quarta-feira, dezembro 29, 2004

Dia da vingança

Apesar dos protestos de Eduardo estou postando isso porque é artigo de primeiríssima necessidade para dias de TPM. No meu caso, gentilmente, explico para a pessoa que não vou comprar nada e que é melhor que ela invista o tempo na ligação seguinte onde ela pode conseguir alguma coisa. Afinal, meu namorido trabalhava com call center, né?

Como irritar um operador de telemarketing
Depois de estudar atentamente os manuais de telemarketing (é sério), bolamos estratégias infalíveis (e cruéis) para você se livrar da praga. Experimente sem dó
por Bruno Torturra Nogueira


1. Imite alguém famoso

Uma das primeiras perguntas dos serviços de telemarketing é: “Com quem estou falando?”. Responda na hora: “Silvio Santos, rarái!”. Ou imite alguém famoso de sua preferência e tente levar a conversa normalmente. Ele vai ficar confuso e desligar. Funciona sempre.

2. Finja-se de gago

Se um atendente perde muito tempo com um cliente, é tido como improdutivo e corre o risco de perder o emprego. Use isso a seu favor. Logo na primeira resposta, dê início a uma gagueira insuportável, daquelas em que se leva mais de um minuto para terminar um simples “obrigado”. Em dois tempos o atendente desliga.

3. Jogue com as armas dele/dela

Assim que o operador se apresentar, emende: “Desculpe interrompê-lo, mas não posso falar agora. Por que você não me deixa o telefone da sua casa que eu ligo mais tarde, depois das dez da noite?”. O telemarketeiro fatalmente dirá que não pode fazer isso e nessa hora você inicia um discurso sobre as inconveniências de ser importunado no sossego do lar. Tenha certeza de que ele/ela desligará antes de você.

4. Chá de cadeira

Diga na primeira oportunidade: “Espere um minutinho, sim?”. Deixe o telefone de lado e aproveite para fazer um chá, lavar louça. De minuto em minuto, convém voltar ao gancho e dizer: “Só mais um minutinho, tá oquêi?”.

5. Finja-se de surdo

Qualquer coisa que lhe for dita ao telefone responda com um sonoro: “O quê?!”, ou “Como?!”, ou “Não escutei...”. Nunca responda outra coisa. Um dos mais eficazes métodos.

6. Responder tudo na língua do pê

Nenhum manual de telemarketing diz o que fazer quando o cliente só se comunica na língua do pê. Nossos interlocutores desistem já na segunda frase do diálogo.
Trilha sonora das férias: Anastacia

Apresentada a esta voz maravilhosa, gamei. E esta é a música oficial da semana, não liguem para a mensagem, apenas dancem!


I'm Outta Love

by Anastacia

Oooooooha, oh woah
Yeah yeah yeah yeah
Oh yeah, aha

Now baby come on,
Don't claim that love you never let me feel
I should have known
'Cause you've brought nothing real
Come on be a man about it
You won't die
I ain't got no more tears to cry
And I can't take this no more
You know I gotta let it go
And you know

I'm outta love
Set me free
And let me out this misery
Just show me the way to get my life again
'Cause you can't handle me
(I said) I'm outta love
Can't you see
Baby that you gotta set me free
I'm outta love

Yeah

Said how many times
Have I tried to turn this love around?
But every time
you just let me down
Come on be a man about it
you'll survive
True that you can work it out all right
Tell me, yesterday
Did you know?
I'd be the one to let you go?
And you know

I'm outta love
Set me free
(Set me free, yeah)
And let me out this misery
(Oh let me out this misery)
Just show me the way to get my life again
You can't handle me
(I said) I'm outta love
(I'm outta love) Can't you see
Baby that you gotta set me free
I'm outta

Let me get over you
The way you've gotten over me too, yeah
Seems like my time has come
And now I'm moving on
I'll be stronger

