sábado, fevereiro 19, 2005

Dia 17.02.05

Acordei com Ado telefonando. Ele veio me trazer mais roupas e ficou um pouquinho comigo. Ele estava com uma cara horrível, também não dormiu direito nesses dias. Dormindo estava eu, não lembro de nada que ele conversou.
Foi um dia bem mais tranquilo, metade do movimento do dia anterior. Alguns retornos de pacientes particulares de roberto. Ainda bem que a letra dele é boa e os registros são acurados. Na maioria da vezes, quando eu pego uma ficha de um paciente que não é meu, é uma luta pra decifrar a letra e o raciocício do outro médico. Geralmente não se anota a hipótese diagnóstica. Entendo que não se anote muito, como se vê num hospital universitário, mas se se anota o essencial, dá pra prosseguir com o caso. Estou acostumada a pedir que o paciente conte novamente a história, a queixa, pra só então perguntar como está agora, se a medicação funcionou, etc. Como Roberto não vai voltar, se der tudo certo, vou ficar com esses pacientes.
Fui rendida antes das seis horas. Eu havia pedido apenas pro colega não se atrasar. Eis que me chega um amigão, que eu não via há uns seis anos. Demos nosso primeiro plantão voluntário juntos. Éramos de faculdades diferentes, mas do mesmo período. Nunca tivemos uma briga por causa das Universidades, nada de rivalidade. Quando o plantão acabou fomos perdendo contato. Eu não o reconheci. Está 30 quilos mais gordo, mas ele me reconheceu. Sabe aquela situação, “de onde eu conheço?”. A solução, pra mim, é ser sincera. “Desculpe, de onde eu lhe conheço?”. Ainda mais porque agora ele é conhecido pelo sobrenome (resquício do Exército) e eu sempre o chamei de Antônio. Se eu não estivesse tão cansada, teria ficado botando o papo em dia. Haverão muitas trocas de plantão, se Deus quiser.

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