Oscar
»Melhor Filme:
O Aviador
Em Busca da Terra do Nunca
Menina de Ouro
Ray
Sideways – Entre Umas e Outras
»Melhor Ator:
Don Cheadle (Hotel Rwanda)
Johnny Depp (Em Busca da Terra do Nunca)
Leonardo DiCaprio (O Aviador)
Clint Eastwood (Menina de Ouro)
Jamie Foxx (Ray)
»Melhor Ator Coadjuvante:
Alan Alda (O Aviador)
Thomas Haden Church (Sideways – Entre Umas e Outras)
Jamie Foxx (Colateral)
Morgan Freeman (Menina de Ouro)
Clive Owen (Closer - Perto Demais)
»Melhor Atriz:
Annette Bening (Being Julia)
Catalina Sandino Moreno (Maria Cheia de Graça)
Imelda Staunton (Vera Drake)
Hilary Swank (Menina de Ouro)
Kate Winslet (Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças)
»Melhor Atriz Coadjuvante:
Cate Blanchett (O Aviador)
Laura Linney (Kinsey)
Virginia Madsen (Sideways – Entre Umas e Outras)
Sophie Okonedo (Hotel Rwanda)
Natalie Portman (Closer - Perto Demais)
»Melhor Diretor:
Clint Eastwood (Menina de Ouro)
Taylor Hackford (Ray)
Mike Leigh (Vera Drake)
Alexander Payne (Sideways – Entre Umas e Outras)
Martin Scorsese (O Aviador)
»Melhor Animação:
Os Incríveis
O Espanta Tubarões
Shrek 2
»Melhor Direção de Arte:
O Aviador
Em Busca da Terra do Nunca
Desventuras em Série
O Fantasma da Ópera
Eterno Amor
»Melhor Fotografia:
O Aviador
O Clã das Adagas Voadoras
A Paixão de Cristo
O Fantasma da Ópera
Eterno Amor
»Melhor Figurino:
O Aviador
Em Busca da Terra do Nunca
Desventuras em Série
Ray
Tróia
»Melhor Edição:
O Aviador
Colateral
Em Busca da Terra do Nunca
Menina de Ouro
Ray
»Melhor Filme Estrangeiro:
A Voz do Coração (França)
Der Untergang (Alemanha) Downfall
Mar Adentro (Espanha)
Sa Som I Himmelen (Suécia) As It Is In Heaven
Yesterday (África do Sul)
»Melhor Maquiagem:
Desventuras em Série
A Paixão de Cristo
Mar Adentro
Melhor Edição de Som
Os Incríveis
O Expresso Polar
Homem-Aranha 2
»Melhor Trilha Sonora:
Em Busca da Terra do Nunca
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
Desventuras em Série
A Paixão de Cristo
A Vila
»Melhor Canção:
Learn To Be Lonely (O Fantasma da Ópera)
Believe (O Expresso Polar)
Accidentally In Love (Shrek 2)
Al Otro Lado Del Río (Diários de Motocicleta)
Look To Your Path (Vois Sur Ton Chemin) (A Voz do Coração)
»Melhor Som:
O Aviador
Os Incríveis
Ray
O Expresso Polar
Homem-Aranha 2
»Melhores Efeitos Sonoros:
Os Incríveis
O Expresso Polar
Homem-Aranha 2
»Melhores Efeitos Visuais:
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
Eu, Robô
Homem-Aranha 2
»Melhor Roteiro Original:
O Aviador
Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças
Hotel Rwanda
Os Incríveis
Vera Drake
»Melhor Roteiro Adaptado:
Antes do Pôr-do-Sol
Em Busca da Terra do Nunca
Menina de Ouro
Diários de Motocicleta
Sideways – Entre Umas e Outras
Melhor Curta de Animação
Birthday Boy
Gopher Broke
Guard Dog
Lorenzo
Ryan
Melhor Curta-Metragem
Everything In This Country Must
Little Terrorist
7:35 In The Morning
Two Cars, One Night
Wasp
Melhor Documentário – Curta-Metragem
Autism Is A World
The Children Of Leningradsky
Hardwood
Mighty Times: The Children`s March
Sister Rose`s Passion
Melhor Documentário
Born Into Brothels
Camelos Também Choram
Super Size Me – A Dieta do Palhaço
Tupac: Resurrection
Twist Of Faith
Distribuição das indicações:
O Aviador - 11
Em Busca da Terra do Nunca, Menina de Ouro - 7
Ray - 6
Sideways - 5
Desventuras em Série, Os Incríveis - 4
O Expresso Polar, O Fantasma da Ópera, Homem-Aranha 2, Hotel Rwanda, A
Paixão de Cristo, Vera Drake - 3
Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, Closer, Colateral, Diários de
Motocicleta, Eterno Amor, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, Mar
Adentro, Shrek 2, A Voz do Coração - 2
Antes do Pôr-do-Sol, As It in Heaven, Being Julia, Born Into Brothels,
Camelos Também Choram, O Clã das Adagas Voadoras, Downfall, O Espanta
Tubarões, Eu, Robô, Kinsey, Maria Cheia de Graça, Super Size Me, Tróia,
Tupac: Resurrection, Twist of Faith, A Vila, Yesterday –1
segunda-feira, fevereiro 28, 2005
domingo, fevereiro 27, 2005
Trilha sonora do dia
Corcovado
Tom Jobim
Um cantinho, um violão
Este amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê se o Corcovado
O Redentor, que lindo
Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente desse mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade, meu amor
Um cantinho, um violão
Este amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê se o Corcovado
O Redentor, que lindo
Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente desse mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade
O que é felicidade
O que é felicidade, meu amor
Corcovado
Tom Jobim
Um cantinho, um violão
Este amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê se o Corcovado
O Redentor, que lindo
Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente desse mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade, meu amor
Um cantinho, um violão
Este amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê se o Corcovado
O Redentor, que lindo
Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente desse mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade
O que é felicidade
O que é felicidade, meu amor
Saco!
Assistir o Oscar pela Globo tem suas vantagens: escapar dos comentários idiotas do Rubens Edwald Filho, o prazer de ouvir o Renato Machado e o meu querido Zé Wilker. As desvantagens são inúmeras: o desfile de estrelas já começou, esperar o Fantático acabar e descobrir que vai passar o Big Brother Brasil antes da cerimônia.
Uma das boas coisas do SBT era começar a transmissão bem cedo. O ruim era aguentar meses antes "a emissora que ganhou o Oscar". Parecia coisa de novo-rico deslumbrado.
Tem nada não. Eu ainda vou falar inglês fluentemente e ter uma TV por assinatura. Ainda vou conseguir.
Falando no Fantástico, o "Questão de Peso" do Dr Dráuzio está tão bom que ando com vontade de postar as reportagens. Merece um prêmio. Pena que eu continue engordando. Mais um quilo.
Assistir o Oscar pela Globo tem suas vantagens: escapar dos comentários idiotas do Rubens Edwald Filho, o prazer de ouvir o Renato Machado e o meu querido Zé Wilker. As desvantagens são inúmeras: o desfile de estrelas já começou, esperar o Fantático acabar e descobrir que vai passar o Big Brother Brasil antes da cerimônia.
Uma das boas coisas do SBT era começar a transmissão bem cedo. O ruim era aguentar meses antes "a emissora que ganhou o Oscar". Parecia coisa de novo-rico deslumbrado.
Tem nada não. Eu ainda vou falar inglês fluentemente e ter uma TV por assinatura. Ainda vou conseguir.
Falando no Fantástico, o "Questão de Peso" do Dr Dráuzio está tão bom que ando com vontade de postar as reportagens. Merece um prêmio. Pena que eu continue engordando. Mais um quilo.
Do Sensações de Sofia
Homens: adorem-nos!
14/10/2003
Por Ana Kessler
Estava cá pensando na minha solteirice, na solteirice das minha amigas, e na solteirice das amigas das amigas delas. Comparei com a reclamação de um amigo, que desabafou estar faltando mulher no mercado, reivindicação essa mui em voga entre nós, superpopulação excedente de exemplares femininos do planeta Terra, que afirmamos o contrário. Fiquei tentando equacionar o problema. Estamos todos falando a mesma língua, e usando a língua que é bom, necas. Na minha opinião, a confusão é metodológica: comunicamo-nos na linguagem dos sinais, mas o que precisamos é aprender Braile: os homens estão cegos!
Se eu fosse homem, teria várias mulheres aos meus pés. Ou melhor, teria várias mulheres às quais eu me colocaria aos pés delas. No fundo, é a mesma coisa, por mais que essa tática pareça desmerecê-lo ou transformá-lo num capacho. Nada disso. Você não deve deixar-se pisar, não faz bem ao seu ego, nem ao adestramento dela. A moçoila pode se tornar mimada e exigente, e você não quer uma criança, quer uma mulher com "M" maiúsculo. Colocá-la no pedestal significa venerá-la, tratá-la com respeito, carinho e atenção, fazê-la sentir-se desejada, única, exatamente como você mesmo quer ser tratado. E uma mulher realizada, plena de si mesma, sabe entregar-se como ninguém. Contribuam para o fim da solidão, homens: adorem-nos!
Podem me chamar de machista, mas não vem muito ao caso se ele tem uma ou mais mulheres. Desde que o mundo é mundo o sexo feminino constrói cercas por sobre as quais os homens pulam. Não estamos muito interessadas nas outras, se existem, guardem para si. Como diz uma amiga minha, omita sempre, minta se necessário. O que buscamos num homem é segurança, é a garantia de que, aconteça o que acontecer, podemos contar com ele, tê-lo ao nosso lado. Se o rapaz conseguir incutir esse sentimento em mais de uma pessoa, ótimo pra ele. Confiar nada mais é do que não desconfiar. Óbvio? Obrigatório. Agora, se fizer, faça bem feito. E isso vale para ambas as partes.
Veja bem, não estou estimulando a traição nem dizendo que é legal. Mas também discordo da entrega total e absoluta a uma única pessoa, a anulação em prol do outro, o chamado amor incondicional. Mães sentem isso, e são as únicas não censuráveis, afinal, filhos são sangue do sangue, carne da carne. Agora, entre casais, é bonito, eu sei, mas há que se resguardar, deixar um pedacinho de você nem que seja para você mesma. Como se fosse um botão de emergência para a hipótese do parceiro vir a faltar, seja por opção ou acidente. O mais saudável dos amores é o amor-próprio, mesmo quando compartilhado. Essa coisa de dois seres formarem um só é bacana, mas me agrada mais a idéia de, um mais um, formarem dois.
Concordo, não há fórmula para o sucesso em relacionamentos ou em uma conquista. Se existisse, eu não estaria aqui monologando. Mas há um segredo que vocês, homens, precisam saber: não existe mulher moderna, existe mulher carente. Vendemos uma imagem de super poderosas, mas lá no fundinho desejamos colo e cafuné. Aos olhos de vocês, devemos parecer mais auto-suficientes do que bateria solar. Infelizmente, essa não é a verdade, temos lá nossos dias de chuva. Sim, trabalhamos fora, dividimos as contas, viajamos sozinhas, cozinhamos, usamos camisinha, dirigimos carros e empresas, caminhões, até. Jogamos futebol, lutamos boxe, saltamos de asa delta, viramos astronautas, nos concederam esses e vários outros direitos, e os que nos negaram, brigamos e conquistamos na marra. Mas continuamos fêmeas, com um par de "xis" nos nossos genes, e nem todo o esforço do mundo vai nos transformar no que não somos: completas.
A feminilidade é a nossa arma, senão a única, talvez a última. Na busca pela igualdade, não podemos renegar nosso diferencial, nossa delicadeza, nossa sensibilidade, o poder de intuir, o dom de transformar, a capacidade de gerar vida, de saber esperar. Nem devemos menosprezar o valor do homem, sua virilidade, impetuosidade, o potencial de construir, de lutar pelo que acredita, de defender suas idéias, seu território, sua família, e a qualidade de ser objetivo. Você também pode ser objetiva, ele também pode ser sensível. Podemos e devemos dividir tarefas e qualidades. Só não precisamos provar a nossa força marretando minério numa pedreira.
É muito simples, rapazes: nós mulheres não queremos respostas, queremos apenas que vocês nos escutem. Não desejamos um cão de guarda, e sim um companheiro. Não precisa ir junto ao shopping, mas também não necessita marcar aquele futebolzinho no único dia livre que ela tem para ficar com você. Um gosta de montanha, o outro de praia? Negociem. Façam coisas juntos, façam concessões, façam um ao outro felizes. Jamais elevem a voz, jamais elevem a mão. Respeito é acima de tudo um ato de preservação, não fazer a outrem o que você não gostaria que lhe fizessem. Espaços tanto quanto individualidades devem ser estimulados, união não tem nada a ver com grude. Seja menos crítico: a seletividade excessiva provoca a extinção da espécie. Aqui vai o meu penúltimo conselho: case-se com os defeitos, o que vier de qualidade é brinde. E aprenda a linguagem dos sinais.
OBS: "Sensações de Sofia" é um livro online que conta a história de Sofia do Rio, uma gaúcha que se muda para o Rio de Janeiro e passa por poucas e boas, num processo de carioquização involuntário. Novos episódios saem sempre às segundas e quintas-feiras.
Para acessar os episódios anteriores, vá ao ARQUIVO FANTÁSTICO, no canto direito superior do site, e escolha a data que você deseja. O primeiro capítulo saiu no dia 21 de janeiro. A partir daí, está na ordem cronológica, cada texto diz embaixo a data do próximo episódio. Acompanhe!
Homens: adorem-nos!
14/10/2003
Por Ana Kessler
Estava cá pensando na minha solteirice, na solteirice das minha amigas, e na solteirice das amigas das amigas delas. Comparei com a reclamação de um amigo, que desabafou estar faltando mulher no mercado, reivindicação essa mui em voga entre nós, superpopulação excedente de exemplares femininos do planeta Terra, que afirmamos o contrário. Fiquei tentando equacionar o problema. Estamos todos falando a mesma língua, e usando a língua que é bom, necas. Na minha opinião, a confusão é metodológica: comunicamo-nos na linguagem dos sinais, mas o que precisamos é aprender Braile: os homens estão cegos!
Se eu fosse homem, teria várias mulheres aos meus pés. Ou melhor, teria várias mulheres às quais eu me colocaria aos pés delas. No fundo, é a mesma coisa, por mais que essa tática pareça desmerecê-lo ou transformá-lo num capacho. Nada disso. Você não deve deixar-se pisar, não faz bem ao seu ego, nem ao adestramento dela. A moçoila pode se tornar mimada e exigente, e você não quer uma criança, quer uma mulher com "M" maiúsculo. Colocá-la no pedestal significa venerá-la, tratá-la com respeito, carinho e atenção, fazê-la sentir-se desejada, única, exatamente como você mesmo quer ser tratado. E uma mulher realizada, plena de si mesma, sabe entregar-se como ninguém. Contribuam para o fim da solidão, homens: adorem-nos!
Podem me chamar de machista, mas não vem muito ao caso se ele tem uma ou mais mulheres. Desde que o mundo é mundo o sexo feminino constrói cercas por sobre as quais os homens pulam. Não estamos muito interessadas nas outras, se existem, guardem para si. Como diz uma amiga minha, omita sempre, minta se necessário. O que buscamos num homem é segurança, é a garantia de que, aconteça o que acontecer, podemos contar com ele, tê-lo ao nosso lado. Se o rapaz conseguir incutir esse sentimento em mais de uma pessoa, ótimo pra ele. Confiar nada mais é do que não desconfiar. Óbvio? Obrigatório. Agora, se fizer, faça bem feito. E isso vale para ambas as partes.
Veja bem, não estou estimulando a traição nem dizendo que é legal. Mas também discordo da entrega total e absoluta a uma única pessoa, a anulação em prol do outro, o chamado amor incondicional. Mães sentem isso, e são as únicas não censuráveis, afinal, filhos são sangue do sangue, carne da carne. Agora, entre casais, é bonito, eu sei, mas há que se resguardar, deixar um pedacinho de você nem que seja para você mesma. Como se fosse um botão de emergência para a hipótese do parceiro vir a faltar, seja por opção ou acidente. O mais saudável dos amores é o amor-próprio, mesmo quando compartilhado. Essa coisa de dois seres formarem um só é bacana, mas me agrada mais a idéia de, um mais um, formarem dois.
Concordo, não há fórmula para o sucesso em relacionamentos ou em uma conquista. Se existisse, eu não estaria aqui monologando. Mas há um segredo que vocês, homens, precisam saber: não existe mulher moderna, existe mulher carente. Vendemos uma imagem de super poderosas, mas lá no fundinho desejamos colo e cafuné. Aos olhos de vocês, devemos parecer mais auto-suficientes do que bateria solar. Infelizmente, essa não é a verdade, temos lá nossos dias de chuva. Sim, trabalhamos fora, dividimos as contas, viajamos sozinhas, cozinhamos, usamos camisinha, dirigimos carros e empresas, caminhões, até. Jogamos futebol, lutamos boxe, saltamos de asa delta, viramos astronautas, nos concederam esses e vários outros direitos, e os que nos negaram, brigamos e conquistamos na marra. Mas continuamos fêmeas, com um par de "xis" nos nossos genes, e nem todo o esforço do mundo vai nos transformar no que não somos: completas.
A feminilidade é a nossa arma, senão a única, talvez a última. Na busca pela igualdade, não podemos renegar nosso diferencial, nossa delicadeza, nossa sensibilidade, o poder de intuir, o dom de transformar, a capacidade de gerar vida, de saber esperar. Nem devemos menosprezar o valor do homem, sua virilidade, impetuosidade, o potencial de construir, de lutar pelo que acredita, de defender suas idéias, seu território, sua família, e a qualidade de ser objetivo. Você também pode ser objetiva, ele também pode ser sensível. Podemos e devemos dividir tarefas e qualidades. Só não precisamos provar a nossa força marretando minério numa pedreira.
É muito simples, rapazes: nós mulheres não queremos respostas, queremos apenas que vocês nos escutem. Não desejamos um cão de guarda, e sim um companheiro. Não precisa ir junto ao shopping, mas também não necessita marcar aquele futebolzinho no único dia livre que ela tem para ficar com você. Um gosta de montanha, o outro de praia? Negociem. Façam coisas juntos, façam concessões, façam um ao outro felizes. Jamais elevem a voz, jamais elevem a mão. Respeito é acima de tudo um ato de preservação, não fazer a outrem o que você não gostaria que lhe fizessem. Espaços tanto quanto individualidades devem ser estimulados, união não tem nada a ver com grude. Seja menos crítico: a seletividade excessiva provoca a extinção da espécie. Aqui vai o meu penúltimo conselho: case-se com os defeitos, o que vier de qualidade é brinde. E aprenda a linguagem dos sinais.
OBS: "Sensações de Sofia" é um livro online que conta a história de Sofia do Rio, uma gaúcha que se muda para o Rio de Janeiro e passa por poucas e boas, num processo de carioquização involuntário. Novos episódios saem sempre às segundas e quintas-feiras.
Para acessar os episódios anteriores, vá ao ARQUIVO FANTÁSTICO, no canto direito superior do site, e escolha a data que você deseja. O primeiro capítulo saiu no dia 21 de janeiro. A partir daí, está na ordem cronológica, cada texto diz embaixo a data do próximo episódio. Acompanhe!
sábado, fevereiro 26, 2005
Do Uma dama não comenta
Ricky Goodwin divulgou no seu fotolog esse samba-enredo sensacional, de sua autoria, composto para o desfile do PhotoBloco. Desde já, um sucesso de público e crítica. Com os devidos créditos, aí vai.
VIDA, APOGEU & GLÓRIA DA FOTOGRAFIA NO IMPÉRIO DO MUNDO VIRTUAL
compositores:
Ricky "Pacatatu"
Adamastor Olho de Peixe
Negão Panoramica
Laika Raceubladi
Lomo da Mangueira
(todomundocantando!)
Subiu (oba!)
a minha foto
mas sumiu meus comentários
tô me sentindo otário
Passei (hey!)
pra goldicam
agora eu tenho espaço
pra cem mensagens de spam
É o fotobloco passando no carnaval
Clicando a alegria com meu olho digital
Enche meu copo que eu carrego a bateria
E faço a folia da fotografia!
(Então!)
Me add!
Me add!
Quero ser seu favorito
Com minha foto na internet
Tudo fica mais bonito
Plis mi adi q eu ti adi!
Quero ser seu favorito
Num adianta dar delete
Com reload eu republico
Oi plis mi adi!
Ricky Goodwin divulgou no seu fotolog esse samba-enredo sensacional, de sua autoria, composto para o desfile do PhotoBloco. Desde já, um sucesso de público e crítica. Com os devidos créditos, aí vai.
VIDA, APOGEU & GLÓRIA DA FOTOGRAFIA NO IMPÉRIO DO MUNDO VIRTUAL
compositores:
Ricky "Pacatatu"
Adamastor Olho de Peixe
Negão Panoramica
Laika Raceubladi
Lomo da Mangueira
(todomundocantando!)
Subiu (oba!)
a minha foto
mas sumiu meus comentários
tô me sentindo otário
Passei (hey!)
pra goldicam
agora eu tenho espaço
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É o fotobloco passando no carnaval
Clicando a alegria com meu olho digital
Enche meu copo que eu carrego a bateria
E faço a folia da fotografia!
(Então!)
Me add!
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Tudo fica mais bonito
Plis mi adi q eu ti adi!
Quero ser seu favorito
Num adianta dar delete
Com reload eu republico
Oi plis mi adi!
DROGA, DROGA, DROGA
Não fui pro plantão. Não consegui sair de casa. Uma dor de estômago horrorosa, um enjôo terrível. Não, eu não estou grávida, estou é com uma gastrite e umas úlceras no duodeno. Confirmei essa semana. Ainda bem que reiniciei meu seguro de autônoma. Se eu parar de trabalhar porque adoeci vai ser o fim do mundo.
E não bastasse perder esse dinheiro a conta do telefone veio mais alta que o planejado. Mais uma prova que não estou 100%. Os pulsos extras foram todos para Natal. Doda é mesmo minha tábua de salvação.
Fico pensando se foi só o estômago mesmo ou é a depressão descompensando mais uma vez. Vamos ver se o Oscar me anima...
Não fui pro plantão. Não consegui sair de casa. Uma dor de estômago horrorosa, um enjôo terrível. Não, eu não estou grávida, estou é com uma gastrite e umas úlceras no duodeno. Confirmei essa semana. Ainda bem que reiniciei meu seguro de autônoma. Se eu parar de trabalhar porque adoeci vai ser o fim do mundo.