I'm outta love
Set me free (Set me free)
And let me out this misery
(Yeah, yeah)
Show me the way to get my life again
(Show me the way, my life again)
You can't handle me (No no, no no)
(I said) I'm outta love (I'm outta love)
Set me free (Set me free)
And let me out this misery
(Yeah, yeah, yeah, yeah)
Show me the way to get my life again
You can't handle me
(I said) I'm outta love
Can't you see (Can't you see)
Baby that you gotta set me free
I'm outta love
Yeah yeah yeah yeah

I'm outta love
Set me free (No no no no no no)
And let me out this misery
Just show me the way to get my life again
You can't handle me
(No no nobody)
(I said) I'm outta love
(Oh yeah, oh yeah)
Set me free
And let me out this misery
Acerca das coisas boas
Se você tivesse que atualizar alguéma alheio a cinema em três dias, o que escolheria? Por ironia da vida, as minhas melhores amigas são desligadas da programação de cinema, assim como eu sou de bandas de música :). Uma vez por ano a gente se encontra, fisicamente falando, e atualiza as respectivas deficiências. isso nos poupa um tempo e energia imensos, afinal cada uma recebe a seleção do melhor de acordo com o seu gosto, com risco mínimo do produto não corresponder às expectativas.
Mais ou menos um mês antes, eu e Eduardo começamos uma lista dos melhores filmes do ano. "Já assistiu este?", "E aquele?", fazem parte dos telefonemas, e-mails e mensagens que trocamos, enquanto as exclamações de horror e espanto vão crescendo aos invariáveis "nãos". Enfim, estamos na casa delas. Neste ano, alugamos "Erin Brockovich, uma mulher de talento", "Chicago", "O closet", "Vida bandida", assistimos "Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban". "Encontrando Forrester" voltou por falta de tempo. Claro que arrastamos Geórgia para ver "Bridget Jones no limite da razão". Estou rezando que dê tempo pra rever "Simplesmente amor" porque ela vai adorar a trilha sonora.
Bons amigos são para isso. Partilhamos muitos momentos difíceis em vinte e cinco anos, mas de vez em quando é bom receber a versão revista e editada do que não deu pra curtir ao vivo.

Falando em reunir o melhor, a gente passa o ano juntando coisas legais. "Isso é a cara de Doda", "Doda tem que ver isso". Doda é o apelido de infância de geórgia. Acaba que vai um estoque de imagens, links e toda sorte de inutilidades que fazem a vida mais brilhante por causa do sorriso de Geórgia e do olhar de Kati. São dias mágicos, para conhecer os novos lugares que a cidade oferece, visitar o que já é tradição, provar a novidade culinária que alguém da família descobriu (a desse ano está entre um café tipo exportação e um feijão ao creme de leite, prepare-se Vicky). Sentar na cozinha da casa de praia pra cozinhar enquanto se canta e dança porque há espaço para tal sem o risco de quaisquer acidentes, exceto crises de risos. Comer, ler e cochilar na rede de quando em quando. Apreciar a vista, o mar, olhar as estrelas.
Lembrar que só dura uma semana. Que só tem ano que vem.

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban
Acabo de assistir aos extras do DVD. Parabéns aos produtores! Mostraram uma delicadeza e atenção para com os espectadores brasileiros rara, muito rara. Tudo em português, dublado ou com legendas. Sem falar na riqueza dos extras em si. Há para todas as idades:são poucas as cenas excluídas, no entanto, há jogos, entrevistas, detalhes da produção, da construção dos cenários, da animação, a participação da autora, maquiagem, etc. Aproveitaram aquele trabalhão que tiveram para o filme e usaram para mais alguma coisa. Boa diversão pra passar a tarde. Acabei nem revendo o filme...
Parabéns para a agente Fernanda



Soneto de aniversário

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida
Dimunuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece…
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.

