedinte e vende parte da comida que ganha pra comprar os remédios da mãe), tem muito cuidado com aquela senhora. Ela poderá ter, ao menos, a medicação de graça porque registramos a quantidade necessária de medicações para TODOS os hipertensos e diabéticos daquela área.

Quase vizinha mora outra fam´lia, que está muito bem, obrigada. Mas estão preocupados. Na casa-quarto-cozinha, a filha da casa teve que ser operada há três anos e não pode ter filhos. Aqueles que não têm repartiram o pouco que havia e adotaram um recém-nascido há dois meses. A preocupação é que esta semana a mãe adotiva descobriu que TEM LEITE. Não tomou remédio, não fez tratamento. todos temiam que o leite fizesse mal à criança. Pudemos explicar então que assim como o leite seca se a mãe se angustia ou se estressa, ele "descerá" em casos de intenso estímulo maternal, ainda que não haja gravidez. Já vi isso antes. Aproveitamos para ensinar a técnica correta , estimular o aleitamento exclusivo, blá,blá,blá. Sem falar na economia.

Uma vez que um agente viu o risco que corria a primeira senhora, pediu que parássemos em outra casa para vermos outro diabético, também com feridas na perna. Que diferença! A casa também de taipa e chão nu, estava cheia de lixo e moscas. a rede do doente, imunda. Um trapo ainda mais sujo cobria o pé ferido. O doente estava só, a esposa saíra. Não usava qualquer medicação além "de uns chá de mato" que não soube identificar. O cheiro era tão pútrido que apenas eu permaneci para examinar. estava diante do pior "pé diabético" que já vi e provavelmente não verei outro pior. A indicação cirúrgica era imediata, além do controle da glicemia que estava em 443 mg/dl.

Investigando com os vizinhos, soube que ele sofre maus tratos da esposa, que o agente de saúde havia oferecido uma ambulância para remoção há 15 dias, que foi veementemente recusada. não me sairia muito melhor não fosse a "inverdade" de dizer-lhe que queria apenas que ele fizesse um curativo na urgência e medicação para controlar a glicemia. "Eu venho mas volto ainda hoje", "O senhor vem mas volta, claro". Não disse que não seria hoje, não disse que não voltaria inteiro, não sei se voltará vivo.

Retornamos ao posto, solicitamos um carro, retornamos Apenas para encontrar a tal criatura, a esposa dele, que disse que não internasse que ela não iria lá, nem tinha família pra ficar com ele, nem como pagar um transporte de volta. "Ele vai, é examinado pelo médico do plantão, é medicado, faz um curativo e volta" (não disse que seria hoje).

Quis o destino que a médica plantonista fosse endocrinologista. Provavelmente se interessará pelo caso. Saberemos amanhã já que o hospital é da nossa área, e é a referência para casos graves.

O cheiro ainda está comigo apesar de dois banhos e perfume. Apesar do bolo e refrigerante oferecidos na despedida da médica que substituo. Apesar do suor da caminhada de ida e volta do posto para casa.

Quis Deus que eu fosse, de qualquer jeito, cansada, esbaforida, com cólicas de ovulação, até àquele homem. Deus me deu coragem,e paciência, para enfrentar aquela mulher que não se importa de se viverá ou não. Que me chamou de "mulher" com o dedo em riste, ao que eu pedi, firmemente, que me tratasse de "doutora" devido à minha pouca idade. As testemunhas que tive foram várias, principalmente porque os vizinhos todos vieram ver "aquilo", que já foi um pé.

Vamos rezar. Por mim e por ele.

quinta-feira, janeiro 15, 2004

Atualizações diárias


Ado, preciso estudar e terminar a revisão da fic de Vicky. Vou tentar escrever mais, à noite, se o sono deixar.

Hoje andei quilômetros, amanhã vou pedalar mais muitos Km. A área é bem mais extensa que a de Redenção. Há muitas fábricas, muitos bares e prostíbulos, mas não é "barra-pesada" como em Jaboatão. É grande mas é plano.
A área de amanhã é mais carente e tem muito barro, além de ser mais longe. Vou pegar uma bicicleta emprestada até comprar uma. A gerente disse que posso requisitar o veículo da Secretaria tb.

Na área ficam o Hospital de grande porte que lhe falei, e o Hemocentro, onde papai trabalha à tarde, após vir da zona rural, e antes do consultório.

A fome voltou esta semana. Pra piorar a mãe de Lourdinha fez "espécie", um doce de gergelim que eu não comia há uns vinte anos, com rapadura e muito cravo-da-ídia pra ficar ardido. Amanhã tem uma festa de despedida da outra médica, que vai fazer residência em Recife. Mais comida.
Tentei ir andando para o posto, mas papai quis me levar. Voltei de carona com o marido da auxiliar, que é taxista e conhece papai. Ia voltar andando após o almoço, mas Lourdinha quis me levar. É verdade que choveu a cântaros pela manhã, enquanto eu estava reconhecendo a área (Como não sou de açúcar, continuei assim mesmo, de sombrinha) e parecia que ia chover mais. Mas consegui voltar andando pra casa! É perto como a distância da reitoria pra casa.

Há uma grande mistura entre as duas equipes. A população não faz diferença entre elas porque, no início, as áreas eram apenas uma, com um médico. Quando dividiram a área, parte da população queria continuar com o mesmo médico, não queria trocar. Não há sequer outro nome para diferenciar as equipes.

Há muito o que fazer. Mapear a área, fazer o diagnóstico de área, esperar pelo número dos prontuários (que ainda estão sendo cadastrados na Secretaria), organizar as microáreas por cores, etc. Não sabemos quando a reforma acaba. Calculamos que no final do mês ("Duas semanas", foi o que disse o pedreiro em 'Um dia a casa cai', com Tom Hanks).

Tenho que me lembrar que não posso moldar tudo como quero, pois ainda que pretenda ficar vários meses, talvez até Novembro, é temporário. E nunca se sabe. Eu posso precisar voltar pra cá. Não posso sujar meu nome ( e o de papai).

Quero acreditar que estarei com vc em dez dias. Não consigo estudar, me concentrar. Só penso em comida. Penso em mamãe, imagino se está bem.

Falei com Carmem hoje, que disse que me liga de volta ainda hoje. espero que haja algum dinheiro. Sei que as contas estão vencendo mas não posso fazer nada. Inclusive, o 1o salário pode só sair junto com o do outro mês.

Com isso tudo, vou levando a vida enquanto a vida não me leva. Seu sorriso está comigo.
Amo você,
Juliane.

terça-feira, janeiro 13, 2004

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