E não bastasse perder esse dinheiro a conta do telefone veio mais alta que o planejado. Mais uma prova que não estou 100%. Os pulsos extras foram todos para Natal. Doda é mesmo minha tábua de salvação.
Fico pensando se foi só o estômago mesmo ou é a depressão descompensando mais uma vez. Vamos ver se o Oscar me anima...
Sintomas e sinais sugestivos de hipoglicemia (reversíveis após a alimentação ou administração de glicose)
Sudorese, palidez, tremores, palpitações, confusão mental, alterações de comportamento, convulsão, coma, alterações visuais, dificuldade para acordar pela manhã.
Conduta com o diabético
Oferecer refrigerante (não dietético), açúcar ou confeitos. Se o paciente estiver desmaiado, esfregar mel ou leite condensado n parte interna das bochechas. levar imediatamente ao hospital.
Sudorese, palidez, tremores, palpitações, confusão mental, alterações de comportamento, convulsão, coma, alterações visuais, dificuldade para acordar pela manhã.
Conduta com o diabético
Oferecer refrigerante (não dietético), açúcar ou confeitos. Se o paciente estiver desmaiado, esfregar mel ou leite condensado n parte interna das bochechas. levar imediatamente ao hospital.
Plantão na Quarta-feira
Corre-corre habitual. Estudei um pouco de Neonatologia. Estou tentando organizar um caderninho de bolso pra consulta rápida em Pediatria. O problema é tempo pra isso.
Tive que mandar um garotinho de 12 anos de volta com uma fratura patológica de fêmur. Só o Hospital do Câncer aceita esses casos. Uma simples queda, estava correndo. Não perguntei onde a doença iniciou. Seria simples curiosidade.
À noite chegaram os pacientes para internamento para cirurgia no dia seguinte. Aprendi que antes de toda cirurgia o paciente deve se consultar com o anestesista. Contar sobre cirurgias anteriores, alergias, doenças, remédios que usa, etc. E deve ser visitado por ele na noite anterior da cirurgia. É a chamada visita pré-anestésica. Avalia alguma contra-indicação de última hora, alguma gripe, uma crise hipertensiva, a necessidade de um tranquilizante, etc. Durante esses anos, vi UM anestesista admitir que fazia isso, um professor de Bases da Técnica Cirúrgica e Anestesiologia. E FAZER mesmo, conheci meu pai. E não falo porque é meu pai. Costumo dizer que ele é melhor médico que pai, é um médico excelente. Ele também faz a visita pós-anestésica, que é avaliar o paciente nas 24 horas após a cirurgia, responsabilidade do anestesista. Durante esses anos, vi uma anestesista fazer isso, numa cirurgia da minha mãe. Ultimamente, não tenho visto nem o cirurgião.
Portanto, na falta de outro, sou eu quem pergunta tudo sobre a vida do paciente. Costumo pensar que um médico é alguém muito curioso que arranjou um meio de saber tudo da vida de alguém sem ser mal-educado. “Tem diabetes? Pressão alta? Fuma? Já Fumou? Bebe? Já bebeu? Usa algum remédio? Já fez alguma cirurgia? Já teve alguma alergia? Quando tomou a última vacina pra tétano?”. Vi muitos pacientes terem suas cirurgias suspensas porque haviam suspendido suas medicações dias antes e agora estavam com a pressão arterial ou glicemia descontroladas. Tudo falta de orientação do cirurgião, que sabia e não avisava o paciente.
De vez em quando tenho que mandar alguém de volta. Nessa noite, foi uma moça com amigdalite bacteriana. Nada feito. Risco de endocardite. Sinto muitíssimo.
Mais 12 horas de plantão
Uma velhinha levou uma queda e cortou as duas pernas. Um trabalhão pra suturar. A pele, além de muito frágil, não tinha elasticidade. Não foi meu melhor trabalho. Acho que foi o pior, na verdade. Isso demorou mais de uma hora. Quando reinicei o atendimento, a enfermeira veio me informar de um paciente diabético insulino-dependente, com carteirinha de diabético, que estava há dois dias sem tomar insulina e havia sido operado de uma fratura na perna. A glicemia estava mais de 500. Não havia nada no prontuário. O espaço sobre antecedentes pessoais e hereditários estava em branco. Ainda bem que foi ela mesma quem disse “como é que um médico interna e opera um paciente sem perguntar se ele tem diabetes?”. Nesse momento ligaram da enfermaria. Outra paciente diabética estava desorientada e a glicemia estava 37. Uns com tanto... Saí correndo de novo. Uns seis ou sete estudantes de enfermagem tentado pegar uma veia e a paciente lutando contra eles, porque hipoglicewmia dá irritação além de desorientação. Não esperei pelo acesso venoso. Abri uma ampola de glicose e fi-la beber. Ela bebeu cinco ampolas até normalizar a glicemia e conseguirem um acesso.
Parece um contra-senso um diabético com hipoglicemia, mas é até mais comum do que se pensa. Morrem mais diabéticos por hipoglicemia que por hiperglicemia. É uma das complicações mais frequentes. O regime rigoroso, a medicação correta, o exercício físico são complicados para manter na balança. Basta meia hora de atraso na refeição, uma infecção para que se descontrole tudo. E se o diabético vive descontrolado, sem seguir tudo direitinho, um internamento, com a dieta correta e as medicações no horário, somados ao stress, podem ser difíceis de seguir. Mais de um familiar se apavora quando nos escuta dizer “coloque um soro glicosado”. “Mas ele é diabético!”. Nem o próprio doente nem a família são orientados quanto aos sinais de hipoglicemia. E muitos morrem antes de chegar ao hospital.
Nesta tarde foi a defesa de tese de doutorado em História do professor de Históra Antiga de Eduardo, Zé Maria. Lamentei muitíssimo perder a defesa de tese de Zé Maria, mas só soube uma semana antes. Não deu pra trocar o plantão. Ado foi e contou que foi um show, começando pelo fato do professor estar impecavelmente vestido. Considerando que Zé sempre está de jeans, sandálias de couco e a pior camiseta que encontra, deve ter sido mesmo imperdível. Eduarco definiu como “a melhor aula de Zé Maria que já assisti”. E eu de plantão!
Corre-corre habitual. Estudei um pouco de Neonatologia. Estou tentando organizar um caderninho de bolso pra consulta rápida em Pediatria. O problema é tempo pra isso.
Tive que mandar um garotinho de 12 anos de volta com uma fratura patológica de fêmur. Só o Hospital do Câncer aceita esses casos. Uma simples queda, estava correndo. Não perguntei onde a doença iniciou. Seria simples curiosidade.
À noite chegaram os pacientes para internamento para cirurgia no dia seguinte. Aprendi que antes de toda cirurgia o paciente deve se consultar com o anestesista. Contar sobre cirurgias anteriores, alergias, doenças, remédios que usa, etc. E deve ser visitado por ele na noite anterior da cirurgia. É a chamada visita pré-anestésica. Avalia alguma contra-indicação de última hora, alguma gripe, uma crise hipertensiva, a necessidade de um tranquilizante, etc. Durante esses anos, vi UM anestesista admitir que fazia isso, um professor de Bases da Técnica Cirúrgica e Anestesiologia. E FAZER mesmo, conheci meu pai. E não falo porque é meu pai. Costumo dizer que ele é melhor médico que pai, é um médico excelente. Ele também faz a visita pós-anestésica, que é avaliar o paciente nas 24 horas após a cirurgia, responsabilidade do anestesista. Durante esses anos, vi uma anestesista fazer isso, numa cirurgia da minha mãe. Ultimamente, não tenho visto nem o cirurgião.
Portanto, na falta de outro, sou eu quem pergunta tudo sobre a vida do paciente. Costumo pensar que um médico é alguém muito curioso que arranjou um meio de saber tudo da vida de alguém sem ser mal-educado. “Tem diabetes? Pressão alta? Fuma? Já Fumou? Bebe? Já bebeu? Usa algum remédio? Já fez alguma cirurgia? Já teve alguma alergia? Quando tomou a última vacina pra tétano?”. Vi muitos pacientes terem suas cirurgias suspensas porque haviam suspendido suas medicações dias antes e agora estavam com a pressão arterial ou glicemia descontroladas. Tudo falta de orientação do cirurgião, que sabia e não avisava o paciente.
De vez em quando tenho que mandar alguém de volta. Nessa noite, foi uma moça com amigdalite bacteriana. Nada feito. Risco de endocardite. Sinto muitíssimo.
Mais 12 horas de plantão
Uma velhinha levou uma queda e cortou as duas pernas. Um trabalhão pra suturar. A pele, além de muito frágil, não tinha elasticidade. Não foi meu melhor trabalho. Acho que foi o pior, na verdade. Isso demorou mais de uma hora. Quando reinicei o atendimento, a enfermeira veio me informar de um paciente diabético insulino-dependente, com carteirinha de diabético, que estava há dois dias sem tomar insulina e havia sido operado de uma fratura na perna. A glicemia estava mais de 500. Não havia nada no prontuário. O espaço sobre antecedentes pessoais e hereditários estava em branco. Ainda bem que foi ela mesma quem disse “como é que um médico interna e opera um paciente sem perguntar se ele tem diabetes?”. Nesse momento ligaram da enfermaria. Outra paciente diabética estava desorientada e a glicemia estava 37. Uns com tanto... Saí correndo de novo. Uns seis ou sete estudantes de enfermagem tentado pegar uma veia e a paciente lutando contra eles, porque hipoglicewmia dá irritação além de desorientação. Não esperei pelo acesso venoso. Abri uma ampola de glicose e fi-la beber. Ela bebeu cinco ampolas até normalizar a glicemia e conseguirem um acesso.
Parece um contra-senso um diabético com hipoglicemia, mas é até mais comum do que se pensa. Morrem mais diabéticos por hipoglicemia que por hiperglicemia. É uma das complicações mais frequentes. O regime rigoroso, a medicação correta, o exercício físico são complicados para manter na balança. Basta meia hora de atraso na refeição, uma infecção para que se descontrole tudo. E se o diabético vive descontrolado, sem seguir tudo direitinho, um internamento, com a dieta correta e as medicações no horário, somados ao stress, podem ser difíceis de seguir. Mais de um familiar se apavora quando nos escuta dizer “coloque um soro glicosado”. “Mas ele é diabético!”. Nem o próprio doente nem a família são orientados quanto aos sinais de hipoglicemia. E muitos morrem antes de chegar ao hospital.
Nesta tarde foi a defesa de tese de doutorado em História do professor de Históra Antiga de Eduardo, Zé Maria. Lamentei muitíssimo perder a defesa de tese de Zé Maria, mas só soube uma semana antes. Não deu pra trocar o plantão. Ado foi e contou que foi um show, começando pelo fato do professor estar impecavelmente vestido. Considerando que Zé sempre está de jeans, sandálias de couco e a pior camiseta que encontra, deve ter sido mesmo imperdível. Eduarco definiu como “a melhor aula de Zé Maria que já assisti”. E eu de plantão!
Cinema na terça-feira
Eu e Fernanda fomos assistir “Edukators” no Cinema do Parque. Vicky já falou tanto do filme que eu tinha que ver. Acho que Gal também comentou no blog dela. Primeiro, descobrir algo pra Nanda comer com o piercing novo, na língua. Respeito aos gostos alheios, mas faz-me pena uma menina tão linda cheia de tachinhas. O lado bom é que podem ser removidos um dia.
Depois que climatizaram o cinema proibiram a entrada de lanches, nem mesmo água mineral passa. Pois eu resolvi entrar com pipoca, porque sem pipoca cinema não tem graça. Foi uma das situações mais hilárias de minha vida.Tem gente na bilheteria vigiando e mais dois guardas lá dentro. Já ia uma hora de filme e eu com minha pipoca quando acendeu uma luz em cima de mim. Pronto. Vou ser expulsa. “A senhora com o saquinho de pipoca faz favor”, pensei que ia ouvir. Era a luz da sala do projetor (sentamos na última fila). O Cinema do Parque é o único do país que ainda usa projetor a carvão, um dos motivos do ingresso tão barato : um real. Da próxima vez, só um confeito e olhe lá. Não vale o susto. Como é que alguém consegue ter sangue-frio pra traficar maconha?
O filme é ótimo. Surpreendente. Roteiro, figurino e fotografia excelentes. O novo cinema europeu está de parabéns. Como eu não sei nada em alemão além de “obrigado”, não falarei nada sobre a tradução. Só tive a impressão de ver a Alessandra Negrini na tela. Semelhanças da vida. Em “A insustentável leveza do ser”, eu achei a Sabrina a cara da Cristina Proshaska. Tudo bem, tudo bem. Também acho a boca da Fernanda igual à da Geena Davis, que fazer?
Depois de fazer supermercado eu fui dormir. Só mesmo Ado pra ainda enfrentar CSI. Virou fã. E quem sou eu pra falar?
Eu e Fernanda fomos assistir “Edukators” no Cinema do Parque. Vicky já falou tanto do filme que eu tinha que ver. Acho que Gal também comentou no blog dela. Primeiro, descobrir algo pra Nanda comer com o piercing novo, na língua. Respeito aos gostos alheios, mas faz-me pena uma menina tão linda cheia de tachinhas. O lado bom é que podem ser removidos um dia.
Depois que climatizaram o cinema proibiram a entrada de lanches, nem mesmo água mineral passa. Pois eu resolvi entrar com pipoca, porque sem pipoca cinema não tem graça. Foi uma das situações mais hilárias de minha vida.Tem gente na bilheteria vigiando e mais dois guardas lá dentro. Já ia uma hora de filme e eu com minha pipoca quando acendeu uma luz em cima de mim. Pronto. Vou ser expulsa. “A senhora com o saquinho de pipoca faz favor”, pensei que ia ouvir. Era a luz da sala do projetor (sentamos na última fila). O Cinema do Parque é o único do país que ainda usa projetor a carvão, um dos motivos do ingresso tão barato : um real. Da próxima vez, só um confeito e olhe lá. Não vale o susto. Como é que alguém consegue ter sangue-frio pra traficar maconha?
O filme é ótimo. Surpreendente. Roteiro, figurino e fotografia excelentes. O novo cinema europeu está de parabéns. Como eu não sei nada em alemão além de “obrigado”, não falarei nada sobre a tradução. Só tive a impressão de ver a Alessandra Negrini na tela. Semelhanças da vida. Em “A insustentável leveza do ser”, eu achei a Sabrina a cara da Cristina Proshaska. Tudo bem, tudo bem. Também acho a boca da Fernanda igual à da Geena Davis, que fazer?
Depois de fazer supermercado eu fui dormir. Só mesmo Ado pra ainda enfrentar CSI. Virou fã. E quem sou eu pra falar?
Plantão na segunda-feira
Surpresa! Eu já conhecia meu colega de plantão. Trabalhamos juntos há uns sete anos, quando era estudante. Ele é tranquilo e gosta de dividir o serviço. Totalmente diferente. Deu até pra bater um papo com a pediatra do berçário. Os destaques do dia ficaram por conta de um pequenino que tomou o antidepressivo da avó (ainda tem gente que deixa remédio à mão de criança) e um bebê com uma superaleria a esses lenços umedecidos que usam pra higiene íntima. A babá limpou toda a criança, da cabeça aos pés, com os lenços. Resultado: o menino parecia um camarão, inclusive com conjuntivite. E a mãe recusou-se a interná-lo. Nessas horas eu gostaria que a indústria farmacêutica tivesse engarrafado bom-senso pra eu dar às colheradas pros pais. Pobre criança.
Fora isso, o laboratório estava sem funcionar e o raio-x em conserto durante. A emergência virou pronto-atendimento. Qualquer caso mais grave era transferido, como duas suspeitas de apendicite, por exemplo.
Pois não é que apareceu outra moça com edema de glote? Dois casos em três dias! Adrenalina correndo. Parecia o incrível Hulk, lembrando um comentário da minha mãe sobre uma reação alérgica do meu irmão há muitos anos. É incrível como a pessoa incha de repente. Parece um daqueles desenhos animados que ligam a uma bomba de ar. Felizmente acabou tudo bem.
Surpresa! Eu já conhecia meu colega de plantão. Trabalhamos juntos há uns sete anos, quando era estudante. Ele é tranquilo e gosta de dividir o serviço. Totalmente diferente. Deu até pra bater um papo com a pediatra do berçário. Os destaques do dia ficaram por conta de um pequenino que tomou o antidepressivo da avó (ainda tem gente que deixa remédio à mão de criança) e um bebê com uma superaleria a esses lenços umedecidos que usam pra higiene íntima. A babá limpou toda a criança, da cabeça aos pés, com os lenços. Resultado: o menino parecia um camarão, inclusive com conjuntivite. E a mãe recusou-se a interná-lo. Nessas horas eu gostaria que a indústria farmacêutica tivesse engarrafado bom-senso pra eu dar às colheradas pros pais. Pobre criança.
Fora isso, o laboratório estava sem funcionar e o raio-x em conserto durante. A emergência virou pronto-atendimento. Qualquer caso mais grave era transferido, como duas suspeitas de apendicite, por exemplo.
Pois não é que apareceu outra moça com edema de glote? Dois casos em três dias! Adrenalina correndo. Parecia o incrível Hulk, lembrando um comentário da minha mãe sobre uma reação alérgica do meu irmão há muitos anos. É incrível como a pessoa incha de repente. Parece um daqueles desenhos animados que ligam a uma bomba de ar. Felizmente acabou tudo bem.
sexta-feira, fevereiro 25, 2005
Domingo
Tarde com Fernanda, reassistindo “Um grande garoto”, com direito aos extras. Adoro o filme. É bom revê-lo devez em quando pra ver se não estou me transformando num Will ou numa Fiona. E a Tony Collete está irreconhecível, pelo menos para mim que adoro “O casamento de Muriel”. Finalmente assisti “Lilo e Stitch”. Impagável. Estou arrependida de não ter visto antes. Foi o Elvis quem me convenceu. É, o Rei. A trilha é o melhor do filme, embora a história não seja nada mal, claro. Os extras estão ótimos. Pena que o som da dublagem esteja tão baixo. Podiam ter posto legendas. E os extras de Shrek 2? Dá pra ver que vem mais um Oscar por aí. E pra alcançar a grandiosidade do trabalho vendo os erros de computação gráfica. Mais difícil que uma filmagem normal.
Silêncio. Eu quero rezar!
Fomos à missa depois. Pois dá pra acreditar que havia um menino sentado no chão e jogando videogame, com som, durante a missa? E esse era o mais educado, porque não fazia muito barulho. Havia mais dois, de uns quatro ou cinco anos que não pararam durante toda a cerimônia. A Igraja lotada. Eu não via o padre, só ouvia, e tentava me concentrar com as crianças aos gritos, correndo na minha frente. E era um sermão tão lindo! O cúmulo foi durante o Pai-Nosso. O padre, acho que ele é da Carismática, resolveu fazer algo diferente e iniciou a Oração de São Francisco. Eu não escutava nada. Fiz “psiu” bem alto. E os meninos nem aí. ”Silêncio”. Nada. Eu já não cantava, berrava, tentando ouvir minha voz, porque a do padre já tinha sumido. Parei, olhei pros meninos e disse “meninos, vamos rezar?”. Parecia que eu tinha falado aramaico. Acho que ninguém explicou que aquilo era uma Igreja, pobrezinhos. Imagina pedir pra “comprender mais que ser compreendido” quando queria dar uns tapas naquelas pestes. Até que perdi a paciência e me ajoelhei pra falar com eles. Expliquei que era preciso silêncio pra rezar e perguntei pela mãe deles. Não souberam responder. Eu falava mesmo aramaico e não tinha tecla SAP. Depois disso eles continuaram conversando enquanto eu tentava rezar e de repente sumiram. Acho que a mãe chamou-os.
Pra quê alguém leva crianças para a missa se não é pra ensinar a rezar? Se ainda fossem muito pequenos! Mas não eram. Se conseguiam estabelecer uma conversa sem fim, eram capazes de entender o que era uma missa. Naquele dia lembrei de uma amiga que adora declarar “eu chutaria criancinhas”. Eu adoro crianças. Crianças bem educadas, ressalte-se. O resto da missa perdeu a graça, eu não fiquei cheia de energia pra semana e sim tremendo de raiva.
Tarde com Fernanda, reassistindo “Um grande garoto”, com direito aos extras. Adoro o filme. É bom revê-lo devez em quando pra ver se não estou me transformando num Will ou numa Fiona. E a Tony Collete está irreconhecível, pelo menos para mim que adoro “O casamento de Muriel”. Finalmente assisti “Lilo e Stitch”. Impagável. Estou arrependida de não ter visto antes. Foi o Elvis quem me convenceu. É, o Rei. A trilha é o melhor do filme, embora a história não seja nada mal, claro. Os extras estão ótimos. Pena que o som da dublagem esteja tão baixo. Podiam ter posto legendas. E os extras de Shrek 2? Dá pra ver que vem mais um Oscar por aí. E pra alcançar a grandiosidade do trabalho vendo os erros de computação gráfica. Mais difícil que uma filmagem normal.
Silêncio. Eu quero rezar!
Fomos à missa depois. Pois dá pra acreditar que havia um menino sentado no chão e jogando videogame, com som, durante a missa? E esse era o mais educado, porque não fazia muito barulho. Havia mais dois, de uns quatro ou cinco anos que não pararam durante toda a cerimônia. A Igraja lotada. Eu não via o padre, só ouvia, e tentava me concentrar com as crianças aos gritos, correndo na minha frente. E era um sermão tão lindo! O cúmulo foi durante o Pai-Nosso. O padre, acho que ele é da Carismática, resolveu fazer algo diferente e iniciou a Oração de São Francisco. Eu não escutava nada. Fiz “psiu” bem alto. E os meninos nem aí. ”Silêncio”. Nada. Eu já não cantava, berrava, tentando ouvir minha voz, porque a do padre já tinha sumido. Parei, olhei pros meninos e disse “meninos, vamos rezar?”. Parecia que eu tinha falado aramaico. Acho que ninguém explicou que aquilo era uma Igreja, pobrezinhos. Imagina pedir pra “comprender mais que ser compreendido” quando queria dar uns tapas naquelas pestes. Até que perdi a paciência e me ajoelhei pra falar com eles. Expliquei que era preciso silêncio pra rezar e perguntei pela mãe deles. Não souberam responder. Eu falava mesmo aramaico e não tinha tecla SAP. Depois disso eles continuaram conversando enquanto eu tentava rezar e de repente sumiram. Acho que a mãe chamou-os.