Vinicius de Moraes

domingo, dezembro 26, 2004

26.12.04
Dia de Natal diferente. Passamos o dia na casa de praia, em Santa Rita. Lendo, comendo e jogando "Detetive". Terminei "A rainha estrangulada", presente da agente Vicky para mim e o agente Eduardo. Dele, ganhei a retrospectiva do JN, claro! Geórgia me deu "Banquete com os deuses", de Veríssimo. Devem duram umas duas semanas, se eu usar de parcimônia.
Ainda deu tempo de mandar mensagens de Natal pra equipe do JN e do Jornal da Globo. Afinal, eu digo "boa noite" pra esse povo o ano inteiro, né? São da família.
Hoje foi dia de "Erin Brockovich" e "Vida bandida". Ruivas, ruivas. E amanhã é aniversário da agente Fernanda!
Deixa eu ir lavar roupa.

sexta-feira, dezembro 24, 2004

24.12.04
Relatório de Natal
Estamos na cidade de Natal, eu e o agente Eduardo, meu namorido, com minha segunda família, pra comemorar o Natal. As atividades do dia incluíram uma ida ao Bompreço (e quem me conhece sabe que isso é uma exceção pois eu de-tes-to lugar cheio de gente, ainda mais hoje) e uma super faxina de Natal no quarto de Doda, minha amiga do peito. As missões do dia incluíram a compra de alguns presentes secretos, a embalagem de outros (tem coisa mais a cara do Natal que embrulhar presente?), mandar mensagens e ligar pra os amigos. Agora esperamos meia-noite pra ganhar presentes. Quer dizer, já recebemos um: vamos ganhar mais um sobrinho em um mês! Minha cunhada está adotando outro filho. Definitivamente fiquei pra titia e isso é ótimo.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

20.12.04
Voltar de um plantão miserável e encontrar o apartamento meio pintado (a tinta acabou) e mal-pintado! É certo que a intenção foi ótima, mas da próxima vez deixa que eu termino o serviço que comecei, certo?
Foi o nosso presente de aniversário (atrasado) da turma que joga RPG com Eduardo. Demoraram tanto que eu comecei o serviço. Pois o mané do meu namorido pintou os cômodos que já estavam pintados (e mal) e acabou com a tinta antes de terminar o serviço. Maravilha.
Plantão no interior de Pernambuco, para um colega fazer o concurso do Estado. Tão longe que tenho que dormir no meio do caminho, em Caruaru. Descubro que dos três médicos, um está fazendo prova também e só vem mais tarde. E está acontecendo uma prova de motocross na cidade. Desastre anunciado. Desastres. 14 grandes desastres em 15 horas. E faltando água no hospital até pra lavar as mãos.
Como sobremesa, além de um médico a menos, ficamos sem enfermeira-chefe e sem dois dos três auxiliares de enfermagem da emergência. Faltaram sem explicação. Por que desgraça nunca vem só? Perdi a conta das suturas do dia. E no domingo o serviço de Pediatria da cidade não funciona, é tudo conosco.
E hoje, às 9 da manhã, o colega me liga perguntando se eu não queria voltar pro plantão da noite... Não, obrigada. Hoje era meu dia de lavadeira e de pagar pecados, porque fazer compras de natal nessa época é pra pagar promessa impossível.

Para: A cristã que jogou pedra na cruz e colou chiclete na mesa da Santa Ceia

? (Receite-se)

A executar após mais de trinta horas fora de casa, 24 das quais trabalhando, uma pilha de roupa lavada, inúmeras tentativas de cochilo interrompidas e minha eterna má vontade pra fazer qualquer tipo de compra, em qualquer circunstância.

1) Ônibus para o Shopping
Que deveria sair às 18 horas e 46 minutos do terminal segundo o fiscal, mas atrasou devido ao trânsito, depois porque o motorista foi tomar café, beber água, etc.

2)Roupas na Riachuelo
Loja lotada, números faltando e a luta por uma peça sem estampa. Provar. Descartar metade. Procurar lingerie e um pijama. Provar três. Escolher um. Reservar.

3)Presentes que faltam
Coincidência ou não, todos os presentes esse ano foram de livrarias. Eu não suportaria outro tipo de loja cheia pra escolher presentes.

4)Loja de importados
Pra esperar o namorido (que estava na confraternização do trabalho) e comprar incenso, pra não surtar.

5)Comer
Pra comemorar a manutenção de peso e não desmaiar de fome.

6)Voltar na Riachuelo com Ado
Escolher a roupa dele, pagar as compras e voltar correndo pra casa. Só voltar no ano que vem.

De volta, no ônibus, um casal muito civilizado tomou educadamente sua lata de cerveja e, ao levantar-se para descer, cada qual jogou, muito tranqüilamente, sua latinha pela janela (!). Numa BR onde passam automóveis em alta velocidade! Sem falar na poluição, no fato das latinhas serem recicláveis. Às vezes acho que Vicky tem razão: nosso povo ainda tem muito a se educar...


Pra completar o Yahoo! Não consegue acessar a rede. Vou postar isso quando puder.

sábado, dezembro 18, 2004

Do www.homemchavao.com

Os lugares-comuns sobre os chatos

Enviado por M. Ribeiro N.

1. Chato é um sujeito que quer ficar mais tempo com você do que você com ele

2. Como ser chato não se aprende, se nasce

3. A teimosia é a força de vontade do chato

4. Existem várias maneiras de ser chato, mas o chato escolhe sempre a pior

5. Um chato nunca perde o seu tempo, perde sempre o dos outros

6. Quando está com tosse, o chato, em vez de ir ao médico, vai ao teatro

7. Quando o chato chega em casa, a família dele finge que está dormindo

8. Chato é o indivíduo que diz pra você do outro lado da rua: "Ei, vem cá!", quando a distância é absolutamente a mesma

9. Chato é o sujeito que vai com você pela rua e para de dois em dois metros porque não consegue conversar andando

10. Chato é aquele cara que só fuma pra filar cigarro dos outros

11. Chato é uma pessoa que, quando você pergunta "como tem passado?", ele conta

12. Chato só não ronca quando dorme sozinho

Bonus track "verdade nua e crua"