Pra quê alguém leva crianças para a missa se não é pra ensinar a rezar? Se ainda fossem muito pequenos! Mas não eram. Se conseguiam estabelecer uma conversa sem fim, eram capazes de entender o que era uma missa. Naquele dia lembrei de uma amiga que adora declarar “eu chutaria criancinhas”. Eu adoro crianças. Crianças bem educadas, ressalte-se. O resto da missa perdeu a graça, eu não fiquei cheia de energia pra semana e sim tremendo de raiva.
domingo, fevereiro 20, 2005
Plantão
Saco. De novo sem médico na outra emergência. Será? Eu devo sofrer de asbestose. Eu explico: é uma doença ocupacional aos que trabalham expostos às fibras de asbestos. Não. Eu não fui exposta a asbesto. Eu devo ter escrito "besta" na testa.
Ainda por cima, nos finais de semana, são os plantonistas que evoluem os pacientes internos do hospital. Beleza. Geralmente, são uns cinco, seis, uns dez, no máxino quinze, nos hospitais normais. Ali foram vinte e quatro! Sete altas. Você pensa que dar alta é dizer "vá pra casa"? Ledo engano. É uma papelada sem fim. Confirmar o diagnóstico, registrar os antibióticos, se houve infecção hospitalar, prescrever a alta, as medicações para uso domiciliar, marcar a volta, dar uma declaração dos dias de internação pro patrão não cortar os dias de trabalho do paciente...
E lá tem de tudo: ortopedia, traumatologia, obstetrícia, clínica. Só falta Pediatria. Bom, tem neonatologia. Parece uma prova final do curso de Medicina. Some com isso a emergência: 23 pacientes em 12 horas mais 7 internamentos! Faça as contas. 3 grandes emergências: um infarto, uma tentativa (pra valer) de suicídio e uma superreação alérgica. Já ouviram falar em edema de glote? Pois é. Eu ouvi e vi. Pois ainda houve uma filha de qualquer coisa que entrou reclamando porque a outra tinha passado na frente dela, que se o marido dela estivesse lá ia "dar porrada em todo mundo". Aí eu deixei de ser boazinha. "Emergência não tem essa história de 'eu cheguei primeiro', é quem está mais grave. Aquela moça estava MORRENDO, você sabe o que é isso? Se tivesse demorado mais 5 minutos tinha morrido". A qualquer coisa, digo, a mãe, me apoiou. Talvez por educação, a que ela não deu à filha, ou deu e a outra jogou fora, sei lá. Peguei esta moça fugindo da emergência após ter arrancado o próprio soro. E estava vomitando! Acho que não estava tão mal assim, não?
"Então não estava doente", foi o que um paciente disse algumas horas antes. Vejam como existe gente cheio de si: esse senhor estava mal, com falta de ar, sendo internado. Eu já havia medicado-o e ia preencher o internamento quando a recepcionista avisou que havia um paciente do outro lado, o dos planos de saúde. "Estou indo". Só faltava verificar a pressão arterial daquele paciente e ele ia ficar quietinho com o oxigêncio dele. Depois eu preenchia a papelada. Pois vocês acreditam que quando eu terminei de verificar a PA e anotar, pedi licença e fui até a recepção e a moça me disse que o outro tinha ido embora porque não quis esperar. Cinco minutos! Só porque ele tem um plano de saúde isso não dá o direito de passar na frente do pessoal do SUS. Atendo por ordem de chegada. Independente de ser particular, SUS ou marciano.
Falando em internamento, foram cinco. Quando você escutar o médico dizer "vou internar", pode ter certeza que ele estará pelo menos tão triste quando você. É pior, muito pior que dar alta. Devido às fraudes no SUS, eu imagino, é tanto papel que estou com o punho doendo até agora. Você escreve a mesma história e exame físico 3 vezes. Mais a prescrição. Enquanto isso, os outros esperam. Comecei a almoçar Às duas da tarde, parei pra atender uma emergência e terminei às três.
Pra encerrar, um atraso de quase uma hora para ser rendida. A colega está fazendo Residência Médica e apareceu um cirurgia às 18 horas. Deixa eu ir descansar que amanhã tem plantão de Pediatria.
Saco. De novo sem médico na outra emergência. Será? Eu devo sofrer de asbestose. Eu explico: é uma doença ocupacional aos que trabalham expostos às fibras de asbestos. Não. Eu não fui exposta a asbesto. Eu devo ter escrito "besta" na testa.
Ainda por cima, nos finais de semana, são os plantonistas que evoluem os pacientes internos do hospital. Beleza. Geralmente, são uns cinco, seis, uns dez, no máxino quinze, nos hospitais normais. Ali foram vinte e quatro! Sete altas. Você pensa que dar alta é dizer "vá pra casa"? Ledo engano. É uma papelada sem fim. Confirmar o diagnóstico, registrar os antibióticos, se houve infecção hospitalar, prescrever a alta, as medicações para uso domiciliar, marcar a volta, dar uma declaração dos dias de internação pro patrão não cortar os dias de trabalho do paciente...
E lá tem de tudo: ortopedia, traumatologia, obstetrícia, clínica. Só falta Pediatria. Bom, tem neonatologia. Parece uma prova final do curso de Medicina. Some com isso a emergência: 23 pacientes em 12 horas mais 7 internamentos! Faça as contas. 3 grandes emergências: um infarto, uma tentativa (pra valer) de suicídio e uma superreação alérgica. Já ouviram falar em edema de glote? Pois é. Eu ouvi e vi. Pois ainda houve uma filha de qualquer coisa que entrou reclamando porque a outra tinha passado na frente dela, que se o marido dela estivesse lá ia "dar porrada em todo mundo". Aí eu deixei de ser boazinha. "Emergência não tem essa história de 'eu cheguei primeiro', é quem está mais grave. Aquela moça estava MORRENDO, você sabe o que é isso? Se tivesse demorado mais 5 minutos tinha morrido". A qualquer coisa, digo, a mãe, me apoiou. Talvez por educação, a que ela não deu à filha, ou deu e a outra jogou fora, sei lá. Peguei esta moça fugindo da emergência após ter arrancado o próprio soro. E estava vomitando! Acho que não estava tão mal assim, não?
"Então não estava doente", foi o que um paciente disse algumas horas antes. Vejam como existe gente cheio de si: esse senhor estava mal, com falta de ar, sendo internado. Eu já havia medicado-o e ia preencher o internamento quando a recepcionista avisou que havia um paciente do outro lado, o dos planos de saúde. "Estou indo". Só faltava verificar a pressão arterial daquele paciente e ele ia ficar quietinho com o oxigêncio dele. Depois eu preenchia a papelada. Pois vocês acreditam que quando eu terminei de verificar a PA e anotar, pedi licença e fui até a recepção e a moça me disse que o outro tinha ido embora porque não quis esperar. Cinco minutos! Só porque ele tem um plano de saúde isso não dá o direito de passar na frente do pessoal do SUS. Atendo por ordem de chegada. Independente de ser particular, SUS ou marciano.
Falando em internamento, foram cinco. Quando você escutar o médico dizer "vou internar", pode ter certeza que ele estará pelo menos tão triste quando você. É pior, muito pior que dar alta. Devido às fraudes no SUS, eu imagino, é tanto papel que estou com o punho doendo até agora. Você escreve a mesma história e exame físico 3 vezes. Mais a prescrição. Enquanto isso, os outros esperam. Comecei a almoçar Às duas da tarde, parei pra atender uma emergência e terminei às três.
Pra encerrar, um atraso de quase uma hora para ser rendida. A colega está fazendo Residência Médica e apareceu um cirurgia às 18 horas. Deixa eu ir descansar que amanhã tem plantão de Pediatria.
Do Imagens e Palavras
14/02/2005
Clint Eastwood ainda tem de lutar por seus filmes
Embora lhe dê lucro e prestígio, Warner faz exigências para diretor
David Carr
Em Burbank, Califórnia
Por cinco vezes nos últimos doze anos, o diretor Clint Eastwood proporcionou aos estúdios da Warner Brothers, que não são dos maiores fabricantes de vencedores de Oscars, o acesso aos prêmios da Academia Cinematográfica.
Merie W. Wallace/Warner Brother via NYT
Clint Eastwood e Hillary Swank estrelam o drama "Menina dos Olhos", que recebeu sete indicações
Ele dirigiu um premiado como melhor filme, "Os Imperdoáveis" ("Unforgiven") em 1993, e há dois anos dirigiu um dos indicados a melhor filme, "Sobre Meninos e Lobos" ("Mystic River"). Teve também Meryl Streep, que recebeu uma indicação como melhor atriz por "As Pontes de Madison", produção da Warner de 1995.
Até mesmo "Caubóis do Espaço" (Space Cowboys), a comédia sobre astronautas da velha guarda que Clint realizou para o estúdio em 2000, faturou uma indicação pelos seus efeitos sonoros.
Mas o sinal verde para novos projetos ainda não é fácil de ser conquistado pelo profissional de 74 anos, que fez dos domínios da Warner sua casa profissional desde 1975, e que já produziu, dirigiu e/ou estrelou cerca de 30 filmes para a empresa desde "Dirty Harry", em 1971.
Quando Eastwood propôs seu novo "Menina de Ouro" ("Million Dollar Baby"), o estúdio chiou, alegando "aversão do público" aos filmes sobre boxe, assim como já haviam criado obstáculos para "Sobre Meninos e Lobos", história sobre crimes-e-amizades que no princípio era considerada soturna demais. Os executivos da Warner só aprovaram o novo projeto quando um financiador externo, a Lakeshore Entertainment, concordou em dividir os custos.
À sombra de um enorme cartaz que alardeia as sete indicações do novo filme aos prêmios da Academia, entre elas para melhor filme e melhor diretor, o presidente dos estúdios, Alan F. Horn, fica mais que satisfeito ao admitir o equívoco do estúdio:
"Se eu estivesse aqui tendo que falar sobre como deixei 'Menina de Ouro' escapar para outro estúdio, estaria totalmente arrasado", diz Horn. "Ao olhar para trás, percebemos que os instintos dele estavam certos, incrivelmente certos. O importante é que no final do dia, e às vezes eram dias muito longos, víamos que os filmes avançavam."
O casamento profissional entre Eastwood e os estúdios Warner nunca foi do tipo simples --freqüentemente esteve submetido a provações e chegou a ser bem tensa. Mas no final das contas essa relação se mostrou incrivelmente produtiva, isso numa indústria em que um contrato de três anos chega a ser definido como um termo de longa duração.
Para a Warner, o Eastwood envelhecido --que começou com os western spaghettis de Sergio Leone e se entranhou na consciência americana como o intérprete do vingador Dirty Harry-- trouxe um retorno inesperado, com centenas de milhões de dólares arrecadados ao longo dos anos.
A Warner e o ator que se transformou em cineasta e nem sempre rezaram pela mesma cartilha. Mas, mesmo com todos os atritos e solavancos que se podem esperar de um longo relacionamento, a parceria de certa forma fez com que surgisse o melhor aspecto de um auteur de origem proletária que, já avançando nos seus setenta anos, está produzindo bons filmes com a regularidade de um trabalhador de fábrica.
Quando lhe perguntam sobre a relutância da Warner em produzir "Menina de Ouro", Eastwood se mostra um tanto rude, mas não amargo:
"Eu expliquei a eles que não era um filme de boxe, que era uma história de amor. Mas devo dizer que outros estúdios tinham a mesma opinião, embora muitos deles tenham manifestado interesse em trabalhar comigo. Eu disse a eles, 'Olhem só, eu não sou do tipo que fica bem de roupinha apertada ou dos que podem viver um super-herói', e, afinal, se eles não querem produzir esse filme, se não querem produzir dramas, por que é que estão no ramo do cinema?"
Para todos os efeitos, a relação Warner-Eastwood funciona na base do aperto de mão, do acordo entre cavalheiros. Eastwood não tem compromissos contratuais firmados com o estúdio --acerta os trabalhos filme por filme, e fará o próximo, "Flags of Our Fathers", para a DreamWorks SKG, com algum apoio da Warner. (A DreamWorks detém os direitos da história.)
Mas o bom nível de relacionamento de Eastwood com a Warner, em suas confortáveis instalações em Burbank, ficou evidente numa visita recente ao escritório de Eastwood por lá. Ele ocupa o bangalô que já foi utilizado por Harry Warner, agora ocupado pela firma do cineasta, a Malpaso Productions.
O clima é relax, até mesmo com toda a eletricidade gerada pela proximidade do Oscar.
A mulher dele, Dina Ruiz Eastwood, aparece por lá e serenamente brinca com a equipe sobre as roupas e as jóias que deverá usar na entrega dos Oscars, enquanto Eastwood atende os chamados da imprensa em seu escritório. Dina não quis pegar emprestado um relógio de U$ 10.000, e irá usar o seu próprio, de U$ 60, que mostra as horas com eficiência: a sobriedade é mesmo uma das pedras de toque na divisão Eastwood.
Após alguns minutos, Eastwood sai do escritório lá no fundo do bangalô, e Dina então pergunta se ele precisa de alguma coisa do mercado. "Hmmm, deixa eu ver --Viagra, Levitra e, ah sim, alguns Cialis (remédios contra a impotência)", arremata, detonando as gargalhadas entre a equipe e o próprio Eastwood.
Ele pode fazer esse tipo de piadas, não apenas porque já tem sete crianças, inclusive uma filha de 8 anos, mas também porque não sofre de ansiedade em relação à própria imagem. Ele não tem agente de imprensa.
"Num certo ponto da vida, você simplesmente é quem você é", diz, sorrindo.
Como ator e diretor, ele já deu vida a muitos homens aprisionados pelo arrependimento, mas o próprio Clint aparentemente não sofre desse mal.
Eastwood mergulha na poltrona e vai se esticando com os pés para se aproximar de uma mesa, parecendo ter todo o tempo do mundo. E 34 anos depois de dirigir seu primeiro filme, "Perversa Paixão" ("Play Misty for Me") --pelo qual a Universal Pictures não lhe pagou nada, mas garantiu uma porcentagem da bilheteria-- Clint conversa bem à vontade sobre todo o processo, inclusive sobre seu relacionamento com a Warner.
"Por um lado, é bom saber que as pessoas se lembram o bastante do filme para indicá-lo. Mas por outro lado, não ficamos pensando sobre isso desde o início do filme", diz o diretor sobre "Menina de Ouro".
Já tendo conquistado o prêmio da associação de diretores, o Directors Guild, por seu trabalho no filme, e nesse momento de bom impulso em direção à vitória nos Oscars, Eastwood vive um tempo de plena e doce vingança em relação ao seu estúdio. Embora Clint seja elegante demais para revelar detalhes, a Warner o havia colocado numa situação delicada antes de ele acertar a realização de "Sobre Meninos e Lobos", alguns anos atrás.
"No final daquele acerto eles disseram que me dariam um tanto de dinheiro e mais uma porcentagem", recorda Clint. "Eu tive que rir. Disse a meu agente que me sentia novamente como há 36 anos, quando fiz 'Perversa Paixão'. Já tenho mais de 70 anos e ainda tenho que ficar batalhando a venda de um projeto."
"Mas não os culpo, nem quis mudar os termos, porque me sentiria muito mal se o filme tivesse fracassado nas bilheterias", admite o cineasta. Além de trazer Oscars para um estúdio que não fatura muitos prêmios, "Sobre Meninos e Lobos" rendeu mais de US$ 150 milhões (equivalente a mais de R$ 400 milhões) nas bilheterias do mundo inteiro.
Depois de ter provado que estava certo em relação a "Sobre Meninos e Lobos", Eastwood ficou surpreso quando a Warner voltou a colocar obstáculos, quando ele apresentou ao estúdio a idéia de "Menina de Ouro". Eles alegaram o mau desempenho de filmes recentes sobre o mundo do boxe.
Mas Clint se mostra mais contrariado com o gigantismo da indústria --sempre a buscar o mega-filme para arrasar no mundo inteiro, em detrimento de projetos mais intimistas-- do que com as objeções da Warner, afirmando que "está tudo bem" na relação dele com o estúdio.
Apesar disso John Calley, ex-presidente da Sony Pictures e executivo da Warner que conviveu durante muitos anos com Eastwood por lá, se diz "abismado" com o fato de que Clint precisou implorar por financiamento depois do sucesso de "Sobre Meninos e Lobos". "Ele tem uma das médias de eficácia mais altas no mercado", diz Calley, lembrando que a Warner deve a Eastwood uma quantia significativa.
"Ele carregou a Warner nas costas durante muitos anos, sendo que (na época) foi bem reconhecido pelo tipo de homem que era e pelo trabalho que desempenhava", diz Calley. "Clint é diferente de outros cineastas, é um artista verdadeiro. Não fica posando ou se apresentando como artista, e nunca se dispersa no caminho do objetivo que tenta alcançar."
À meia-luz no ambiente emadeirado do bangalô, Eastwood tem aparência envelhecida --afinal, 74 são 74-- mas o tempo até que faz bem ao rosto dele.
E ninguém aqui está dizendo que um cineasta precisa ser capaz de "puxar" 100 flexões de braço para ocupar seu posto atrás das câmeras, embora Eastwood pareça ser capaz dessa proeza. John Huston tinha 79 quando dirigiu "A Honra do Poderoso Prizzi", Akira Kurosawa, 75 quando fez "Ran", e, aos 73 anos, Mike Nichols acaba de fazer um filme, "Closer", absolutamente pleno de contemporaneidade.
"Se você observar os últimos oito anos, dirá que o envelhecimento melhorou o trabalho dele", diz Steven Spielberg, que irá produzir o próximo filme de Eastwood: "Na idade dele, Clint ainda tem a capacidade de surpreender, em parte porque tem gostos bem ecléticos. Ele nos maravilhou, a todos, em seus dois últimos filmes, apresentando trabalhos de qualidade excepcional".
Na verdade, a Warner teve que esperar um tempo por esse trabalho excepcional, apoiando Eastwood ao longo dos anos quando ele sofria com a má recepção (por parte do público) de filmes como "Bird" e "Coração de Caçador".
Agora, Eastwood é novamente o diretor que se refere à sua porção de intérprete como uma coisa do passado. "Eu me diverti tanto sendo apenas diretor em `Sobre Meninos e Lobos' que achei que havia me aposentado como ator", confessa o diretor.
"Mas aí veio esse papel para 'Menina de Ouro' e eu tive que interpretá-lo, porque me permitiu um mergulho intenso no personagem. E aí quando fui ver já tinha que fazê-lo. Mas agora já estou aposentado novamente. Estou dando uma de Frank Sinatra --só me "desaposentarei" quando sentir que é o momento."
A protagonista Hilary Swank,por sua vez, diz estar feliz porque Eastwood ainda se mostra disposto a atingir objetivos como ator, ao mesmo tempo em que indica esses objetivos para os outros atores. "Ele é incrivelmente bom como ator", diz Hilary. "Quando o conheci, fiquei completamente muda. Imagine, eu estou ali e me aparece esse homem de quase dois metros de altura que é um ícone na história do cinema. Mas ele é do tipo que chega e a gente já fica logo à vontade."
Aqui novamente assinala-se que essa sensação tão à vontade só é possível porque a Warner ao longo dos anos tolerou o estilo de dirigir meio frouxo de Eastwood. Ele não é do tipo que refaz uma cena até a morte, e não há registro em vídeo para rever cenas, quando Eastwood dirige um filme.
"Você vai pelo sentimento, até perceber que chegou ao ponto certo", revela Eastwood. "Você estabelece um parâmetro quando procura por algo, e sabe quando atinge esse parâmetro. Se não for assim, nem vale a pena fazer."
O ator Kevin Bacon observou Eastwood atentamente enquanto atuava em "Sobre Meninos e Lobos" e saiu da filmagem convencido de que já era hora de dirigir seu próprio filme: "Sinceramente é muito inspirador observar alguém que joga o jogo criando suas próprias regras", diz Bacon, cujo primeiro filme como diretor, "Loverboy", teve sua estréia no Festival de Sundance esse ano. "Clint faz os filmes que quer fazer, e os realiza à sua maneira."
A idéia de Eastwood realizando exatamente o que tem em mente pode ser parcialmente ilusória. O sistema de Hollywood, onde até mesmo um filme "pequeno" como "Menina de Ouro" pode significar apostas de milhões de dólares, não dá carta branca a ninguém.
Mesmo assim Eastwood conseguiu encontrar o melhor que o sistema pode proporcionar, assim como o sistema encontrou o melhor de Eastwood, num processo que parece fluido e sem esforço, mesmo quando não é bem assim.
Tudo o que dizia respeito a Clint acontecia de forma muito tranqüila", diz Terry S. Semel, presidente da Yahoo, que era co-presidente na Warner Brothers nos anos em que o rendimento de Eastwood era menos impressionante que o de hoje em dia.
"Com Clint, você nunca precisava falar com 14 pessoas antes de chegar a ele. Você só precisava falar com o próprio Clint, e tudo o que ele falava, fazia. E se preocupava com o dinheiro da Warner Brothers como se fosse o dele mesmo."
Tradução: Marcelo Godoy
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Agradeço a Marilia do blog: My Chronicles, pela indicação do link.
Meg Guimarães.
14/02/2005
Clint Eastwood ainda tem de lutar por seus filmes
Embora lhe dê lucro e prestígio, Warner faz exigências para diretor
David Carr
Em Burbank, Califórnia
Por cinco vezes nos últimos doze anos, o diretor Clint Eastwood proporcionou aos estúdios da Warner Brothers, que não são dos maiores fabricantes de vencedores de Oscars, o acesso aos prêmios da Academia Cinematográfica.
Merie W. Wallace/Warner Brother via NYT
Clint Eastwood e Hillary Swank estrelam o drama "Menina dos Olhos", que recebeu sete indicações
Ele dirigiu um premiado como melhor filme, "Os Imperdoáveis" ("Unforgiven") em 1993, e há dois anos dirigiu um dos indicados a melhor filme, "Sobre Meninos e Lobos" ("Mystic River"). Teve também Meryl Streep, que recebeu uma indicação como melhor atriz por "As Pontes de Madison", produção da Warner de 1995.
Até mesmo "Caubóis do Espaço" (Space Cowboys), a comédia sobre astronautas da velha guarda que Clint realizou para o estúdio em 2000, faturou uma indicação pelos seus efeitos sonoros.
Mas o sinal verde para novos projetos ainda não é fácil de ser conquistado pelo profissional de 74 anos, que fez dos domínios da Warner sua casa profissional desde 1975, e que já produziu, dirigiu e/ou estrelou cerca de 30 filmes para a empresa desde "Dirty Harry", em 1971.