Alguém sempre é o chato de alguém




Resoluções de fim de ano
É bom fazer um balanço do ano, revisar as resoluções do início do ano. Você nunca cumpre a lista inteira, mas algumas coisinhas são imprescindíveis:
- Riachuelo, C&A,HIPERCARD, CREDCARD: quitados (amém!)
- A VARANDA ESTÁ CHEIA DE FLORES (Quem disse que eu não tenho mão pra planta?)
- dois puffs na sala, outro baú de revistas, mais uma estante, pintamos o apartamento, reorganizamos o escritório (praticando as lições da Escola Doméstica)
-iniciamos coleta seletiva de lixo (Globo Repórter dando frutos)
-reiniciei o estudo de inglês. (ESTOU TRADUZINDO!)
-ASSOCIAÇÃO E PARTICIPAÇÃO NO ORKUT. (Vc conhece a Comunidade Ju e Du?)
-UM BLOG EM CONSTRUÇÃO (e ativo)
-perdi 8 Kg ( e mais irão...)
-comecei a pintar ( e o presépio daqui de casa fui eu que fiz!)
Emprego novo
Plantão em Surubim, a duas horas de recife, ônibus bem pertinho de casa, às 6:30 da manhã. A partir de janeiro vai ser no sábado, vamos torcer pra trocar pro meio da semana, Aí é sopa no mel (ainda se fala assim?). Coisa boa é voltar a trabalhar!
Visita ao Templo da Perdição, como Vicky chama a Livraria Cultura, para encomendar o presente do meu namorido (ele comprou o meu, claro que é alguma coisa sobre jornalismo) e ganharmos nosso presente de Natal de Vicky Vaporub Biotônico Fontoura (patente de Fernanda): o segundo volume de “Os reis malditos”. O primeiro foi nosso presente de aniversário, uma escolha de mestre. Problema é retribuir à altura...
Na verdade, fomos tomar chocolate quente no Paço Alfândega e comemorar uma vitória: a quitação de nossas dívidas. Graças a uma combinação de fatores, que envolveu o não cumprimento de acordos contratuais das prefeituras onde trabalhei, o fato da empresa onde Eduardo trabalhava ter fechado (e ele permanecer quase um ano desempregado), mais minha mãe desempregada e doente, e um carro tão problemático que acabou roubado, eu, que sempre fui superorganizada com dinheiro, por mais dura que estivesse, afundei em dívidas. Ou melhor, afundamos, porque quem tinha todos os cartões de lojas e supermercados era ele. E graças aos cartões pudemos administrar esse período. Entramos e saímos do SPC várias vezes esse ano, mas hoje, graças a Deus, quitamos a última grande fatura! Sobrou uma conta grande, minha, que está negociada e o nome de Eduardo está limpíssimo. Valeu esse ano maluco, os empregos nas cidades mais distantes onde encontrei emprego, as semanas, meses e dias distante do meu querido, meus amigos e minha casa. Valeram os plantões, as viagens de doze horas a cada quinze dias por quatro meses, quisera ter agüentado mais tempo, mas deu pra cumprir o planejado.
Gostaria de agradecer a muita gente, mas principalmente a Marta, mãe de Fernanda. Foi ela, há mais de um ano, quem sentou conosco e nos orientou por onde começar, justamente quando a situação estava desesperadora, com as contas do conserto do carro (roubado no dia seguinte a dois meses na oficina) nos cartões de crédito que eu nunca havia usado, com a Unimed atrasando tanto os pagamentos na clínica que eu trabalhava que o serviço fechou, e eu sem conseguir dormir.
Nesse ano, meu pai, apesar de nossas diferenças, e a esposa dele, foram as pessoas que me receberam, e me deram toda a ajuda possível, até que a situação melhorou e pude voltar pra Pernambuco. Diga-se, de passagem, que a prefeitura de Mossoró-RN, foi a única até hoje, que pagou TUDO que o contrato acordava. Pensei que era brincadeira de papai quando ele ligou há uns dez dias e disse que tinha um dinheiro da prefeitura pra mim. Gente decente, o serviço público ainda tem salvação...

terça-feira, dezembro 14, 2004

Ressaca


Eu nunca tive uma, mas imagino pelas crises de labirintite e enxaqueca que tenho que deva ser algo entre isso e o inferno. E Eduardo achou essa crônica, da qual vivia falando há uns dois anos, que define, provavelmente, o que a imagem não consegue.

Ressaca
Luís Fernando Veríssimo
Hoje, existem pílulas milagrosas, mas eu ainda sou do tempo das grandes ressacas. As bebedeiras de antigamente eram mais dignas, porque você as tomava sabendo que no dia seguinte estaria no inferno. Além de saúde era preciso coragem. As novas gerações não conhecem ressaca, o que talvez explique a falência dos velhos valores. A ressaca era a prova de que a retribuição divina existe e que nenhum prazer ficará sem castigo.
Cada porre era um desafio ao céu e às suas feras. E elas vinham: Náusea, Azia, Dor de Cabeça, Dúvidas Existenciais - golfadas. Hoje, as bebedeiras não têm a mesma grandeza. São inconseqüentes, literalmente. Não é que eu fosse um bêbado, mas me lembro de todos os sábados de minha adolescência como uma luta desigual entre a cuba-libre e o meu instinto de autopreservação. A cuba-libre ganhava sempre. Já dos domingos me lembro de muito pouco, salvo a tontura e o desejo de morte.
Jurava que nunca mais ia beber, mas, antes dos trinta, "nunca mais" dura pouco. Ou então o próximo sábado custava tanto a chegar que parecia mesmo uma eternidade. Não sei o que a cuba-libre fez com meu organismo, mas até hoje quando vejo uma garrafa de rum os dedos do meu pé encolhem.
Tentava-se de tudo para evitar a ressaca. Eu preferia um Alka-Seltzer e duas aspirinas antes de dormir. Mas no estado em que chegava nem sempre conseguia completar a operação. Às vezes dissolvia as aspirinas num copo de água, engolia o Alka-Seltzer e ia borbulhando para a cama, quando encontrava a cama. Mas os métodos variavam.
Por exemplo:
Um cálice de azeite antes de começar a beber - O estomago se revoltava, você ficava doente e desistia de beber.
Tomar um copo de água entre cada copo de bebida - O difícil era manter a regularidade. A certa altura, você começava a misturar a água com a bebida, e em proporções cada vez menores. Depois, passava a pedir um copo de outra bebida entre cada copo de bebida.
Suco de tomate, limão, molho inglês, sal e pimenta - Para ser tomado no dia seguinte, de jejum. Adicionando vodca ficava um bloody-mary, mas isto era para mais tarde um pouco.
Sumo de uma batata, sementes de girassol e folhas de gelatina verde dissolvidas em querosene - Misturava-se tudo num prato pirex forrado com velhos cartões do sabonete Eucalol. Embebia-se um algodão na testa e deitava-se com os pés da ilha de Páscoa. Ficava-se imóvel durante três dias, no fim dos quais o tempo já teria curado a ressaca de qualquer maneira.
Uma cerveja bem gelada na hora de acordar - Por alguma razão o método mais popular.
Canja - Acreditava-se que uma boa canja de galinha de madrugada resolveria qualquer problema. Era preciso especificar que a canja era para tomar. No entanto, muitos mergulhavam o rosto no prato e tinham de ser socorridos às pressas antes do afogamento.
Minha experiência maior era com a cuba-libre, mas conheço outros tipos de ressaca, pelo menos de ouvir falar. Você sabia que o uísque escocês que tomara na noite anterior era paraguaio quando acordava se sentindo como uma harpa guarani. Quando a bebedeira com uísque falsificado era muito grande, você acordava se sentindo como uma harpa guarani e no depósito de instrumentos da boate Catito's em Assunção.
A pior ressaca era de gim.
Na manhã seguinte, você não conseguia abrir os dois olhos ao mesmo tempo. Abria um e quando abria o outro, o primeiro se fechava. Ficava com o ouvido tão aguçado que ouvia até os sinos da catedral de São Pedro, em Roma.
Ressaca de martini doce: você ia se levantar da cama e escorria para o chão como óleo. Pior é que você chamava a sua mãe, ela entrava correndo no quarto, escorregava em você e deslocava a bacia.
Ressaca de vinho. Pior era a sede. Você se arrastava até a cozinha, tentava alcançar a garrafa de água e puxava todo o conteúdo da geladeira em cima de você. Era descoberto na manhã seguinte imobilizado por hortigranjeiros e laticínios e mastigando um chuchu para alcançar a umidade. Era deserdado na hora.
Ressaca de cachaça. Você acordava sem saber como, de pé num canto do quarto. Levava meia hora para chegar até a cama porque se esquecera como se caminhava: era pé ante pé ou mão ante mão? Quando conseguia se deitar, tinha a sensação que deixara as duas orelhas e uma clavícula no canto.
Olhava para cima e via que aquela mancha com uma forma vagamente humana no teto finalmente se definira. Era o Peter Pan e estava piscando para você.
Ressaca de licor de ovos. Um dos poucos casos em que a lei brasileira permite a eutanásia.
Ressaca de conhaque. Você acordava lúcido. Tinha, de repente, resposta para todos os enigmas do universo. A chave de tudo estava no seu cérebro. Devia ser por isso que aqueles homenzinhos estavam tentando arrombar a sua caixa craniana. Você sabia que era alucinação, mas por via das dúvidas, quando ouvia falar em dinamite, saltava da cama ligeiro.
Hoje não existe mais isto. As pessoas bebem, bebem e não acontece nada. No dia seguinte estão saudáveis, bem-dispostas e fazem até piadas a respeito.
De vez em quando alguns dos nossos se encontram e se saúdam em silêncio. Somos como veteranos de velhas guerras lembrando os companheiros caídos e o nosso heroísmo anônimo.
Estivemos no inferno e voltamos, inteiros.
Um brinde.
E um Engov.