Quando Eastwood propôs seu novo "Menina de Ouro" ("Million Dollar Baby"), o estúdio chiou, alegando "aversão do público" aos filmes sobre boxe, assim como já haviam criado obstáculos para "Sobre Meninos e Lobos", história sobre crimes-e-amizades que no princípio era considerada soturna demais. Os executivos da Warner só aprovaram o novo projeto quando um financiador externo, a Lakeshore Entertainment, concordou em dividir os custos.
À sombra de um enorme cartaz que alardeia as sete indicações do novo filme aos prêmios da Academia, entre elas para melhor filme e melhor diretor, o presidente dos estúdios, Alan F. Horn, fica mais que satisfeito ao admitir o equívoco do estúdio:
"Se eu estivesse aqui tendo que falar sobre como deixei 'Menina de Ouro' escapar para outro estúdio, estaria totalmente arrasado", diz Horn. "Ao olhar para trás, percebemos que os instintos dele estavam certos, incrivelmente certos. O importante é que no final do dia, e às vezes eram dias muito longos, víamos que os filmes avançavam."
O casamento profissional entre Eastwood e os estúdios Warner nunca foi do tipo simples --freqüentemente esteve submetido a provações e chegou a ser bem tensa. Mas no final das contas essa relação se mostrou incrivelmente produtiva, isso numa indústria em que um contrato de três anos chega a ser definido como um termo de longa duração.
Para a Warner, o Eastwood envelhecido --que começou com os western spaghettis de Sergio Leone e se entranhou na consciência americana como o intérprete do vingador Dirty Harry-- trouxe um retorno inesperado, com centenas de milhões de dólares arrecadados ao longo dos anos.
A Warner e o ator que se transformou em cineasta e nem sempre rezaram pela mesma cartilha. Mas, mesmo com todos os atritos e solavancos que se podem esperar de um longo relacionamento, a parceria de certa forma fez com que surgisse o melhor aspecto de um auteur de origem proletária que, já avançando nos seus setenta anos, está produzindo bons filmes com a regularidade de um trabalhador de fábrica.
Quando lhe perguntam sobre a relutância da Warner em produzir "Menina de Ouro", Eastwood se mostra um tanto rude, mas não amargo:
"Eu expliquei a eles que não era um filme de boxe, que era uma história de amor. Mas devo dizer que outros estúdios tinham a mesma opinião, embora muitos deles tenham manifestado interesse em trabalhar comigo. Eu disse a eles, 'Olhem só, eu não sou do tipo que fica bem de roupinha apertada ou dos que podem viver um super-herói', e, afinal, se eles não querem produzir esse filme, se não querem produzir dramas, por que é que estão no ramo do cinema?"
Para todos os efeitos, a relação Warner-Eastwood funciona na base do aperto de mão, do acordo entre cavalheiros. Eastwood não tem compromissos contratuais firmados com o estúdio --acerta os trabalhos filme por filme, e fará o próximo, "Flags of Our Fathers", para a DreamWorks SKG, com algum apoio da Warner. (A DreamWorks detém os direitos da história.)
Mas o bom nível de relacionamento de Eastwood com a Warner, em suas confortáveis instalações em Burbank, ficou evidente numa visita recente ao escritório de Eastwood por lá. Ele ocupa o bangalô que já foi utilizado por Harry Warner, agora ocupado pela firma do cineasta, a Malpaso Productions.
O clima é relax, até mesmo com toda a eletricidade gerada pela proximidade do Oscar.
A mulher dele, Dina Ruiz Eastwood, aparece por lá e serenamente brinca com a equipe sobre as roupas e as jóias que deverá usar na entrega dos Oscars, enquanto Eastwood atende os chamados da imprensa em seu escritório. Dina não quis pegar emprestado um relógio de U$ 10.000, e irá usar o seu próprio, de U$ 60, que mostra as horas com eficiência: a sobriedade é mesmo uma das pedras de toque na divisão Eastwood.
Após alguns minutos, Eastwood sai do escritório lá no fundo do bangalô, e Dina então pergunta se ele precisa de alguma coisa do mercado. "Hmmm, deixa eu ver --Viagra, Levitra e, ah sim, alguns Cialis (remédios contra a impotência)", arremata, detonando as gargalhadas entre a equipe e o próprio Eastwood.
Ele pode fazer esse tipo de piadas, não apenas porque já tem sete crianças, inclusive uma filha de 8 anos, mas também porque não sofre de ansiedade em relação à própria imagem. Ele não tem agente de imprensa.
"Num certo ponto da vida, você simplesmente é quem você é", diz, sorrindo.
Como ator e diretor, ele já deu vida a muitos homens aprisionados pelo arrependimento, mas o próprio Clint aparentemente não sofre desse mal.
Eastwood mergulha na poltrona e vai se esticando com os pés para se aproximar de uma mesa, parecendo ter todo o tempo do mundo. E 34 anos depois de dirigir seu primeiro filme, "Perversa Paixão" ("Play Misty for Me") --pelo qual a Universal Pictures não lhe pagou nada, mas garantiu uma porcentagem da bilheteria-- Clint conversa bem à vontade sobre todo o processo, inclusive sobre seu relacionamento com a Warner.
"Por um lado, é bom saber que as pessoas se lembram o bastante do filme para indicá-lo. Mas por outro lado, não ficamos pensando sobre isso desde o início do filme", diz o diretor sobre "Menina de Ouro".
Já tendo conquistado o prêmio da associação de diretores, o Directors Guild, por seu trabalho no filme, e nesse momento de bom impulso em direção à vitória nos Oscars, Eastwood vive um tempo de plena e doce vingança em relação ao seu estúdio. Embora Clint seja elegante demais para revelar detalhes, a Warner o havia colocado numa situação delicada antes de ele acertar a realização de "Sobre Meninos e Lobos", alguns anos atrás.
"No final daquele acerto eles disseram que me dariam um tanto de dinheiro e mais uma porcentagem", recorda Clint. "Eu tive que rir. Disse a meu agente que me sentia novamente como há 36 anos, quando fiz 'Perversa Paixão'. Já tenho mais de 70 anos e ainda tenho que ficar batalhando a venda de um projeto."
"Mas não os culpo, nem quis mudar os termos, porque me sentiria muito mal se o filme tivesse fracassado nas bilheterias", admite o cineasta. Além de trazer Oscars para um estúdio que não fatura muitos prêmios, "Sobre Meninos e Lobos" rendeu mais de US$ 150 milhões (equivalente a mais de R$ 400 milhões) nas bilheterias do mundo inteiro.
Depois de ter provado que estava certo em relação a "Sobre Meninos e Lobos", Eastwood ficou surpreso quando a Warner voltou a colocar obstáculos, quando ele apresentou ao estúdio a idéia de "Menina de Ouro". Eles alegaram o mau desempenho de filmes recentes sobre o mundo do boxe.
Mas Clint se mostra mais contrariado com o gigantismo da indústria --sempre a buscar o mega-filme para arrasar no mundo inteiro, em detrimento de projetos mais intimistas-- do que com as objeções da Warner, afirmando que "está tudo bem" na relação dele com o estúdio.
Apesar disso John Calley, ex-presidente da Sony Pictures e executivo da Warner que conviveu durante muitos anos com Eastwood por lá, se diz "abismado" com o fato de que Clint precisou implorar por financiamento depois do sucesso de "Sobre Meninos e Lobos". "Ele tem uma das médias de eficácia mais altas no mercado", diz Calley, lembrando que a Warner deve a Eastwood uma quantia significativa.
"Ele carregou a Warner nas costas durante muitos anos, sendo que (na época) foi bem reconhecido pelo tipo de homem que era e pelo trabalho que desempenhava", diz Calley. "Clint é diferente de outros cineastas, é um artista verdadeiro. Não fica posando ou se apresentando como artista, e nunca se dispersa no caminho do objetivo que tenta alcançar."
À meia-luz no ambiente emadeirado do bangalô, Eastwood tem aparência envelhecida --afinal, 74 são 74-- mas o tempo até que faz bem ao rosto dele.
E ninguém aqui está dizendo que um cineasta precisa ser capaz de "puxar" 100 flexões de braço para ocupar seu posto atrás das câmeras, embora Eastwood pareça ser capaz dessa proeza. John Huston tinha 79 quando dirigiu "A Honra do Poderoso Prizzi", Akira Kurosawa, 75 quando fez "Ran", e, aos 73 anos, Mike Nichols acaba de fazer um filme, "Closer", absolutamente pleno de contemporaneidade.
"Se você observar os últimos oito anos, dirá que o envelhecimento melhorou o trabalho dele", diz Steven Spielberg, que irá produzir o próximo filme de Eastwood: "Na idade dele, Clint ainda tem a capacidade de surpreender, em parte porque tem gostos bem ecléticos. Ele nos maravilhou, a todos, em seus dois últimos filmes, apresentando trabalhos de qualidade excepcional".
Na verdade, a Warner teve que esperar um tempo por esse trabalho excepcional, apoiando Eastwood ao longo dos anos quando ele sofria com a má recepção (por parte do público) de filmes como "Bird" e "Coração de Caçador".
Agora, Eastwood é novamente o diretor que se refere à sua porção de intérprete como uma coisa do passado. "Eu me diverti tanto sendo apenas diretor em `Sobre Meninos e Lobos' que achei que havia me aposentado como ator", confessa o diretor.
"Mas aí veio esse papel para 'Menina de Ouro' e eu tive que interpretá-lo, porque me permitiu um mergulho intenso no personagem. E aí quando fui ver já tinha que fazê-lo. Mas agora já estou aposentado novamente. Estou dando uma de Frank Sinatra --só me "desaposentarei" quando sentir que é o momento."
A protagonista Hilary Swank,por sua vez, diz estar feliz porque Eastwood ainda se mostra disposto a atingir objetivos como ator, ao mesmo tempo em que indica esses objetivos para os outros atores. "Ele é incrivelmente bom como ator", diz Hilary. "Quando o conheci, fiquei completamente muda. Imagine, eu estou ali e me aparece esse homem de quase dois metros de altura que é um ícone na história do cinema. Mas ele é do tipo que chega e a gente já fica logo à vontade."
Aqui novamente assinala-se que essa sensação tão à vontade só é possível porque a Warner ao longo dos anos tolerou o estilo de dirigir meio frouxo de Eastwood. Ele não é do tipo que refaz uma cena até a morte, e não há registro em vídeo para rever cenas, quando Eastwood dirige um filme.
"Você vai pelo sentimento, até perceber que chegou ao ponto certo", revela Eastwood. "Você estabelece um parâmetro quando procura por algo, e sabe quando atinge esse parâmetro. Se não for assim, nem vale a pena fazer."
O ator Kevin Bacon observou Eastwood atentamente enquanto atuava em "Sobre Meninos e Lobos" e saiu da filmagem convencido de que já era hora de dirigir seu próprio filme: "Sinceramente é muito inspirador observar alguém que joga o jogo criando suas próprias regras", diz Bacon, cujo primeiro filme como diretor, "Loverboy", teve sua estréia no Festival de Sundance esse ano. "Clint faz os filmes que quer fazer, e os realiza à sua maneira."
A idéia de Eastwood realizando exatamente o que tem em mente pode ser parcialmente ilusória. O sistema de Hollywood, onde até mesmo um filme "pequeno" como "Menina de Ouro" pode significar apostas de milhões de dólares, não dá carta branca a ninguém.
Mesmo assim Eastwood conseguiu encontrar o melhor que o sistema pode proporcionar, assim como o sistema encontrou o melhor de Eastwood, num processo que parece fluido e sem esforço, mesmo quando não é bem assim.
Tudo o que dizia respeito a Clint acontecia de forma muito tranqüila", diz Terry S. Semel, presidente da Yahoo, que era co-presidente na Warner Brothers nos anos em que o rendimento de Eastwood era menos impressionante que o de hoje em dia.
"Com Clint, você nunca precisava falar com 14 pessoas antes de chegar a ele. Você só precisava falar com o próprio Clint, e tudo o que ele falava, fazia. E se preocupava com o dinheiro da Warner Brothers como se fosse o dele mesmo."
Tradução: Marcelo Godoy
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Agradeço a Marilia do blog: My Chronicles, pela indicação do link.
Meg Guimarães.
Do E-beth
A Beth faz tricô, crochê. Essas delicadezas que minha mãe e a Escola tentaram, tentaram e fracassaram fragorosamente. Só aprendi a costurar gente. E fica bonitinho viu? Pois há um site com obras em homenagens às vítimas do tsunami: The Tsunami Quilt. Pra quem gosta destas frescurinhas.
A Beth faz tricô, crochê. Essas delicadezas que minha mãe e a Escola tentaram, tentaram e fracassaram fragorosamente. Só aprendi a costurar gente. E fica bonitinho viu? Pois há um site com obras em homenagens às vítimas do tsunami: The Tsunami Quilt. Pra quem gosta destas frescurinhas.
sábado, fevereiro 19, 2005
Crônica da noite
Porque eu estou escrevendo muito (e mal), é melhor parar e postar alguma coisa de alguém que sabe o que dizer.
Pensamentos rebeldes
19/06/2003
Por Ana Kessler
São 7h. O despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede. Estou TÃO acabada, não queria ter que trabalhar hoje. Quero ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando, até. Se tivesse filhos, gastaria a manhã brincando com eles, se tivesse cachorro, passeando pelas redondezas. Aquário? Olhando os peixinhos nadarem. Espaço? Fazendo alongamento. Leite condensado? Brigadeiro. Tudo menos sair da cama, engatar uma primeira e colocar o cérebro pra funcionar.
Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a matriz das feministas que teve a infeliz idéia de reivindicar direitos à mulher e por quê ela fez isso conosco, que nascemos depois dela. Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós, elas passavam o dia a bordar, a trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando crianças, freqüentando saraus, a vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.
Aí vem uma fulaninha qualquer que não gostava de sutiã tampouco de espartilho, e contamina várias outras rebeldes inconseqüentes com idéias mirabolantes sobre "vamos conquistar o nosso espaço". Que espaço, minha filha? Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo a seus pés. Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para comer, vestir, e se exibir para os amigos, que raio de direitos requerer? Agora eles estão aí, todos confusos, não sabem mais que papéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós como o diabo da cruz. Essa brincadeira de vocês acabou é nos enchendo de deveres, isso sim. E nos lançando no calabouço da solteirice aguda.
Antigamente, os casamentos duravam para sempre, tripla jornada era coisa do Bernard do vôlei - e olhe lá, porque naquela época não existia Bernard e, se duvidar, nem vôlei. Por quê, me digam por quê um sexo que tinha tudo do bom e do melhor, que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo? Olha o tamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso. Tava na cara que isso não ia dar certo.
Não agüento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, que sapatos, acessórios, que perfume combina com o meu humor, nem de ter que sair correndo, ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada, de morrer atropelada, passar o dia ereta na frente do computador, com o telefone no ouvido, resolvendo problemas. Somos fiscalizadas e cobradas por nós mesmas a estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, cheirosas, unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados, doutorados, e especializações. Viramos super mulheres, continuamos a ganhar menos do que eles. Não era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço?
Chega, eu quero alguém que pague as minhas contas, abra a porta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela - ai, meu Deus, 7h30, tenho que levantar!, e tem mais, que chegue do trabalho, sente no sofá, coloque os pés pra cima e diga "meu bem, me traz uma dose de whisky, por favor?", descobri que nasci pra servir. Cês pensam que eu tô ironizando? Tô falando sério! Estou abdicando do meu posto de mulher moderna... Troco pelo de Amélia. Alguém se habilita?
*
Tia Selmira superinformatizada me mandou um e-mail divertidíssimo com definições para a palavra TPM. Ei-las:
- Todos Problemas Misturados
- Tendências a Pontapés e Murros
- Temporada Proibida para Machos
- Tô Pirada Mesmo
- Tocou, Perguntou, Morreu
- Tire a Porra da Mão!
- Tente no Próximo Mês
- Tempo Para Meditação
- Totalmente Pirada e Maluca
- Tendência Para Matar
- Tenha Paciência Meu
- Tira as Patas, Moleque
- Tudo Parece uma Merda
- Tô Padecendo na Masmorra (essa fui eu que inventei, ho-ho-ho)
Porque eu estou escrevendo muito (e mal), é melhor parar e postar alguma coisa de alguém que sabe o que dizer.
Pensamentos rebeldes
19/06/2003
Por Ana Kessler
São 7h. O despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede. Estou TÃO acabada, não queria ter que trabalhar hoje. Quero ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando, até. Se tivesse filhos, gastaria a manhã brincando com eles, se tivesse cachorro, passeando pelas redondezas. Aquário? Olhando os peixinhos nadarem. Espaço? Fazendo alongamento. Leite condensado? Brigadeiro. Tudo menos sair da cama, engatar uma primeira e colocar o cérebro pra funcionar.
Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a matriz das feministas que teve a infeliz idéia de reivindicar direitos à mulher e por quê ela fez isso conosco, que nascemos depois dela. Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós, elas passavam o dia a bordar, a trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando crianças, freqüentando saraus, a vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.
Aí vem uma fulaninha qualquer que não gostava de sutiã tampouco de espartilho, e contamina várias outras rebeldes inconseqüentes com idéias mirabolantes sobre "vamos conquistar o nosso espaço". Que espaço, minha filha? Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo a seus pés. Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para comer, vestir, e se exibir para os amigos, que raio de direitos requerer? Agora eles estão aí, todos confusos, não sabem mais que papéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós como o diabo da cruz. Essa brincadeira de vocês acabou é nos enchendo de deveres, isso sim. E nos lançando no calabouço da solteirice aguda.
Antigamente, os casamentos duravam para sempre, tripla jornada era coisa do Bernard do vôlei - e olhe lá, porque naquela época não existia Bernard e, se duvidar, nem vôlei. Por quê, me digam por quê um sexo que tinha tudo do bom e do melhor, que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo? Olha o tamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso. Tava na cara que isso não ia dar certo.
Não agüento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, que sapatos, acessórios, que perfume combina com o meu humor, nem de ter que sair correndo, ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada, de morrer atropelada, passar o dia ereta na frente do computador, com o telefone no ouvido, resolvendo problemas. Somos fiscalizadas e cobradas por nós mesmas a estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, cheirosas, unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados, doutorados, e especializações. Viramos super mulheres, continuamos a ganhar menos do que eles. Não era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço?
Chega, eu quero alguém que pague as minhas contas, abra a porta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela - ai, meu Deus, 7h30, tenho que levantar!, e tem mais, que chegue do trabalho, sente no sofá, coloque os pés pra cima e diga "meu bem, me traz uma dose de whisky, por favor?", descobri que nasci pra servir. Cês pensam que eu tô ironizando? Tô falando sério! Estou abdicando do meu posto de mulher moderna... Troco pelo de Amélia. Alguém se habilita?
*
Tia Selmira superinformatizada me mandou um e-mail divertidíssimo com definições para a palavra TPM. Ei-las:
- Todos Problemas Misturados
- Tendências a Pontapés e Murros
- Temporada Proibida para Machos
- Tô Pirada Mesmo
- Tocou, Perguntou, Morreu
- Tire a Porra da Mão!
- Tente no Próximo Mês
- Tempo Para Meditação
- Totalmente Pirada e Maluca
- Tendência Para Matar
- Tenha Paciência Meu
- Tira as Patas, Moleque
- Tudo Parece uma Merda
- Tô Padecendo na Masmorra (essa fui eu que inventei, ho-ho-ho)
Semana no capricho.
Plantão na terça com o “colega”.
A justiça foi plena, ainda que, para quem é filho da puta, sempre haja um jeitinho de se safar. Passei o plantão de cama com cólica menstrual, uma das mais longas de minha vida, quase doze horas. Não atendi quase nada. Claro que sempre que me chamaram eu fui, me arrastando, mas fui. Acontece que só me chamaram pra ver os pacientes particulares. Em todos os casos de pediatria alguém atendeu os pacientes, mas desconfio que quase todos ele empurrou pras pediatras do ambulatório (havia duas). Reavaliei duas ou três, quando melhorei um pouco. Pra completar, uma dor horrorosa no joelho esquerdo revelou-se uma epicondilite, segundo o ortopedista do ambulatório. Costuma ser causada por esforço, é comum em jogadores de futebol e no cotovelo. Onde foi que eu arranjei isso? O tratamento consiste em crioterapia (onde se arranja tempo e gelo num plantão?), antiinflamatório (disponível ali, só injetável) e repouso (como?).
A única coisa realmente útil que fiz foi acompanhar uma gestante com 27 semanas de IG e 9 cm de dilatação, sem dinâmica uterina. Após umas dez horas sem evolução do quadro, e três telefonemas pra Central de Leitos, que se recusava a transferí-la temendo o parto na estrada, me ofereci para levá-la até Recife. Depois de um Voltaren injetável, claro, senão a cólica voltava.
Umas duas horas de estrada, parando noutra cidade pra solicitar sangue para um paciente do “colega”, que resolveu encher o motorista da ambulância com o pedido só pra aumentar o trabalho do coitado que já devia ter largado mas aceitou a viagem. Conversando pra não dormir, rezando a cada cruz na estrada pela alma do atropelado (e são muitas), até saber porque fazem umas casinhas com cruz em cima (colocam a imagem de um santo dentro e acendem velas pela alma do falecido) e descobrir que uma fila de 49 palmeiras-reais foi plantada diante de uma propriedade devido a um acidente que vitimou 49 pessoas (pra não colocarem 49 cruzes). Boa idéia.
Acabei revisitando a maternidade onde estudei uns dois anos e a quem devo quase todo o conhecimento de Neonatologia que tenho hoje. Ficou linda depois da última reforma. Deu uma saudade absurda daquele tempo (qualquer bronca era só chamar as pediatras do plantão), da sala de parto, das horas eu passávamos evoluido e avaliando os recém-nascidos. Deu vontade de ficar por lá.
Mais duas horas pra voltar, descobrir que aquele tipo de sangue estava em falta (só no dia seguinte), ainda bem que não era urgente. Saber das fofocas políticas das porcarias de uns municípios onde tive a infelicidade de trabalhar e ter a alegria de saber que pelo menos um prefeito havia sido derrotado na última eleição.
Cheguei mais de meia-noite em Surubim e descobri que quem ficou atendendo a pediatria foi a irmã do dono do hospital, que só estava dormindo por lá pra fazer ambulatório no dia seguinte. Pedi milhares de desculpas e falei que Dr Fulano havia dito que atendia a pediatia (acabou-se o tempo de ficar calada e levar a culpa pelo que não se fez). Ela nem se importou, ou é muito educada pra me dizer, de atender os pacientes. Deus a abençoe. Deu pra dormir umas duas horas. Então começou o meu horário e não parei o resto da madrugada. Mais uma das crianças que havia sido atendida pelo “colega” voltou, com prescrição de amoxicilina (acho que é o único antibiótico que ele sabe a dose pediátrica) e pior. Outra pneumonia, se não me engano.