domingo, dezembro 12, 2004

Batman Begins
Eu adoro O Cavaleiro das trevas, mas detesto as adaptações do cinema! Eles deturpam completamente a luta de um homem contra um trauma de infância. Nem pretendia ouvir falar em mais uma, mas o cartaz não é lindo?


sábado, dezembro 11, 2004

Sobre Bridget Jones no limite da razão

Assistido em 05/12/04 com Vicky, Fernanda e Ado, em meio a gargalhadas e sorrisos, e uma torcida danada por um final feliz.

Fazer continuações é uma arte, geralmente um crime. Em ‘Bridget Jones, no limite da razão’ conseguiram algo muito raro: fazer uma continuação à altura. Não um filme ainda melhor que o primeiro, ou uma história completamente nova com antigos personagens como isca pra atrair o público. Não. Continuaram a história, como um capítulo seguinte. Se você sorriu ao pensar em Darcy e fez careta à lembrança de Daniel, então eles são velhos conhecidos, e o primeiro filme lhe acompanhou além da sala onde o viu pela primeira vez.
Não sei pq você assistiu “O diário de Bridget Jones”, provalvelmente foi ver o Hugh Grant porque não tinha idéia de quem era aquela moça loura e gordinha, não sabia que ela era australiana e havia engordado especialmente pro papel. Se for alguém na média, não conhecia quaisquer dos outros atores. Talvez você tenha se apaixonado por Bridget naquela primeira cena, quando percebeu que não era a única pessoa solteira no mundo que podia passar a entrada de ano-novo sozinha ao som de "All by myself", talvez tenha sido a trilha sonora (maravilhosa), talvez tenha sido a história.
Se você estava sem ninguém no primeiro filme, saiu vendo a luz no fim do túnel ao final da sessão (e não era a placa que dizia 'saída’), principalmente se saíra de um mau relacionamento ou vivia brigando com a balança, o cigarro ou a bebida, ou seus pais e seu emprego, ou tudo junto. De qualquer modo, digamos que você tenha conseguido não assistir o filme mais de uma vez, tenha apagado de sua memória os esforços de uma mulher mais que comum que tentava ser feliz segundo o que a sociedade determinava. Tudo bem. Vá assistir “No limite da razão’ sem compromisso, só pelo prazer garantido de uma boa diversão.
Sugiro que neste caso dê um pulo na locadora e assista novamente “O Diário de Bridget Jones”. Eis o porquê: as referências ao primeiro filme estão por toda a parte e perder-se-ia muito assistindo um sem o outro, embora faça sentido. Sem falar que dá pra comprovar que a estrela subiu, sim, mas já era muito boa antes, só ficou mais famosa e foi merecidamente indicada ao Oscar. Não vá pelo Hugh Grant. Vá para ver Londres, se você gosta de admirar aquelas casinhas, as pontes, a chuva. Vá pelo prazer de ver a boa continuação de um filme descompromissado, que acabou transformando uma mulher solteirona, atrapalhada, não muito feliz nos comentários, acima dos trinta e do peso, em alguém a ser admirada ou pelo menos fazer muitas mulheres pensarem ‘não sou só eu’.
E que vivam nós, os imperfeitos!
Saudades, saudades. Resolvi usar o espaço pra me comunicar com o mundo enquanto não crio meu blog (cansei de www.ajunãotemblog.com).
Pra quem é da turma, tem uma comunidade no Orkut "Turma de Ju & Du", mas continuo precisando de mais, portanto, prepare-se mundo.