Plantão na terça com o “colega”.
A justiça foi plena, ainda que, para quem é filho da puta, sempre haja um jeitinho de se safar. Passei o plantão de cama com cólica menstrual, uma das mais longas de minha vida, quase doze horas. Não atendi quase nada. Claro que sempre que me chamaram eu fui, me arrastando, mas fui. Acontece que só me chamaram pra ver os pacientes particulares. Em todos os casos de pediatria alguém atendeu os pacientes, mas desconfio que quase todos ele empurrou pras pediatras do ambulatório (havia duas). Reavaliei duas ou três, quando melhorei um pouco. Pra completar, uma dor horrorosa no joelho esquerdo revelou-se uma epicondilite, segundo o ortopedista do ambulatório. Costuma ser causada por esforço, é comum em jogadores de futebol e no cotovelo. Onde foi que eu arranjei isso? O tratamento consiste em crioterapia (onde se arranja tempo e gelo num plantão?), antiinflamatório (disponível ali, só injetável) e repouso (como?).
A única coisa realmente útil que fiz foi acompanhar uma gestante com 27 semanas de IG e 9 cm de dilatação, sem dinâmica uterina. Após umas dez horas sem evolução do quadro, e três telefonemas pra Central de Leitos, que se recusava a transferí-la temendo o parto na estrada, me ofereci para levá-la até Recife. Depois de um Voltaren injetável, claro, senão a cólica voltava.
Umas duas horas de estrada, parando noutra cidade pra solicitar sangue para um paciente do “colega”, que resolveu encher o motorista da ambulância com o pedido só pra aumentar o trabalho do coitado que já devia ter largado mas aceitou a viagem. Conversando pra não dormir, rezando a cada cruz na estrada pela alma do atropelado (e são muitas), até saber porque fazem umas casinhas com cruz em cima (colocam a imagem de um santo dentro e acendem velas pela alma do falecido) e descobrir que uma fila de 49 palmeiras-reais foi plantada diante de uma propriedade devido a um acidente que vitimou 49 pessoas (pra não colocarem 49 cruzes). Boa idéia.
Acabei revisitando a maternidade onde estudei uns dois anos e a quem devo quase todo o conhecimento de Neonatologia que tenho hoje. Ficou linda depois da última reforma. Deu uma saudade absurda daquele tempo (qualquer bronca era só chamar as pediatras do plantão), da sala de parto, das horas eu passávamos evoluido e avaliando os recém-nascidos. Deu vontade de ficar por lá.
Mais duas horas pra voltar, descobrir que aquele tipo de sangue estava em falta (só no dia seguinte), ainda bem que não era urgente. Saber das fofocas políticas das porcarias de uns municípios onde tive a infelicidade de trabalhar e ter a alegria de saber que pelo menos um prefeito havia sido derrotado na última eleição.
Cheguei mais de meia-noite em Surubim e descobri que quem ficou atendendo a pediatria foi a irmã do dono do hospital, que só estava dormindo por lá pra fazer ambulatório no dia seguinte. Pedi milhares de desculpas e falei que Dr Fulano havia dito que atendia a pediatia (acabou-se o tempo de ficar calada e levar a culpa pelo que não se fez). Ela nem se importou, ou é muito educada pra me dizer, de atender os pacientes. Deus a abençoe. Deu pra dormir umas duas horas. Então começou o meu horário e não parei o resto da madrugada. Mais uma das crianças que havia sido atendida pelo “colega” voltou, com prescrição de amoxicilina (acho que é o único antibiótico que ele sabe a dose pediátrica) e pior. Outra pneumonia, se não me engano.
Plantão em 16.02.05
Já estava certo que eu ia dar esse plantão para Roberto (esse, sim, um colega) desde semana passada. Avisei que o primeiro ônibus chegaria umas 8 horas e aceitaram. Conheci o hospital no sábado passado, quando foi meu primeiro plantão. Avisaram que o plantão era muito calmo porque havia duas emergências da prefeitura e só se ia pra lá quando era caso de internamento pra cirurgia. Pois no sábado não havia médico nas duas emergências e achei que na quarta também, pelo movimento ininterrupto.
Além de 24 horas de plantão pela frente, Roberto ligou na terça porque foi aprovado na residência em Fortaleza e pediu pra dar o plantão dele na quinta-feira. Mais 12 horas. E como estava indo embora, me ofereceu pra ficar com os dois plantões. Graças a Deus que estou mudando pra segunda-feira no outro hospital, então dava pra aceitar.
Não parei até nove da noite. Além da emergência, um paciente internado no sábado apresentou um sangramento digestivo, piorou e foi a óbito. Fui eu quem o internou, para uma cirurgia de fêmur, devido a fratura. Como sempre, perguntei sobre pressão, diabetes, alcoolismo, tabagismo, asma, uso de medicações, alergias, outras doenças. Tudo registrado na ficha. Ele negou tudo. Na quarta-feira, a filha falou que ele era alcoolista e a enfermagem me contou que ele fora pego fumando. Era meio-dia e ele havia apresentado outra hemorragia. Pedi uma endoscopia urgente, iniciei medicação pra gastrite. A EDA só seria feita sábado no hospital. Liguei pra Central de Leitos e solicitei uma transferência para o HR às três da tarde. A ambulância chegou às sete e meia da noite. Ele faleceu às seis.
Claro que não foi culpa da ambulância. A Central só tem três ambulâncias pra cobrir a região metropolitana de Recife e só libera pra grandes urgências. O motorista, que pegava às sete da noite, chegou às seis e meia e viu o pedido. Veio imediatamente. O interessante é que eu liguei cancelando a ambulância e me informaram que não havia nenhum pedido. O problema é que, além do hospital não ter ambulância própria, o município não libera as ambulâncias de suas emergências. Eu falei pessoalmente com a enfermeira-chefe de uma delas e a pobrezinha tem ordem de não liberar. Pior, dois pacientes que encaminhei pro HR foram até a emergência municipal pedir pra serem levados e não levaram. Ainda telefonaram pra nós, como se fosse culpa nossa. Já que a ambulância da Central estava por lá, consegui que os levasse. Descobri que havia, sim, médico na emergência municipal “mas como só tem um, só estamos atendendo grandes emergências”. Ora, eu também sou só uma. Ou esse povo me vê em dobro?
À noite teve pouco movimento. Acho que chegou mais um médico na outra emergência. Só acordei uma vez, com um paciente agitado após uma cirurgia de colo de fêmur. “Já passei quatro dias sem me mexer e agora me amarraram”. Era o efeito da anestesia raquidiana, claro que ele não se mexia. O resto na noite foi tranquilo, deu pra dormir. Mas nunca se dorme direito num plantão.
Já estava certo que eu ia dar esse plantão para Roberto (esse, sim, um colega) desde semana passada. Avisei que o primeiro ônibus chegaria umas 8 horas e aceitaram. Conheci o hospital no sábado passado, quando foi meu primeiro plantão. Avisaram que o plantão era muito calmo porque havia duas emergências da prefeitura e só se ia pra lá quando era caso de internamento pra cirurgia. Pois no sábado não havia médico nas duas emergências e achei que na quarta também, pelo movimento ininterrupto.
Além de 24 horas de plantão pela frente, Roberto ligou na terça porque foi aprovado na residência em Fortaleza e pediu pra dar o plantão dele na quinta-feira. Mais 12 horas. E como estava indo embora, me ofereceu pra ficar com os dois plantões. Graças a Deus que estou mudando pra segunda-feira no outro hospital, então dava pra aceitar.
Não parei até nove da noite. Além da emergência, um paciente internado no sábado apresentou um sangramento digestivo, piorou e foi a óbito. Fui eu quem o internou, para uma cirurgia de fêmur, devido a fratura. Como sempre, perguntei sobre pressão, diabetes, alcoolismo, tabagismo, asma, uso de medicações, alergias, outras doenças. Tudo registrado na ficha. Ele negou tudo. Na quarta-feira, a filha falou que ele era alcoolista e a enfermagem me contou que ele fora pego fumando. Era meio-dia e ele havia apresentado outra hemorragia. Pedi uma endoscopia urgente, iniciei medicação pra gastrite. A EDA só seria feita sábado no hospital. Liguei pra Central de Leitos e solicitei uma transferência para o HR às três da tarde. A ambulância chegou às sete e meia da noite. Ele faleceu às seis.
Claro que não foi culpa da ambulância. A Central só tem três ambulâncias pra cobrir a região metropolitana de Recife e só libera pra grandes urgências. O motorista, que pegava às sete da noite, chegou às seis e meia e viu o pedido. Veio imediatamente. O interessante é que eu liguei cancelando a ambulância e me informaram que não havia nenhum pedido. O problema é que, além do hospital não ter ambulância própria, o município não libera as ambulâncias de suas emergências. Eu falei pessoalmente com a enfermeira-chefe de uma delas e a pobrezinha tem ordem de não liberar. Pior, dois pacientes que encaminhei pro HR foram até a emergência municipal pedir pra serem levados e não levaram. Ainda telefonaram pra nós, como se fosse culpa nossa. Já que a ambulância da Central estava por lá, consegui que os levasse. Descobri que havia, sim, médico na emergência municipal “mas como só tem um, só estamos atendendo grandes emergências”. Ora, eu também sou só uma. Ou esse povo me vê em dobro?
À noite teve pouco movimento. Acho que chegou mais um médico na outra emergência. Só acordei uma vez, com um paciente agitado após uma cirurgia de colo de fêmur. “Já passei quatro dias sem me mexer e agora me amarraram”. Era o efeito da anestesia raquidiana, claro que ele não se mexia. O resto na noite foi tranquilo, deu pra dormir. Mas nunca se dorme direito num plantão.
Dia 17.02.05
Acordei com Ado telefonando. Ele veio me trazer mais roupas e ficou um pouquinho comigo. Ele estava com uma cara horrível, também não dormiu direito nesses dias. Dormindo estava eu, não lembro de nada que ele conversou.
Foi um dia bem mais tranquilo, metade do movimento do dia anterior. Alguns retornos de pacientes particulares de roberto. Ainda bem que a letra dele é boa e os registros são acurados. Na maioria da vezes, quando eu pego uma ficha de um paciente que não é meu, é uma luta pra decifrar a letra e o raciocício do outro médico. Geralmente não se anota a hipótese diagnóstica. Entendo que não se anote muito, como se vê num hospital universitário, mas se se anota o essencial, dá pra prosseguir com o caso. Estou acostumada a pedir que o paciente conte novamente a história, a queixa, pra só então perguntar como está agora, se a medicação funcionou, etc. Como Roberto não vai voltar, se der tudo certo, vou ficar com esses pacientes.
Fui rendida antes das seis horas. Eu havia pedido apenas pro colega não se atrasar. Eis que me chega um amigão, que eu não via há uns seis anos. Demos nosso primeiro plantão voluntário juntos. Éramos de faculdades diferentes, mas do mesmo período. Nunca tivemos uma briga por causa das Universidades, nada de rivalidade. Quando o plantão acabou fomos perdendo contato. Eu não o reconheci. Está 30 quilos mais gordo, mas ele me reconheceu. Sabe aquela situação, “de onde eu conheço?”. A solução, pra mim, é ser sincera. “Desculpe, de onde eu lhe conheço?”. Ainda mais porque agora ele é conhecido pelo sobrenome (resquício do Exército) e eu sempre o chamei de Antônio. Se eu não estivesse tão cansada, teria ficado botando o papo em dia. Haverão muitas trocas de plantão, se Deus quiser.
Acordei com Ado telefonando. Ele veio me trazer mais roupas e ficou um pouquinho comigo. Ele estava com uma cara horrível, também não dormiu direito nesses dias. Dormindo estava eu, não lembro de nada que ele conversou.
Foi um dia bem mais tranquilo, metade do movimento do dia anterior. Alguns retornos de pacientes particulares de roberto. Ainda bem que a letra dele é boa e os registros são acurados. Na maioria da vezes, quando eu pego uma ficha de um paciente que não é meu, é uma luta pra decifrar a letra e o raciocício do outro médico. Geralmente não se anota a hipótese diagnóstica. Entendo que não se anote muito, como se vê num hospital universitário, mas se se anota o essencial, dá pra prosseguir com o caso. Estou acostumada a pedir que o paciente conte novamente a história, a queixa, pra só então perguntar como está agora, se a medicação funcionou, etc. Como Roberto não vai voltar, se der tudo certo, vou ficar com esses pacientes.
Fui rendida antes das seis horas. Eu havia pedido apenas pro colega não se atrasar. Eis que me chega um amigão, que eu não via há uns seis anos. Demos nosso primeiro plantão voluntário juntos. Éramos de faculdades diferentes, mas do mesmo período. Nunca tivemos uma briga por causa das Universidades, nada de rivalidade. Quando o plantão acabou fomos perdendo contato. Eu não o reconheci. Está 30 quilos mais gordo, mas ele me reconheceu. Sabe aquela situação, “de onde eu conheço?”. A solução, pra mim, é ser sincera. “Desculpe, de onde eu lhe conheço?”. Ainda mais porque agora ele é conhecido pelo sobrenome (resquício do Exército) e eu sempre o chamei de Antônio. Se eu não estivesse tão cansada, teria ficado botando o papo em dia. Haverão muitas trocas de plantão, se Deus quiser.
Do All Things
BAFTA é o prêmio da Academia Britânica de Filmes e Artes Televisivas (traduzindo) e sempre acontece em Londres, onde concorrem filmes e programas televisivos. Ah quer saber mais então vai no site oficial porquê eu preciso mimir - estou abrindo a loja, de novo!- e ainda tenho mil coisas pra escrever!
Site oficial, corra lá tá bom e não fique boiando mais no assunto!
http://www.bafta.org/ (estou muito orgulhosa de você ter seguido meu conselho e ter ido até lá!)
Concorrentes e vencedores:
FILM
THE AVIATOR - Michael Mann / Sandy Climan / Graham King / Charles Evans Jr
ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND - Steve Golin / Anthony Bregman
FINDING NEVERLAND - Richard N Gladstein / Nellie Bellflower
THE MOTORCYCLE DIARIES (DIARIOS DE MOTOCICLETA) - Michael Nozik / Edgard Tenembaum / Karen Tenkhoff
VERA DRAKE - Simon Channing Williams / Alain Sarde
The Alexander Korda Award for the outstanding British film of the year
DEAD MAN’S SHOES - Mark Herbert / Shane Meadows
HARRY POTTER AND THE PRISONER OF AZKABAN - David Heyman / Chris Columbus / Mark Radcliffe / Alfonso Cuarón
MY SUMMER OF LOVE - Tanya Seghatchian / Christopher Collins / Pawel Pawlikowski SHAUN OF THE DEAD - Nira Park / Edgar Wright
VERA DRAKE - Simon Channing Williams / Alain Sarde / Mike Leigh
The Carl Foreman Award FOR SPECIAL ACHIEVEMENT BY A BRITISH DIRECTOR/PRODUCER OR WRITER IN THEIR FIRST FEATURE FILM
AMMA ASANTE - Director/Writer (for A Way of Life)
ANDREA GIBB - Writer (for Afterlife)
MATTHEW VAUGHN - Director (for Layer Cake)
NIRA PARK - Producer (for Shaun of the Dead)
SHONA AUERBACH - Director (for Dear Frankie)
The David Lean Award for achievement in Direction
THE AVIATOR - Martin Scorsese
COLLATERAL - Michael Mann
ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND - Michel Gondry
FINDING NEVERLAND - Marc Forster
VERA DRAKE - Mike Leigh
ORIGINAL SCREENPLAY
THE AVIATOR - John Logan
COLLATERAL - Stuart Beattie
ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND - Charlie Kaufman
RAY - James L White
VERA DRAKE - Mike Leigh
ADAPTED SCREENPLAY
THE CHORUS (LES CHORISTES) - Christophe Barratier / Philippe Lopes-Curval
CLOSER - Patrick Marber
FINDING NEVERLAND - David Magee
THE MOTORCYCLE DIARIES (DIARIOS DE MOTOCICLETA) - José Rivera
SIDEWAYS - Alexander Payne / Jim Taylor
Film not in the english language
LES CHORISTES (THE CHORUS) - Arthur Cohn / Nicolas Mauvernay / Jacques Perrin / Christophe Barratier
DIARIOS DE MOTOCICLETA (THE MOTORCYCLE DIARIES) - Michael Nozik / Edgard Tenembaum / Karen Tenkhoff / Walter Salles
UN LONG DIMANCHE DE FIANCAILLES (A VERY LONG ENGAGEMENT) - Francis Boespflug / Jean-Pierre Jeunet
LA MALA EDUCACION (BAD EDUCATION) - Agustín Almodóvar / Pedro Almodóvar
SHI MIAN MAI FU (HOUSE OF FLYING DAGGERS) - Bill Kong / Zhang Yimou
Actor in a Leading Role
GAEL GARCÍA BERNAL - The Motorcycle Diaries (Diarios de Motocicleta)
JAMIE FOXX - Ray
JIM CARREY - Eternal Sunshine of the Spotless Mind
JOHNNY DEPP - Finding Neverland
LEONARDO DICAPRIO - The Aviator
Actress in a leading Role
CHARLIZE THERON - Monster
IMELDA STAUNTON - Vera Drake
KATE WINSLET - Eternal Sunshine of the Spotless Mind
KATE WINSLET - Finding Neverland
ZIYI ZHANG - House of Flying Daggers (Shi Mian Mai Fu)
Actor in a Supporting Role
ALAN ALDA - The Aviator
CLIVE OWEN - Closer
JAMIE FOXX - Collateral
PHIL DAVIS - Vera Drake
RODRIGO DE LA SERNA - The Motorcycle Diaries (Diarios de Motocicleta)
Actress in a supporting role
CATE BLANCHETT - The Aviator
HEATHER CRANEY - Vera Drake
JULIE CHRISTIE - Finding Neverland
MERYL STREEP - The Manchurian Candidate
NATALIE PORTMAN - Closer
The anthony asquith award for achievenment in film music
THE AVIATOR - Howard Shore
THE CHORUS (LES CHORISTES) - Bruno Coulais
THE MOTORCYCLE DIARIES (DIARIOS DE MOTOCICLETA) - Gustavo Santaolalla FINDING NEVERLAND - Jan A P Kaczmarek
RAY - Craig Armstrong
Cinematography
THE AVIATOR - Robert Richardson
COLLATERAL - Dion Beebe / Paul Cameron
FINDING NEVERLAND - Roberto Schaefer
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Zhao Xiaoding
THE MOTORCYCLE DIARIES (DIARIOS DE MOTOCICLETA) - Eric Gautier
Editing
THE AVIATOR - Thelma Schoonmaker
COLLATERAL -Jim Miller / Paul Rubell
ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND - Valdís Óskarsdóttir
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Cheng Long
VERA DRAKE - Jim Clark
Production design
THE AVIATOR - Dante Ferretti
FINDING NEVERLAND - Gemma Jackson
HARRY POTTER AND THE PRISONER OF AZKABAN - Stuart Craig
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Huo Tingxiao
VERA DRAKE - Eve Stewart
Costume design
THE AVIATOR - Sandy Powell
FINDING NEVERLAND - Alexandra Byrne
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Emi Wada
THE MERCHANT OF VENICE - Sammy Sheldon
VERA DRAKE - Jacqueline Durran
Sound
THE AVIATOR - Philip Stockton / Eugene Gearty / Petur Hliddal / Tom Fleischman
COLLATERAL - Elliott L Koretz / Lee Orloff / Michael Minkler / Myron Nettinga
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Tao Jing / Roger Savage
RAY - Steve Cantamessa / Scott Millan / Greg Orloff / Bob Beemer
SPIDER-MAN 2 - Paul N J Ottosson / Kevin O’Connell / Greg P Russell / Jeffrey J Haboush
Achievement in special visual effects
THE AVIATOR - Rob Legato / Pete Travers / Matthew Gratzner / Bruce Steinheimer
THE DAY AFTER TOMORROW - Karen E Goulekas / Neil Corbould / Greg Strause / Remo Balcells
HARRY POTTER AND THE PRISONER OF AZKABAN - John Richardson / Roger Guyett /Tim Burke / Bill George / Karl Mooney
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Angie Lam / Andy Brown / Kirsty Millar / Luke Hetherington
SPIDER-MAN 2 - John Dykstra / Scott Stokdyk / Anthony La Molinara / John Frazier
Make up & hair
THE AVIATOR - Morag Ross / Kathryn Blondell /Sian Grigg
FINDING NEVERLAND - Christine Blundell
HARRY POTTER AND THE PRISONER OF AZKABAN - Amanda Knight / Eithné Fennell / Nick Dudman
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Kwan Lee-Na / Yang Xiaohai / Chau Siu-Mui
VERA DRAKE - Christine Blundell
Short Animation
BIRTHDAY BOY - Andrew Gregory / Sejong Park
CITY PARADISE - Erika Forzy / Gaëlle Denis
HEAVY POCKETS - Jane Robertson / Sarah Cox
HIS PASSIONATE BRIDE - Sylvie Bringas / Monika Forsberg
LITTLE THINGS - Daniel Greaves
Short film
THE BANKER - Kelly Broad / Hattie Dalton
CAN’T STOP BREATHING - Ravinder Basra / Amy Neil
ELEPHANT BOY - René Mohandas / Durdana Shaikh
KNITTING A LOVE SONG - Debbie Ballin / Annie Watson
SIX SHOOTER - Mia Bays / Kenton Allen / Martin McDonagh
THE ORANGE FILM OF THE YEAR – the only film voted for by members of the general public
HARRY POTTER AND THE PRISONER OF AZKABAN
E uma observação brilhante!!!! Quem entregou o prêmio de melhor filme estrangeiro pro Walter Salles e cia. foi .... Gillian Anderson!!!!!!!! (que já disse em diversas ocasiões que se emocionou muito com o filme!)
E caso você queira ver fotos novas da Gillian e da premiação, vá correndo no seguinte site http://editorial.gettyimages.com/ms_gins/source/home/home.aspx?pg=1 e digite em "search" Gillian Anderson. (é a primeira aparição dela num grande evento após o casamento)
BAFTA é o prêmio da Academia Britânica de Filmes e Artes Televisivas (traduzindo) e sempre acontece em Londres, onde concorrem filmes e programas televisivos. Ah quer saber mais então vai no site oficial porquê eu preciso mimir - estou abrindo a loja, de novo!- e ainda tenho mil coisas pra escrever!
Site oficial, corra lá tá bom e não fique boiando mais no assunto!
http://www.bafta.org/ (estou muito orgulhosa de você ter seguido meu conselho e ter ido até lá!)
Concorrentes e vencedores:
FILM
THE AVIATOR - Michael Mann / Sandy Climan / Graham King / Charles Evans Jr
ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND - Steve Golin / Anthony Bregman
FINDING NEVERLAND - Richard N Gladstein / Nellie Bellflower
THE MOTORCYCLE DIARIES (DIARIOS DE MOTOCICLETA) - Michael Nozik / Edgard Tenembaum / Karen Tenkhoff
VERA DRAKE - Simon Channing Williams / Alain Sarde
The Alexander Korda Award for the outstanding British film of the year
DEAD MAN’S SHOES - Mark Herbert / Shane Meadows
HARRY POTTER AND THE PRISONER OF AZKABAN - David Heyman / Chris Columbus / Mark Radcliffe / Alfonso Cuarón
MY SUMMER OF LOVE - Tanya Seghatchian / Christopher Collins / Pawel Pawlikowski SHAUN OF THE DEAD - Nira Park / Edgar Wright
VERA DRAKE - Simon Channing Williams / Alain Sarde / Mike Leigh
The Carl Foreman Award FOR SPECIAL ACHIEVEMENT BY A BRITISH DIRECTOR/PRODUCER OR WRITER IN THEIR FIRST FEATURE FILM
AMMA ASANTE - Director/Writer (for A Way of Life)
ANDREA GIBB - Writer (for Afterlife)
MATTHEW VAUGHN - Director (for Layer Cake)
NIRA PARK - Producer (for Shaun of the Dead)
SHONA AUERBACH - Director (for Dear Frankie)
The David Lean Award for achievement in Direction
THE AVIATOR - Martin Scorsese
COLLATERAL - Michael Mann
ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND - Michel Gondry
FINDING NEVERLAND - Marc Forster
VERA DRAKE - Mike Leigh
ORIGINAL SCREENPLAY
THE AVIATOR - John Logan
COLLATERAL - Stuart Beattie
ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND - Charlie Kaufman
RAY - James L White
VERA DRAKE - Mike Leigh
ADAPTED SCREENPLAY
THE CHORUS (LES CHORISTES) - Christophe Barratier / Philippe Lopes-Curval
CLOSER - Patrick Marber
FINDING NEVERLAND - David Magee
THE MOTORCYCLE DIARIES (DIARIOS DE MOTOCICLETA) - José Rivera
SIDEWAYS - Alexander Payne / Jim Taylor
Film not in the english language
LES CHORISTES (THE CHORUS) - Arthur Cohn / Nicolas Mauvernay / Jacques Perrin / Christophe Barratier
DIARIOS DE MOTOCICLETA (THE MOTORCYCLE DIARIES) - Michael Nozik / Edgard Tenembaum / Karen Tenkhoff / Walter Salles
UN LONG DIMANCHE DE FIANCAILLES (A VERY LONG ENGAGEMENT) - Francis Boespflug / Jean-Pierre Jeunet
LA MALA EDUCACION (BAD EDUCATION) - Agustín Almodóvar / Pedro Almodóvar
SHI MIAN MAI FU (HOUSE OF FLYING DAGGERS) - Bill Kong / Zhang Yimou
Actor in a Leading Role
GAEL GARCÍA BERNAL - The Motorcycle Diaries (Diarios de Motocicleta)
JAMIE FOXX - Ray
JIM CARREY - Eternal Sunshine of the Spotless Mind
JOHNNY DEPP - Finding Neverland
LEONARDO DICAPRIO - The Aviator
Actress in a leading Role
CHARLIZE THERON - Monster
IMELDA STAUNTON - Vera Drake
KATE WINSLET - Eternal Sunshine of the Spotless Mind
KATE WINSLET - Finding Neverland
ZIYI ZHANG - House of Flying Daggers (Shi Mian Mai Fu)
Actor in a Supporting Role
ALAN ALDA - The Aviator
CLIVE OWEN - Closer
JAMIE FOXX - Collateral
PHIL DAVIS - Vera Drake
RODRIGO DE LA SERNA - The Motorcycle Diaries (Diarios de Motocicleta)
Actress in a supporting role
CATE BLANCHETT - The Aviator
HEATHER CRANEY - Vera Drake
JULIE CHRISTIE - Finding Neverland
MERYL STREEP - The Manchurian Candidate
NATALIE PORTMAN - Closer
The anthony asquith award for achievenment in film music
THE AVIATOR - Howard Shore
THE CHORUS (LES CHORISTES) - Bruno Coulais
THE MOTORCYCLE DIARIES (DIARIOS DE MOTOCICLETA) - Gustavo Santaolalla FINDING NEVERLAND - Jan A P Kaczmarek
RAY - Craig Armstrong
Cinematography
THE AVIATOR - Robert Richardson
COLLATERAL - Dion Beebe / Paul Cameron
FINDING NEVERLAND - Roberto Schaefer
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Zhao Xiaoding
THE MOTORCYCLE DIARIES (DIARIOS DE MOTOCICLETA) - Eric Gautier
Editing
THE AVIATOR - Thelma Schoonmaker
COLLATERAL -Jim Miller / Paul Rubell
ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND - Valdís Óskarsdóttir
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Cheng Long
VERA DRAKE - Jim Clark
Production design
THE AVIATOR - Dante Ferretti
FINDING NEVERLAND - Gemma Jackson
HARRY POTTER AND THE PRISONER OF AZKABAN - Stuart Craig
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Huo Tingxiao
VERA DRAKE - Eve Stewart
Costume design
THE AVIATOR - Sandy Powell
FINDING NEVERLAND - Alexandra Byrne
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Emi Wada
THE MERCHANT OF VENICE - Sammy Sheldon
VERA DRAKE - Jacqueline Durran
Sound
THE AVIATOR - Philip Stockton / Eugene Gearty / Petur Hliddal / Tom Fleischman
COLLATERAL - Elliott L Koretz / Lee Orloff / Michael Minkler / Myron Nettinga
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Tao Jing / Roger Savage
RAY - Steve Cantamessa / Scott Millan / Greg Orloff / Bob Beemer
SPIDER-MAN 2 - Paul N J Ottosson / Kevin O’Connell / Greg P Russell / Jeffrey J Haboush
Achievement in special visual effects
THE AVIATOR - Rob Legato / Pete Travers / Matthew Gratzner / Bruce Steinheimer
THE DAY AFTER TOMORROW - Karen E Goulekas / Neil Corbould / Greg Strause / Remo Balcells
HARRY POTTER AND THE PRISONER OF AZKABAN - John Richardson / Roger Guyett /Tim Burke / Bill George / Karl Mooney
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Angie Lam / Andy Brown / Kirsty Millar / Luke Hetherington
SPIDER-MAN 2 - John Dykstra / Scott Stokdyk / Anthony La Molinara / John Frazier
Make up & hair
THE AVIATOR - Morag Ross / Kathryn Blondell /Sian Grigg
FINDING NEVERLAND - Christine Blundell
HARRY POTTER AND THE PRISONER OF AZKABAN - Amanda Knight / Eithné Fennell / Nick Dudman
HOUSE OF FLYING DAGGERS (SHI MIAN MAI FU) - Kwan Lee-Na / Yang Xiaohai / Chau Siu-Mui
VERA DRAKE - Christine Blundell
Short Animation
BIRTHDAY BOY - Andrew Gregory / Sejong Park
CITY PARADISE - Erika Forzy / Gaëlle Denis
HEAVY POCKETS - Jane Robertson / Sarah Cox
HIS PASSIONATE BRIDE - Sylvie Bringas / Monika Forsberg
LITTLE THINGS - Daniel Greaves
Short film
THE BANKER - Kelly Broad / Hattie Dalton
CAN’T STOP BREATHING - Ravinder Basra / Amy Neil
ELEPHANT BOY - René Mohandas / Durdana Shaikh
KNITTING A LOVE SONG - Debbie Ballin / Annie Watson
SIX SHOOTER - Mia Bays / Kenton Allen / Martin McDonagh
THE ORANGE FILM OF THE YEAR – the only film voted for by members of the general public
HARRY POTTER AND THE PRISONER OF AZKABAN
E uma observação brilhante!!!! Quem entregou o prêmio de melhor filme estrangeiro pro Walter Salles e cia. foi .... Gillian Anderson!!!!!!!! (que já disse em diversas ocasiões que se emocionou muito com o filme!)
E caso você queira ver fotos novas da Gillian e da premiação, vá correndo no seguinte site http://editorial.gettyimages.com/ms_gins/source/home/home.aspx?pg=1 e digite em "search" Gillian Anderson. (é a primeira aparição dela num grande evento após o casamento)
terça-feira, fevereiro 15, 2005
Pegando o jeito
E não é que eu estou estudando? "Afecções do recém-nascido" e "Hepatites Virais". Eita! Deixa eu enviar o teste comentado pro meu professor de Gastroenterologia porque faz duas ou três semanas que prometi enviar.
Depois que você sai da faculdade, estudar não é mais a mesma coisa. Exceto se você emendar de cara com uma pós-graduação e se enfiar no meio acadêmico. Jamais acreditaria que eu, uma traça de livros, não estaria todo dia estudando. Na verdade, eu estudo. Não se passa um dia que eu não leia algo novo, mas não necessariamente Medicina. Agora eu estudo pelo simples prazer de saber, coisa que a faculdade havia tomado de mim. Dá pra acreditar que até entrar na faculdade eu estudava pelo prazer de aprender? Pois é, a dificuldade em me fazer estudar era se eu não encontrasse aplicação prática pra o assunto. Regra de três inversa, por exemplo. É aramaico. Já estequiometria era um sonho, e todo mundo detestava.
Eis o que uma faculdade de Medicina fez comigo: estudar por obrigação. Um pesadelo. Aliás, existem projetos e mais projetos para reavaliação do currículo médico. Fazem a gente decorar cada coisa teórica, o detalhe da exceção, o nome antigo e o atual do mesmo músculo, do mesmo osso. Você sai sabendo o Ciclo de Krebbs e não lembra da dose de antibiótico para o tratamento da pneumonia no recém-nascido. Tem que consultar o livrinho de "Medicamentos Habitualmente usados em Pediatria" (Deus abençoe a Nestlé que edita o manual!).
O mais perfeito exemplo, na minha humilíssima opinião, chama-se "Memórias de um médico interno", de Robin Cook. Ali você lê, e não acredita, no que fazem conosco (não conseguiram comigo): despersonalizar o médico, desaprender a interagir com o paciente como pessoa e vê-lo como doença. O rapaz era tão humano no começo do livro e acaba...um médico.
"A cidadela", de Cronnin, também mostra isso. Da falta de apoio ao médico formado, isolado na cidadezinha de interior, sem recursos pra se manter atualizado. E olha que a história é do século 18! Não mudou muita coisa. Aliás, piorou.
Falando nisso, eu vou me deitar porque daqui a quatro horas eu pego um ônibus que roda duas horas e meia, pra dar plantão 24 horas, pegar o ônibus de volta, descer em outro hospital, dar mais 24 horas de plantão e não ter dinheiro nem pro cinema esse mês. E a prefeitura de Santa Cruz "esqueceu" de pagar aquele plantão que dei com o falso médico. Ainda tem essa: concorrência desleal.
E não é que eu estou estudando? "Afecções do recém-nascido" e "Hepatites Virais". Eita! Deixa eu enviar o teste comentado pro meu professor de Gastroenterologia porque faz duas ou três semanas que prometi enviar.
Depois que você sai da faculdade, estudar não é mais a mesma coisa. Exceto se você emendar de cara com uma pós-graduação e se enfiar no meio acadêmico. Jamais acreditaria que eu, uma traça de livros, não estaria todo dia estudando. Na verdade, eu estudo. Não se passa um dia que eu não leia algo novo, mas não necessariamente Medicina. Agora eu estudo pelo simples prazer de saber, coisa que a faculdade havia tomado de mim. Dá pra acreditar que até entrar na faculdade eu estudava pelo prazer de aprender? Pois é, a dificuldade em me fazer estudar era se eu não encontrasse aplicação prática pra o assunto. Regra de três inversa, por exemplo. É aramaico. Já estequiometria era um sonho, e todo mundo detestava.
Eis o que uma faculdade de Medicina fez comigo: estudar por obrigação. Um pesadelo. Aliás, existem projetos e mais projetos para reavaliação do currículo médico. Fazem a gente decorar cada coisa teórica, o detalhe da exceção, o nome antigo e o atual do mesmo músculo, do mesmo osso. Você sai sabendo o Ciclo de Krebbs e não lembra da dose de antibiótico para o tratamento da pneumonia no recém-nascido. Tem que consultar o livrinho de "Medicamentos Habitualmente usados em Pediatria" (Deus abençoe a Nestlé que edita o manual!).
O mais perfeito exemplo, na minha humilíssima opinião, chama-se "Memórias de um médico interno", de Robin Cook. Ali você lê, e não acredita, no que fazem conosco (não conseguiram comigo): despersonalizar o médico, desaprender a interagir com o paciente como pessoa e vê-lo como doença. O rapaz era tão humano no começo do livro e acaba...um médico.
"A cidadela", de Cronnin, também mostra isso. Da falta de apoio ao médico formado, isolado na cidadezinha de interior, sem recursos pra se manter atualizado. E olha que a história é do século 18! Não mudou muita coisa. Aliás, piorou.
Falando nisso, eu vou me deitar porque daqui a quatro horas eu pego um ônibus que roda duas horas e meia, pra dar plantão 24 horas, pegar o ônibus de volta, descer em outro hospital, dar mais 24 horas de plantão e não ter dinheiro nem pro cinema esse mês. E a prefeitura de Santa Cruz "esqueceu" de pagar aquele plantão que dei com o falso médico. Ainda tem essa: concorrência desleal.
Crônica do Dia
Porque foi Valentine's Day. É uma das crônicas do "Sensações de Sofia", que eu recomendei ontem. Dá pra acreditar que não consegui parar de ler até às 3 da manhã?
Cabeça de mulher
12/06/2003
Por Ana Kessler
O Pedro me deixou em casa e perguntou se podia me convidar para jantar qualquer dia desses. "Pode me convidar agora", pensei, mas disse apenas "claro!". Fiquei imaginando, se o "qualquer dia desses" dele for igual ao meu "mês que vem" estou ferrada, esse encontro vai sair no Dia de São Nunca. Nos despedimos no carro, beijinho pra direita, beijinho pra esquerda, no meio que é bom, necas. Tudo bem, estou tão constipada que não ia conseguir sentir o gosto mesmo.
Não tive coragem de perguntar se ele queria entrar um pouquinho, tomar alguma coisa, até porque sem sofá não teria onde sentá-lo, e sem cerveja, nada para oferecer. Mas meu vacilo não impediu que eu ficasse um bom tempo hipnotizada mirando a sua pintinha ao lado da boca, que parecia piscar pra mim, "você está bem, Sofia?", estava, quer dizer, não, não estava, "mais ou menos", respondi, por fim. "Quer que eu acompanhe você até a sua casa?", ofereceu-se. Olha, rapaz, você não tem a menor noção do risco que corre me fazendo essa proposta, eu diria mesmo que beira o suicídio, porque com o tesão que estou por você, sou capaz de pular no seu pescoço e em seguida esquartejá-lo de beijos. "Obrigada", respondi simplesmente, anexando um sorriso. Ele ficou sem saber se aquilo era um "sim", e eu não fiz questão de esclarecer que não era um "não". Dei as costas e saí.
Desci do carro com o coração na garganta, talvez fossem minhas amídalas inchadas, não sei bem. Entrei no apê suspirando, e encostei-me na porta que se fechou atrás de mim. Cena bem clichê, típica de filme agüinha com açúcar. Pena que não estava participando de um Big Brother da vida, teria ficado bonito na telinha. Imagens do nosso encontro ficaram projetando-se nas paredes da minha memória, com algumas falhas eventuais que nos transformavam em protagonistas de um cinema mudo. Eu mais muda que o Pedro.
Será que isso acontece com todo mundo, essa coisa da gente perder a voz, a noção do tempo, a coordenação, de perder o chão, o raciocínio, e as palavras ficarem se debatendo de um lado para o outro do cérebro, como bolinhas numa mesa de ping-pong que não encontram o caminho da boca para serem expelidas, e a gente fica muda, cega, surda, quando está apaixonada? Será que ele percebeu que eu estou - sem malícia, de quatro, por ele? Será que ele está na minha? Ah, como eu gostaria de entender os sinais do Pedro. E do resto dos exemplares do sexo oposto também, se não for pedir muito.
Vocês, homens, deviam nascer com uma lampadazinha na testa, que alternasse entre o verde e o vermelho, uma espécie de avance-recue, pra gente saber o que fazer quando não soubesse o que fazer. Ficaria muito mais fácil. Por exemplo, o Pedro, ao ver meu joelho machucado e dizer "quando casar, sara!", usou apenas uma expressão do tempo das nossas avós, ou a palavra "casar" era um convite para mais do que uma voltinha no parque? Ele me levar de pedalinho para o meio da lagoa, seria uma desculpa furada para me atacar ou realmente um ingênuo convite? Se não era desculpa, poxa, eu estava todinha lá, sem ter para onde fugir, porque ele não aproveitou para me atacar? Que homem lento!
Mulher pode se dar ao luxo de ser complicada, homem não. É da nossa natureza transitar pelas entrelinhas. Vide aquela história de quando uma mulher diz "não" está querendo dizer "sim". Isso acontece, mas você tem que observar o todo: gestos, olhares, tom de voz... Se ela fizer um beicinho, titubear e gemer "acho que nããããumm". Já era. É sim. Agora, se a gente estiver se debatendo, espumando no chão, gritando "NÃO, NÃO, NÃO!!!!", a sua insistência pode ser catalogada como estupro. Pare. E se a polícia chegar, fuja.
Não nascemos com manual, mas nos entender é mais simples do que parece. Há diferenças básicas entre nós, sexos opostos. Se você conhecer uma gata numa festa, pedir o telefone dela e, em vez de dar, ela pedir o seu, esqueça, você é carta fora do baralho. A não ser que o outro cara para quem ela deu o telefone não ligue dentro de uma semana. Então, você pode ter uma chance. Se ela lhe der o número, você ligar e ela recusar o convite pra sair, entenda como "mudei de idéia, me arrependi", ou ainda, "putz, como é que não dei o número errado?". Já os homens sempre dão o número certo.
Nós, mulheres, dividimos o mundo entre: homens bonitos, homens charmosos, homens interessantes, homens simpáticos, homens intrigantes, homens cafajestes, homens misteriosos, homens com futuro, homens educados, homens ricos, homens atléticos, homens fortes, homens bons-pais-de-família, homens intelectuais, homens inteligentes. Todos têm chances, é só acertarem na abordagem. Homens são mais simplistas: há mulheres bonitas e outras nem tanto. Todas são bem-vindas. Menos as feias.
Além da luzinha na testa, vocês deveriam nascer com um bip. E a gente, com um localizador. Essa coisa de se mostrar todo interessado quando está junto, e de uma hora para a outra, desaparecer, acaba com os nossos nervos. Custa dar um alozinho eventualmente? Tudo bem que existe futebol, amigos, cerveja, trabalho, mãe, coleção de selos... mas como vocês podem preferir tudo isso à mulher? Isso também acaba com os nossos nervos.
Ainda estava encostada na porta divagando quando, trimmm, atendi, não era delírio, era o Pedro. Ele ficou preocupado comigo, achou que eu estava pálida, branca, recomendou que medisse minha temperatura. Fez-me prometer que se eu me sentisse mal, ligaria "a qualquer hora". Disse que adorou nosso passeio, especialmente a companhia. E que há tempos não se divertia tanto. Falou tudo o que eu queria ouvir. Quase chorei de emoção. Fiquei sem argumentos pra continuar aqui reclamando dos homens. Vocês são perfeitos. Eu é que tenho essa cabeça de mulher.
*
Ah, feliz Dia dos Namorados, para quem tem. Para quem não tem, hoje é um bom dia para tentar a sorte no bingo. Fica o recado.
Porque foi Valentine's Day. É uma das crônicas do "Sensações de Sofia", que eu recomendei ontem. Dá pra acreditar que não consegui parar de ler até às 3 da manhã?
Cabeça de mulher
12/06/2003
Por Ana Kessler
O Pedro me deixou em casa e perguntou se podia me convidar para jantar qualquer dia desses. "Pode me convidar agora", pensei, mas disse apenas "claro!". Fiquei imaginando, se o "qualquer dia desses" dele for igual ao meu "mês que vem" estou ferrada, esse encontro vai sair no Dia de São Nunca. Nos despedimos no carro, beijinho pra direita, beijinho pra esquerda, no meio que é bom, necas. Tudo bem, estou tão constipada que não ia conseguir sentir o gosto mesmo.
Não tive coragem de perguntar se ele queria entrar um pouquinho, tomar alguma coisa, até porque sem sofá não teria onde sentá-lo, e sem cerveja, nada para oferecer. Mas meu vacilo não impediu que eu ficasse um bom tempo hipnotizada mirando a sua pintinha ao lado da boca, que parecia piscar pra mim, "você está bem, Sofia?", estava, quer dizer, não, não estava, "mais ou menos", respondi, por fim. "Quer que eu acompanhe você até a sua casa?", ofereceu-se. Olha, rapaz, você não tem a menor noção do risco que corre me fazendo essa proposta, eu diria mesmo que beira o suicídio, porque com o tesão que estou por você, sou capaz de pular no seu pescoço e em seguida esquartejá-lo de beijos. "Obrigada", respondi simplesmente, anexando um sorriso. Ele ficou sem saber se aquilo era um "sim", e eu não fiz questão de esclarecer que não era um "não". Dei as costas e saí.
Desci do carro com o coração na garganta, talvez fossem minhas amídalas inchadas, não sei bem. Entrei no apê suspirando, e encostei-me na porta que se fechou atrás de mim. Cena bem clichê, típica de filme agüinha com açúcar. Pena que não estava participando de um Big Brother da vida, teria ficado bonito na telinha. Imagens do nosso encontro ficaram projetando-se nas paredes da minha memória, com algumas falhas eventuais que nos transformavam em protagonistas de um cinema mudo. Eu mais muda que o Pedro.
Será que isso acontece com todo mundo, essa coisa da gente perder a voz, a noção do tempo, a coordenação, de perder o chão, o raciocínio, e as palavras ficarem se debatendo de um lado para o outro do cérebro, como bolinhas numa mesa de ping-pong que não encontram o caminho da boca para serem expelidas, e a gente fica muda, cega, surda, quando está apaixonada? Será que ele percebeu que eu estou - sem malícia, de quatro, por ele? Será que ele está na minha? Ah, como eu gostaria de entender os sinais do Pedro. E do resto dos exemplares do sexo oposto também, se não for pedir muito.
Vocês, homens, deviam nascer com uma lampadazinha na testa, que alternasse entre o verde e o vermelho, uma espécie de avance-recue, pra gente saber o que fazer quando não soubesse o que fazer. Ficaria muito mais fácil. Por exemplo, o Pedro, ao ver meu joelho machucado e dizer "quando casar, sara!", usou apenas uma expressão do tempo das nossas avós, ou a palavra "casar" era um convite para mais do que uma voltinha no parque? Ele me levar de pedalinho para o meio da lagoa, seria uma desculpa furada para me atacar ou realmente um ingênuo convite? Se não era desculpa, poxa, eu estava todinha lá, sem ter para onde fugir, porque ele não aproveitou para me atacar? Que homem lento!
Mulher pode se dar ao luxo de ser complicada, homem não. É da nossa natureza transitar pelas entrelinhas. Vide aquela história de quando uma mulher diz "não" está querendo dizer "sim". Isso acontece, mas você tem que observar o todo: gestos, olhares, tom de voz... Se ela fizer um beicinho, titubear e gemer "acho que nããããumm". Já era. É sim. Agora, se a gente estiver se debatendo, espumando no chão, gritando "NÃO, NÃO, NÃO!!!!", a sua insistência pode ser catalogada como estupro. Pare. E se a polícia chegar, fuja.
Não nascemos com manual, mas nos entender é mais simples do que parece. Há diferenças básicas entre nós, sexos opostos. Se você conhecer uma gata numa festa, pedir o telefone dela e, em vez de dar, ela pedir o seu, esqueça, você é carta fora do baralho. A não ser que o outro cara para quem ela deu o telefone não ligue dentro de uma semana. Então, você pode ter uma chance. Se ela lhe der o número, você ligar e ela recusar o convite pra sair, entenda como "mudei de idéia, me arrependi", ou ainda, "putz, como é que não dei o número errado?". Já os homens sempre dão o número certo.
Nós, mulheres, dividimos o mundo entre: homens bonitos, homens charmosos, homens interessantes, homens simpáticos, homens intrigantes, homens cafajestes, homens misteriosos, homens com futuro, homens educados, homens ricos, homens atléticos, homens fortes, homens bons-pais-de-família, homens intelectuais, homens inteligentes. Todos têm chances, é só acertarem na abordagem. Homens são mais simplistas: há mulheres bonitas e outras nem tanto. Todas são bem-vindas. Menos as feias.
Além da luzinha na testa, vocês deveriam nascer com um bip. E a gente, com um localizador. Essa coisa de se mostrar todo interessado quando está junto, e de uma hora para a outra, desaparecer, acaba com os nossos nervos. Custa dar um alozinho eventualmente? Tudo bem que existe futebol, amigos, cerveja, trabalho, mãe, coleção de selos... mas como vocês podem preferir tudo isso à mulher? Isso também acaba com os nossos nervos.
Ainda estava encostada na porta divagando quando, trimmm, atendi, não era delírio, era o Pedro. Ele ficou preocupado comigo, achou que eu estava pálida, branca, recomendou que medisse minha temperatura. Fez-me prometer que se eu me sentisse mal, ligaria "a qualquer hora". Disse que adorou nosso passeio, especialmente a companhia. E que há tempos não se divertia tanto. Falou tudo o que eu queria ouvir. Quase chorei de emoção. Fiquei sem argumentos pra continuar aqui reclamando dos homens. Vocês são perfeitos. Eu é que tenho essa cabeça de mulher.
*
Ah, feliz Dia dos Namorados, para quem tem. Para quem não tem, hoje é um bom dia para tentar a sorte no bingo. Fica o recado.
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
Pra embolar de rir
E não é que sempre se encontra novidade no site que vc vivia visitando? Há uma colunista/cronista no site do Fantástico: "Sensações de Sofia", 'uma gaúcha sofrendo de carioquização involuntária' há dois anos. Vale ler do início e seguir a coluna, duas vezes por semana. Também vale ler salteado. Só não vale não dar uma lida.
E não é que sempre se encontra novidade no site que vc vivia visitando? Há uma colunista/cronista no site do Fantástico: "Sensações de Sofia", 'uma gaúcha sofrendo de carioquização involuntária' há dois anos. Vale ler do início e seguir a coluna, duas vezes por semana. Também vale ler salteado. Só não vale não dar uma lida.
Crônica do dia (ou da madrugada)
Para os fora-de-forma e afins. Em homenagem à volta do Dr Dráuzio Varela ao "Questão de Peso", depois da febre amarela (um médico infectologista com a vacina atrasada numa região epidêmica!).
Normalimpíadas
Ricardo Freire
Depois de acompanhar as Paraolimpíadas, cheguei a uma conclusão: deficiente físico sou eu. Os homens e mulheres que disputaram os Paraolímpicos são superatletas - mil vezes superiores aos que se apresentaram nas Olimpíadas convencionais.
Dito isso, devo informar que ando mergulhado na mais profunda depressão. É que me dei conta de que, mesmo com uma miopia de apenas 3 graus, eu não teria nenhuma chance contra a Ádria Santos - seja nos 100 metros, seja nos 400, seja no pique-pega. Se me soltassem na quadra do basquete em cadeira de rodas eu certamente morreria atropelado. Nem que eu usasse os dois braços que possuo conseguiria arremessar um disco a uma distância maior do que daqui da mesa até ali a estante (destruindo todo o aparelho de som como conseqüência).
Não é mole, não. Primeiro você passa um mês assistindo aos bonitos e perfeitos e seus patrocinadores milionários. Quando pensa que tudo já passou, então é a vez deles, os imperfeitos e ainda assim sobre-humanos. Então você tira os olhos da TV, olha em torno do sofá, contabiliza a quantidade de embalagens vazias de salgadinhos e de invólucros de bombom sobre a mesinha de centro, e vê que isso não pode mais continuar assim.
É preciso reagir. Vamos levantar imediatamente do sofá e ir até o Comitê Olímpico Internacional. Chega de preconceito! As verdadeiras olimpíadas alternativas teriam de ser disputadas por pessoas saídas diretamente da frente de suas TVs. Atleta não entra!
Esta coluna orgulhosamente apresenta: as Normalimpíadas. Homens e mulheres perfeitamente sedentários competindo para descobrir até onde o ser humano pode chegar - sem o preparo físico artificial desses esportistas que, seja nos Jogos Olímpicos ou nos Paraolímpicos, estão aí só para nos achatar o moral.
Na semana de abertura você vai poder acompanhar as sensacionais competições de iatismo para pobres, pólo aquático para obesos mórbidos e revezamento 4x400 para fumantes.
Ainda na primeira semana, não perca o levantamento de peso para portadores de lordose. Os vencedores podem optar por um diploma, caso não agüentem pendurar a medalha no pescoço.
Em seguida virão o vôlei de praia para albinos (uma grande oportunidade para o desenvolvimento de novos produtos na indústria do bloqueamento solar) e o torneio de tênis para artríticos (em várias categorias: bursite, tendinite, artrose e ciática).
A natação para asmáticos só se tornou possível graças à construção de raias mais largas, que permitem o acompanhamento por enfermeiros munidos de bombinhas. Já o tiro ao alvo para estrábicos não tem jeito: caso seja atingido o alvo ao lado, os pontos serão computados para o vizinho.
A última semana será a mais divertida, com luta greco-romana para sofredores de cócegas, nado sincronizado para machões, futebol para drag queens, pingue-pongue para estressados e saltos ornamentais para sofredores de vertigem. Tudo culminando, é claro, com uma marcha atlética para colunistas engraçadinhos.
Para os fora-de-forma e afins. Em homenagem à volta do Dr Dráuzio Varela ao "Questão de Peso", depois da febre amarela (um médico infectologista com a vacina atrasada numa região epidêmica!).
Normalimpíadas
Ricardo Freire
Depois de acompanhar as Paraolimpíadas, cheguei a uma conclusão: deficiente físico sou eu. Os homens e mulheres que disputaram os Paraolímpicos são superatletas - mil vezes superiores aos que se apresentaram nas Olimpíadas convencionais.
Dito isso, devo informar que ando mergulhado na mais profunda depressão. É que me dei conta de que, mesmo com uma miopia de apenas 3 graus, eu não teria nenhuma chance contra a Ádria Santos - seja nos 100 metros, seja nos 400, seja no pique-pega. Se me soltassem na quadra do basquete em cadeira de rodas eu certamente morreria atropelado. Nem que eu usasse os dois braços que possuo conseguiria arremessar um disco a uma distância maior do que daqui da mesa até ali a estante (destruindo todo o aparelho de som como conseqüência).
Não é mole, não. Primeiro você passa um mês assistindo aos bonitos e perfeitos e seus patrocinadores milionários. Quando pensa que tudo já passou, então é a vez deles, os imperfeitos e ainda assim sobre-humanos. Então você tira os olhos da TV, olha em torno do sofá, contabiliza a quantidade de embalagens vazias de salgadinhos e de invólucros de bombom sobre a mesinha de centro, e vê que isso não pode mais continuar assim.
É preciso reagir. Vamos levantar imediatamente do sofá e ir até o Comitê Olímpico Internacional. Chega de preconceito! As verdadeiras olimpíadas alternativas teriam de ser disputadas por pessoas saídas diretamente da frente de suas TVs. Atleta não entra!
Esta coluna orgulhosamente apresenta: as Normalimpíadas. Homens e mulheres perfeitamente sedentários competindo para descobrir até onde o ser humano pode chegar - sem o preparo físico artificial desses esportistas que, seja nos Jogos Olímpicos ou nos Paraolímpicos, estão aí só para nos achatar o moral.
Na semana de abertura você vai poder acompanhar as sensacionais competições de iatismo para pobres, pólo aquático para obesos mórbidos e revezamento 4x400 para fumantes.
Ainda na primeira semana, não perca o levantamento de peso para portadores de lordose. Os vencedores podem optar por um diploma, caso não agüentem pendurar a medalha no pescoço.
Em seguida virão o vôlei de praia para albinos (uma grande oportunidade para o desenvolvimento de novos produtos na indústria do bloqueamento solar) e o torneio de tênis para artríticos (em várias categorias: bursite, tendinite, artrose e ciática).
A natação para asmáticos só se tornou possível graças à construção de raias mais largas, que permitem o acompanhamento por enfermeiros munidos de bombinhas. Já o tiro ao alvo para estrábicos não tem jeito: caso seja atingido o alvo ao lado, os pontos serão computados para o vizinho.
A última semana será a mais divertida, com luta greco-romana para sofredores de cócegas, nado sincronizado para machões, futebol para drag queens, pingue-pongue para estressados e saltos ornamentais para sofredores de vertigem. Tudo culminando, é claro, com uma marcha atlética para colunistas engraçadinhos.
domingo, fevereiro 13, 2005
Roteiros
Eu não sabia que o Cinema em Cena disponibilizava roteiros originais no site! Pena que são tão poucos.
Eu não sabia que o Cinema em Cena disponibilizava roteiros originais no site! Pena que são tão poucos.
Adoro esses conselhos do Orkut.
Today's fortune:
Now is the time to try something new.
Aí um amigo me manda um e-mail dizendo que está na Carolina do Norte fazendo uma pós-graduação. Feliz por ele? Muito. Mas eu preciso começar minha Residência!
Today's fortune:
Now is the time to try something new.
Aí um amigo me manda um e-mail dizendo que está na Carolina do Norte fazendo uma pós-graduação. Feliz por ele? Muito. Mas eu preciso começar minha Residência!
Do pe306 graus
Homem é preso por fingir ser médico em Santa Cruz do Capibaribe
A polícia de Santa Cruz do Capibaribe prendeu neste último sábado, no Hospital Municipal Raimundo Francelino Aragão, José Jodson de Sá Matias, 33 anos, por exercer ilegalmente a profissão de médico. O falso doutor possui processos nas comarcas de Bezerros e Pombos, e foi preso após expedição de mandado assinado pelo juiz de Ipubi.
Raimundo foi preso em flagrante, e se passava por pediatra, utilizando o nome de José Marinho Filho. O falso médico trabalhava há dois meses no hospital de Santa Cruz.
Da Redação do pe360graus.com
Devidas correções: O nome que o "médico" usava era Jorge.
Comentários;
1) Eu dei um plantão com esse cara. Um plantão horroroso, onde nós mal nos vimos. Não deu pra sacar mesmo. E ele estava como TODA a documentação, contava uma história de especialização em Pediatria em Brasília, no Hospital Sarah Kubisheck!
2) Lembra daquela sacanagem que aprontaram comigo: ligar em cima da hora pra me tomar um plantão, há mais ou menos um mês? Deram o plantão pra esse cara! Claaaro que o Secretário de Saúde, que nem ligou pra mim (mandou uma funcionária telefonar), dançou. Perdeu o cargo.
Homem é preso por fingir ser médico em Santa Cruz do Capibaribe
A polícia de Santa Cruz do Capibaribe prendeu neste último sábado, no Hospital Municipal Raimundo Francelino Aragão, José Jodson de Sá Matias, 33 anos, por exercer ilegalmente a profissão de médico. O falso doutor possui processos nas comarcas de Bezerros e Pombos, e foi preso após expedição de mandado assinado pelo juiz de Ipubi.
Raimundo foi preso em flagrante, e se passava por pediatra, utilizando o nome de José Marinho Filho. O falso médico trabalhava há dois meses no hospital de Santa Cruz.
Da Redação do pe360graus.com
Devidas correções: O nome que o "médico" usava era Jorge.
Comentários;
1) Eu dei um plantão com esse cara. Um plantão horroroso, onde nós mal nos vimos. Não deu pra sacar mesmo. E ele estava como TODA a documentação, contava uma história de especialização em Pediatria em Brasília, no Hospital Sarah Kubisheck!
2) Lembra daquela sacanagem que aprontaram comigo: ligar em cima da hora pra me tomar um plantão, há mais ou menos um mês? Deram o plantão pra esse cara! Claaaro que o Secretário de Saúde, que nem ligou pra mim (mandou uma funcionária telefonar), dançou. Perdeu o cargo.
Do blog da Bruna
Tecnologia a serviço da filhaputisse de alguns marmanjos
Atenção meninas! Cuidado com os marmanjos portadores de celulares que tiram foto! Alguns estão utilizando a tecnologia para atentar contra o pudor das desavisadas de saia e tirar fotos por baixo de suas roupas. Os "espertinhos" tiram as fotos e ficam trocando entre si... Todo cuidado é pouco...
Tecnologia a serviço da filhaputisse de alguns marmanjos
Atenção meninas! Cuidado com os marmanjos portadores de celulares que tiram foto! Alguns estão utilizando a tecnologia para atentar contra o pudor das desavisadas de saia e tirar fotos por baixo de suas roupas. Os "espertinhos" tiram as fotos e ficam trocando entre si... Todo cuidado é pouco...
sábado, fevereiro 12, 2005
Novidades Médicas
Como a única coisa útil que o Sindicato dos Médicos faz é me mandar notícias, ei-las.
FRACIONAMENTO DE MEDICAMENTOS BENEFICIA CONSUMIDORES - Automedicação e valores altos dos medicamentos podem acabar se o fracionamento das drogas for aprovado. Na próxima semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) vai apresentar uma proposta para definir regras para a venda desses medicamentos. Pesquisas mostram que a redução nos preços dos medicamentos é de até 20%. Para os representantes da indústria de medicamentos acham que a medida pode causar alguns problemas como fraudes.
Alguns remédios não poderão ser usados de forma fracionada, como xaropes e líquidos. A Anvisa vai exigir que o medicamento seja vendido com uma bula em anexo. (com informações do Correio Braziliense)
EMPRESA AFRICANA PRODUZIRÁ MEDICAMENTO MAIS BARATO CONTRA AIDS -Com a intenção de baixar os preços dos medicamentos para as pessoas menos favorecidas que contraíram o vírus da AIDS, uma empresa farmacêutica da África do Sul produzirá medicamentos genéricos contra a doença. A Food and Drug Administration (FDA), agência que regulamenta todos os alimentos e medicamentos no mercado americano, aprovou a droga. (com informações da BBC Brasil)
NOVALGINA VOLTA A SER VENDIDA SEM PRESCRIÇÃO MÉDICA
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a comercialização nas gôndolas das farmácias os analgésicos e antitérmicos Novalgina, Novalgina Relax e Vitalgina. Apesar de uma decisão da Justiça Federal ter determinado a apresentação de prescrição médica no ato da compra do medicamento, uma liminar derrubou a decisão. A Anvisa foi notificada na última terça-feira (18/01) pela 20ª vara de Justiça Federal. (com informações do DP)
Como a única coisa útil que o Sindicato dos Médicos faz é me mandar notícias, ei-las.
FRACIONAMENTO DE MEDICAMENTOS BENEFICIA CONSUMIDORES - Automedicação e valores altos dos medicamentos podem acabar se o fracionamento das drogas for aprovado. Na próxima semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) vai apresentar uma proposta para definir regras para a venda desses medicamentos. Pesquisas mostram que a redução nos preços dos medicamentos é de até 20%. Para os representantes da indústria de medicamentos acham que a medida pode causar alguns problemas como fraudes.
Alguns remédios não poderão ser usados de forma fracionada, como xaropes e líquidos. A Anvisa vai exigir que o medicamento seja vendido com uma bula em anexo. (com informações do Correio Braziliense)
EMPRESA AFRICANA PRODUZIRÁ MEDICAMENTO MAIS BARATO CONTRA AIDS -Com a intenção de baixar os preços dos medicamentos para as pessoas menos favorecidas que contraíram o vírus da AIDS, uma empresa farmacêutica da África do Sul produzirá medicamentos genéricos contra a doença. A Food and Drug Administration (FDA), agência que regulamenta todos os alimentos e medicamentos no mercado americano, aprovou a droga. (com informações da BBC Brasil)
NOVALGINA VOLTA A SER VENDIDA SEM PRESCRIÇÃO MÉDICA
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a comercialização nas gôndolas das farmácias os analgésicos e antitérmicos Novalgina, Novalgina Relax e Vitalgina. Apesar de uma decisão da Justiça Federal ter determinado a apresentação de prescrição médica no ato da compra do medicamento, uma liminar derrubou a decisão. A Anvisa foi notificada na última terça-feira (18/01) pela 20ª vara de Justiça Federal. (com informações do DP)
Crônica do dia
Essa foi mandada por uma amigão, valeu Luís!
Mulher, sua origem e seu fim
(Luis Fernando Verissimo)
Existem varias lendas sobre a origem da Mulher. Uma diz que Deus pos o primeiro homem a dormir, inaugurando assim a anestesia geral, tirou uma de suas costelas e com ela fez a primeira mulher.
E que a primeira prova de amor de Eva foi cuidar de Adao e aguentar o seu mau humor enquanto ele convalescia da operacao.
Uma variante desta lenda diz que Deus, com seu prazo para a Criacao estourado, fez o homem as pressas, pensando "Depois eu melhoro", e mais tarde, com o tempo, fez um homem mais bem-acabado, que chamou Mulher, que 'e "melhor" em aramaico.
Outra lenda diz que Deus fez a mulher primeiro, e caprichou nas suas formas, e aparou aqui e tirou dali, e com o que sobrou fez o homem so para nao jogar barro fora.
Em certas tribos nomades do Meio Oriente ainda se acredita que a mulher foi, originariamente, um camelo, que na ansia de servir seu mestre de todas as maneiras foi se transformando ate adquirir sua forma atual.
No Extremo Oriente existe a lenda de que as mulheres caem do ceu, ja de kimono.
E em certas partes do Ocidente persiste a crenca de que mulher se compra atraves dos classificados, podendo-se escolher idade, cor da pele e tipo de massagem.
Todas estas lendas, claro, tem pouco a ver com a verdade cientifica.
Hoje se sabe que o Homem e o produto de um processo evolutivo que comecou com a primeira ameba a sair do mar, e e descendente direto de uma linha especifica de primatas, tendo passado por varias fases ate atingir o seu estagio atual - e ai encontrar a Mulher, que ninguem ainda sabe de onde veio.
E certamente ridiculo pensar que as mulheres tambem descendem de macacos. A minha mae, nao! Mas de onde veio a primeira mulher, ja que podemos descartar tanto a evolucao quanto as fantasias religiosas e mitologicas sobre a criacao?
Inclino-me para a tese da origem extraterrena. A mulher viria (isto e pura especulacao, claro) de outro planeta. Venho observando-as durante anos - inclusive casei com uma, para poder estuda-las mais de perto - e julgo ter colecionado provas irrefutaveis de que elas nao sao deste mundo.
Observei que elas nao tem os mesmos instintos que nos, e volta e meia sao surpreendidas em devaneio, como que captando ordens de outra galaxia, embora disfarcem e digam que so estavam pensando no jantar.
Tem uma logica completamente diferente da nossa. Ultimamente tem tentado dissimular sua peculiaridade, assumindo atitudes masculinas e fazendo coisas - como dirigir grandes empresas e xingar a mae do motorista ao lado - impensaveis ha alguns anos, o que so aumenta a suspeita de que se trata de uma estrategia para camuflar nossas diferencas, que estavam comecando a dar na vista.
Quando comentamos o fato, nos acusam de ser machistas, presos a preconceitos e incapazes de reconhecer seus direitos, ou entao rocam a nossa nuca com o nariz, dizendo coisas como "ioink, ioink" que nos deixam arrepiados e sem argumentos.
Claramente combinaram isto. Estao sempre combinando maneiras novas de impedir que se descubra que sao alienigenas e tem designios proprios para a nossa terra. E o que fazem quando vao, todas juntas, ao banheiro, sabendo que nao podemos ir atras para ouvir.
Muitas vezes, mesmo na nossa presenca, falam uma linguagem incompreensivel que so elas entendem, obviamente um codigo para transmitir instrucoes do Planeta Mae.
E tem seus golpes baixos. Seus truques covardes. Seus olhos laser, claros ou profundamente escuros, suas bocas. Meu Deus, algumas ate sardas no nariz.
Seus seios, aqueles misseis inteligentes. Aquela curva suave da coxa quando esta chegando no quadril, e a Convencao de Genebra nao ve isso! E as armas quimicas - perfumes, locoes, cremes.
Sao de uma civilizacao superior, o que podem nossos tacapes contra os seus exercitos de encantos?
Breve dominarao o mundo.
Breve saberemos o que elas querem.
E depois de sair este artigo eu for encontrado morto com sinais de ter sido carinhosamente asfixiado, com um sorriso, minha tese esta certa.
Essa foi mandada por uma amigão, valeu Luís!
Mulher, sua origem e seu fim
(Luis Fernando Verissimo)
Existem varias lendas sobre a origem da Mulher. Uma diz que Deus pos o primeiro homem a dormir, inaugurando assim a anestesia geral, tirou uma de suas costelas e com ela fez a primeira mulher.
E que a primeira prova de amor de Eva foi cuidar de Adao e aguentar o seu mau humor enquanto ele convalescia da operacao.
Uma variante desta lenda diz que Deus, com seu prazo para a Criacao estourado, fez o homem as pressas, pensando "Depois eu melhoro", e mais tarde, com o tempo, fez um homem mais bem-acabado, que chamou Mulher, que 'e "melhor" em aramaico.
Outra lenda diz que Deus fez a mulher primeiro, e caprichou nas suas formas, e aparou aqui e tirou dali, e com o que sobrou fez o homem so para nao jogar barro fora.
Em certas tribos nomades do Meio Oriente ainda se acredita que a mulher foi, originariamente, um camelo, que na ansia de servir seu mestre de todas as maneiras foi se transformando ate adquirir sua forma atual.
No Extremo Oriente existe a lenda de que as mulheres caem do ceu, ja de kimono.
E em certas partes do Ocidente persiste a crenca de que mulher se compra atraves dos classificados, podendo-se escolher idade, cor da pele e tipo de massagem.
Todas estas lendas, claro, tem pouco a ver com a verdade cientifica.
Hoje se sabe que o Homem e o produto de um processo evolutivo que comecou com a primeira ameba a sair do mar, e e descendente direto de uma linha especifica de primatas, tendo passado por varias fases ate atingir o seu estagio atual - e ai encontrar a Mulher, que ninguem ainda sabe de onde veio.
E certamente ridiculo pensar que as mulheres tambem descendem de macacos. A minha mae, nao! Mas de onde veio a primeira mulher, ja que podemos descartar tanto a evolucao quanto as fantasias religiosas e mitologicas sobre a criacao?
Inclino-me para a tese da origem extraterrena. A mulher viria (isto e pura especulacao, claro) de outro planeta. Venho observando-as durante anos - inclusive casei com uma, para poder estuda-las mais de perto - e julgo ter colecionado provas irrefutaveis de que elas nao sao deste mundo.
Observei que elas nao tem os mesmos instintos que nos, e volta e meia sao surpreendidas em devaneio, como que captando ordens de outra galaxia, embora disfarcem e digam que so estavam pensando no jantar.
Tem uma logica completamente diferente da nossa. Ultimamente tem tentado dissimular sua peculiaridade, assumindo atitudes masculinas e fazendo coisas - como dirigir grandes empresas e xingar a mae do motorista ao lado - impensaveis ha alguns anos, o que so aumenta a suspeita de que se trata de uma estrategia para camuflar nossas diferencas, que estavam comecando a dar na vista.
Quando comentamos o fato, nos acusam de ser machistas, presos a preconceitos e incapazes de reconhecer seus direitos, ou entao rocam a nossa nuca com o nariz, dizendo coisas como "ioink, ioink" que nos deixam arrepiados e sem argumentos.
Claramente combinaram isto. Estao sempre combinando maneiras novas de impedir que se descubra que sao alienigenas e tem designios proprios para a nossa terra. E o que fazem quando vao, todas juntas, ao banheiro, sabendo que nao podemos ir atras para ouvir.
Muitas vezes, mesmo na nossa presenca, falam uma linguagem incompreensivel que so elas entendem, obviamente um codigo para transmitir instrucoes do Planeta Mae.
E tem seus golpes baixos. Seus truques covardes. Seus olhos laser, claros ou profundamente escuros, suas bocas. Meu Deus, algumas ate sardas no nariz.
Seus seios, aqueles misseis inteligentes. Aquela curva suave da coxa quando esta chegando no quadril, e a Convencao de Genebra nao ve isso! E as armas quimicas - perfumes, locoes, cremes.
Sao de uma civilizacao superior, o que podem nossos tacapes contra os seus exercitos de encantos?
Breve dominarao o mundo.
Breve saberemos o que elas querem.
E depois de sair este artigo eu for encontrado morto com sinais de ter sido carinhosamente asfixiado, com um sorriso, minha tese esta certa.
Somebody save me!
Uma paciente de 60 anos me chega com uma crise hipertensiva. "Começou ontem, eu estava vendo aquele menino, ele sofre demais!". "Que menino?". "O Superman novinho, o Superboy".
E a mãe dela, de 84 anos completa: "Ele é tão bonitinho".
E uma auxiliar de enfermagem me chama pra convencer um paciente a tomar banho. E a resposta do mesmo: "Todo dia eu tomo banho, só hoje eu não vou tomar". Ai meu Jesus Cristinho...
E todas as emergências da cidadezinha não funcionaram, só porque era meu plantão. Será que eu sou pé frio?
Uma paciente de 60 anos me chega com uma crise hipertensiva. "Começou ontem, eu estava vendo aquele menino, ele sofre demais!". "Que menino?". "O Superman novinho, o Superboy".
E a mãe dela, de 84 anos completa: "Ele é tão bonitinho".
E uma auxiliar de enfermagem me chama pra convencer um paciente a tomar banho. E a resposta do mesmo: "Todo dia eu tomo banho, só hoje eu não vou tomar". Ai meu Jesus Cristinho...
E todas as emergências da cidadezinha não funcionaram, só porque era meu plantão. Será que eu sou pé frio?
sexta-feira, fevereiro 11, 2005
Música (e poesia) do dia
Eu já adoro essa música. Mas depois de ouvir a Fátima (Bernardes) declamando-a, ficou ainda mais bela.
Tempos Modernos
Lulu Santos
Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isto por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste em nos rodear
Eu vejo a vida mais farta e clara
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão
Eu quero crer no amor numa boa
Que isto valha pra qualquer pessoa
Que realizar
A força que tem uma paixão
Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim do que não
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Que não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo o que há pra viver
Vamos nos permitir
Eu já adoro essa música. Mas depois de ouvir a Fátima (Bernardes) declamando-a, ficou ainda mais bela.
Tempos Modernos
Lulu Santos
Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isto por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste em nos rodear
Eu vejo a vida mais farta e clara
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão
Eu quero crer no amor numa boa
Que isto valha pra qualquer pessoa
Que realizar
A força que tem uma paixão
Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim do que não
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Que não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo o que há pra viver
Vamos nos permitir
Crônica do dia
Direto do site do Jornal da Globo.
A escolha de Charles
Arnaldo Jabor
Sei não, mas essa Camilla Park-Bowles deve ser uma lagartixa profissional na cama. É o famoso caso da mocréia sexy. O Charles era casado com a mais linda inglesa, depois daquele casamento em que tinha até chuva de purpurina e revoada de andorinha domesticada, mas Charles não achava muita graça na Diana, linda, frágil e talvez frigida para ele, com aquelas orelhas de abano. Ele sempre gostou da Camilla, aquela que dava vontade de perguntar: você é assim mesmo ou te viraram pelo avesso?
Mas, um dia acharam uma gravação em que ele gemia apaixonado: eu quero ser o seu tampax, um príncipe querer ser absorvente íntimo não é comum. E ela dizia que ele era o fortificante que ela bebia toda semana e agora ela vai ser mulher do rei, não como rainha, mas como duquesa da Cornuália. Isso, da Cornuália, santo Deus, será isso um prenuncio para o futuro rei? Casado com a cornuália? Bem, bobo ele não é. Deve ter suas razoes. Sei não, a gente se influencia porque olhando bem para Camilla, eu acho que ela ainda da um bom caldo.
Direto do site do Jornal da Globo.
A escolha de Charles
Arnaldo Jabor
Sei não, mas essa Camilla Park-Bowles deve ser uma lagartixa profissional na cama. É o famoso caso da mocréia sexy. O Charles era casado com a mais linda inglesa, depois daquele casamento em que tinha até chuva de purpurina e revoada de andorinha domesticada, mas Charles não achava muita graça na Diana, linda, frágil e talvez frigida para ele, com aquelas orelhas de abano. Ele sempre gostou da Camilla, aquela que dava vontade de perguntar: você é assim mesmo ou te viraram pelo avesso?
Mas, um dia acharam uma gravação em que ele gemia apaixonado: eu quero ser o seu tampax, um príncipe querer ser absorvente íntimo não é comum. E ela dizia que ele era o fortificante que ela bebia toda semana e agora ela vai ser mulher do rei, não como rainha, mas como duquesa da Cornuália. Isso, da Cornuália, santo Deus, será isso um prenuncio para o futuro rei? Casado com a cornuália? Bem, bobo ele não é. Deve ter suas razoes. Sei não, a gente se influencia porque olhando bem para Camilla, eu acho que ela ainda da um bom caldo.
Maravilha de Carnaval
Melhor que o do ano passado. Sábado e domingo comemorando o aniversário da Márcia, reassistindo “A máfia no divã”, “Lisbela e o prisioneiro” e “Amor à segunda vista”, com a agente Vicky e o agente Ado. Só a comida de Márcia já valeu ter atravessado a cidade no meio da folia.
Na segunda, uma overdose de AX Primeira Temporada, com Vicky, pão de queijo e sorvete de chocolate. E a agente Fernanda em Olinda. Dormir cedo pra o plantão da terça-feira, que não foi moleza. Nada demais. Acontece que ninguém foi evoluir os pacientes internos e, somando-se a um médico (recuso-me a chamá-lo de “colega”) que não trabalha em equipe, não parei até às 23 horas. Pra acordar às 00:30 h, para atender uma emergência, e mais umas quatro vezes porque tinha “uma criança nascendo”. E quem dormiu tendo que acordar às 5:30 da manhã pra pegar o õnibus de volta?
É claaro que voltei pra casa na quarta debaixo de chuva e fui curtir A dor de cabeça, ainda não descobri se foi falta de sono, labirintite, enxaqueca ou raiva. Provavelmente tudo junto. Um dia inteiro perdido, sem conseguir ler, assistir TV, me aproximar do computador. E sem ver AX. Bolas!
Melhor que o do ano passado. Sábado e domingo comemorando o aniversário da Márcia, reassistindo “A máfia no divã”, “Lisbela e o prisioneiro” e “Amor à segunda vista”, com a agente Vicky e o agente Ado. Só a comida de Márcia já valeu ter atravessado a cidade no meio da folia.
Na segunda, uma overdose de AX Primeira Temporada, com Vicky, pão de queijo e sorvete de chocolate. E a agente Fernanda em Olinda. Dormir cedo pra o plantão da terça-feira, que não foi moleza. Nada demais. Acontece que ninguém foi evoluir os pacientes internos e, somando-se a um médico (recuso-me a chamá-lo de “colega”) que não trabalha em equipe, não parei até às 23 horas. Pra acordar às 00:30 h, para atender uma emergência, e mais umas quatro vezes porque tinha “uma criança nascendo”. E quem dormiu tendo que acordar às 5:30 da manhã pra pegar o õnibus de volta?
É claaro que voltei pra casa na quarta debaixo de chuva e fui curtir A dor de cabeça, ainda não descobri se foi falta de sono, labirintite, enxaqueca ou raiva. Provavelmente tudo junto. Um dia inteiro perdido, sem conseguir ler, assistir TV, me aproximar do computador. E sem ver AX. Bolas!
sábado, fevereiro 05, 2005
Do Por falar nisso
Como tem tudo a ver conosco...
O E.T. assaltante
José Mattos
A gente lê muito sobre a existência de dois brasis e passeando nas ruas das nossas cidades ou viajando também se constata esta divisão. Mas, é difícil uma prova provada tão indiscutível quanto a revelada ontem por William Bonner ao relatar o assalto ocorrido em sua residência. Bonner disse que o ladrão a certa altura perguntou-lhe a profissão.
O ladrão simplesmente não reconheceu a Bonner e a Fátima Bernardes dois rostos presentes o ano todo em vários milhões de casas brasileiras. Não reconhecê-los significa não ter a menor intimidade com o Jornal Nacional e é lícito supor que quem não reconhece este casal não tem o menor contato com o Brasil institucional, o Brasil em que eu e você vivemos.
É difícil até pensar qual assunto será possível conversar com um indivíduo com tão pouca relação com as referências que nós usamos para nos comunicar. Eu posso estar exagerando, mas se ele não reconhece o rosto, a voz de William Bonner e nem a Fátima Bernardes é plausível que ele não reconheça também a Ronaldo, Ronaldinho, Lula, Roberto Carlos e outras figuras que de quem vemos imagens todos os dias em todos os meios de comunicação e publicidade. E não reconhecer a esta gente é ignorar todo o contexto cultural, social, midiático, imaginário, iconográfico do Brasil que “nós” habitamos.
Em uma entrevista há algum tempo, me disse o Sergio Chapellin, o William Bonner da época, que era absolutamente impressionante o nível de reconhecimento dos apresentadores do Jornal Nacional. Maior até do que dos atores protagonistas das novelas, porque estes têm o seu reconhecimento maior ou menor dependendo de se estão ou não na novela da vez enquanto os apresentadores passam o ano todo no ar, sem possibilidade de descansar a imagem pública.
Para realçar ainda mais o insólito da situação de não reconhecimento dos dois rostos mais presentes na tv brasileira, o assalto foi realizado no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, e, portanto o ladrão é morador da mesma cidade se não for vizinho deles. E, apesar, disto habita um outro planeta.
Em resumo, William Bonner e Fátima Bernardes foram assaltados por um E.T.
Como tem tudo a ver conosco...
O E.T. assaltante
José Mattos
A gente lê muito sobre a existência de dois brasis e passeando nas ruas das nossas cidades ou viajando também se constata esta divisão. Mas, é difícil uma prova provada tão indiscutível quanto a revelada ontem por William Bonner ao relatar o assalto ocorrido em sua residência. Bonner disse que o ladrão a certa altura perguntou-lhe a profissão.
O ladrão simplesmente não reconheceu a Bonner e a Fátima Bernardes dois rostos presentes o ano todo em vários milhões de casas brasileiras. Não reconhecê-los significa não ter a menor intimidade com o Jornal Nacional e é lícito supor que quem não reconhece este casal não tem o menor contato com o Brasil institucional, o Brasil em que eu e você vivemos.
É difícil até pensar qual assunto será possível conversar com um indivíduo com tão pouca relação com as referências que nós usamos para nos comunicar. Eu posso estar exagerando, mas se ele não reconhece o rosto, a voz de William Bonner e nem a Fátima Bernardes é plausível que ele não reconheça também a Ronaldo, Ronaldinho, Lula, Roberto Carlos e outras figuras que de quem vemos imagens todos os dias em todos os meios de comunicação e publicidade. E não reconhecer a esta gente é ignorar todo o contexto cultural, social, midiático, imaginário, iconográfico do Brasil que “nós” habitamos.
Em uma entrevista há algum tempo, me disse o Sergio Chapellin, o William Bonner da época, que era absolutamente impressionante o nível de reconhecimento dos apresentadores do Jornal Nacional. Maior até do que dos atores protagonistas das novelas, porque estes têm o seu reconhecimento maior ou menor dependendo de se estão ou não na novela da vez enquanto os apresentadores passam o ano todo no ar, sem possibilidade de descansar a imagem pública.
Para realçar ainda mais o insólito da situação de não reconhecimento dos dois rostos mais presentes na tv brasileira, o assalto foi realizado no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, e, portanto o ladrão é morador da mesma cidade se não for vizinho deles. E, apesar, disto habita um outro planeta.
Em resumo, William Bonner e Fátima Bernardes foram assaltados por um E.T.
Idéia brilhante
Do Jornal da Mídia
Quer preservativo? Procure um 'barnabé' no meio da folia.
Quinta-feira, 03/02/2005 - 23:48
Tudo indica que a história voltará a se repetir neste Carnaval. Apesar da intensa propaganda em relação à campanha de distribuição de um milhão de preservativos durante a folia, quem vai aos postos da Secretaria Municipal de Saúde instalados em pontos estratégicos do circuito do Carnaval de Salvador, à procura de camisinhas, sai de lá com as mãos abanando e uma informação um tanto quanto inusitada: a distribuição estaria sendo feita por agentes de saúde espalhados em plena muvuca.
Trata-se da mesma informação prestada no ano passado, quando anunciou-se a distribuição de milhões de preservativos mas quem procurou os postos da Secretaria Municipal de Saúde ficou a ver navios.
O folião que quiser fazer sexo seguro deve, portanto, sair no meio da multidão perguntando a quem tem cara ou jeito de "barnabé" se ele (ou ela) está distribuindo preservativos. O burrocrata que teve esta grande idéia deve ser laureado pelos órgãos encarregados do combate à Aids e do controle da natalidade.
Quando estiver num dos circuitos do Carnaval dê uma passadinha num desses postos da Prefeitura e peça uma camisinha. Quem sabe você encontrará alguém com um pouco de inteligência, que tenha pensado meio por acaso que algum desmiolado poderia ir naquele posto à procura de preservativos - em vez de procurar um 'barnabé no meio da folia - e reservou alguns para distribuir com deficientes mentais desse tipo.
Caso a Secretaria de Saúde do Município não altere sua estratégia de distribuição, privilegiando também a entrega de preservativos nos postos, a campanha do Ministério da Saúde pode se tornar um fracasso em Salvador. O ministro da Saúde Humberto Costa anunciou hoje que entregou um milhão de preservativos à Prefeitura, ao Estado e a ONGs locais.
Do Jornal da Mídia
Quer preservativo? Procure um 'barnabé' no meio da folia.
Quinta-feira, 03/02/2005 - 23:48
Tudo indica que a história voltará a se repetir neste Carnaval. Apesar da intensa propaganda em relação à campanha de distribuição de um milhão de preservativos durante a folia, quem vai aos postos da Secretaria Municipal de Saúde instalados em pontos estratégicos do circuito do Carnaval de Salvador, à procura de camisinhas, sai de lá com as mãos abanando e uma informação um tanto quanto inusitada: a distribuição estaria sendo feita por agentes de saúde espalhados em plena muvuca.
Trata-se da mesma informação prestada no ano passado, quando anunciou-se a distribuição de milhões de preservativos mas quem procurou os postos da Secretaria Municipal de Saúde ficou a ver navios.
O folião que quiser fazer sexo seguro deve, portanto, sair no meio da multidão perguntando a quem tem cara ou jeito de "barnabé" se ele (ou ela) está distribuindo preservativos. O burrocrata que teve esta grande idéia deve ser laureado pelos órgãos encarregados do combate à Aids e do controle da natalidade.
Quando estiver num dos circuitos do Carnaval dê uma passadinha num desses postos da Prefeitura e peça uma camisinha. Quem sabe você encontrará alguém com um pouco de inteligência, que tenha pensado meio por acaso que algum desmiolado poderia ir naquele posto à procura de preservativos - em vez de procurar um 'barnabé no meio da folia - e reservou alguns para distribuir com deficientes mentais desse tipo.
Caso a Secretaria de Saúde do Município não altere sua estratégia de distribuição, privilegiando também a entrega de preservativos nos postos, a campanha do Ministério da Saúde pode se tornar um fracasso em Salvador. O ministro da Saúde Humberto Costa anunciou hoje que entregou um milhão de preservativos à Prefeitura, ao Estado e a ONGs locais.
Boas Vindas e até logo
A minha mãe cantava essa todo Carnaval quando nós morávamos em Natal, e lá ainda não tinha folia. Aposto que se tocar ela ainda sai pulando igual a milho de pipoca em panela quente. Pena que não herdei o espírito, mas acho bonito.
Voltei Recife.
Foi a saudade que me trouxe pelo braço.
Quero ver novamente Vassouras na rua abafando,
Tomar umas e outras
E cair no passo
Cadê toureiros
Cadê Bolas de Ouro,
As Paes, os Lenhadores
E o nosso Batuta de São José?
Quero sentir
A embriagues do frevo,
Que entra na cabeça
Depois toma o corpo
E acaba no pé.
Quem é de fato, bom pernambucano
Espera um ano, pra cair na brincadeira.
Esquece tudo, quando cai no frevo,
E no melhor da festa,
Chega a quarta-feira.
É de fazer chorar,
Quando o dia começa e obriga o frevo a acabar.
Oh! Quarta-feira ingrata
Chega tão depressa, só pra contrariar.
Eu não devo ser boa pernambucana...será?
A minha mãe cantava essa todo Carnaval quando nós morávamos em Natal, e lá ainda não tinha folia. Aposto que se tocar ela ainda sai pulando igual a milho de pipoca em panela quente. Pena que não herdei o espírito, mas acho bonito.
Voltei Recife.
Foi a saudade que me trouxe pelo braço.
Quero ver novamente Vassouras na rua abafando,
Tomar umas e outras
E cair no passo
Cadê toureiros
Cadê Bolas de Ouro,
As Paes, os Lenhadores
E o nosso Batuta de São José?
Quero sentir
A embriagues do frevo,
Que entra na cabeça
Depois toma o corpo
E acaba no pé.
Quem é de fato, bom pernambucano
Espera um ano, pra cair na brincadeira.
Esquece tudo, quando cai no frevo,
E no melhor da festa,
Chega a quarta-feira.
É de fazer chorar,
Quando o dia começa e obriga o frevo a acabar.
Oh! Quarta-feira ingrata
Chega tão depressa, só pra contrariar.
Eu não devo ser boa pernambucana...será?
Crônica do dia
Pra entrar no clima.
"Conto de verão No 2: Bandeira Branca"
Luís Fernando Verissimo
Ele: tirolês. Ela: odalisca. Eram de culturas muito diferentes, não podia dar certo. Mas tinham só quatro anos e se entenderam. No mundo dos quatro anos todos se entendem, de um jeito ou de outro. Em vez de dançarem, pularem e entrarem no cordão, resistiram a todos os apelos desesperados das mães e ficaram sentados no chão, fazendo um montinho de confete, serpentina e poeira, até serem arrastados para casa, sob ameaças de jamais serem levados a outro baile de Carnaval.
Encontraram-se de novo no baile infantil do clube, no ano seguinte. Ele com o mesmo tirolês, agora apertado nos fundilhos, ela de egípcia. Tentaram recomeçar o montinho, mas dessa vez as mães reagiram e os dois foram obrigados a dançar, pular e entrar no cordão, sob ameaça de levarem uns tapas. Passaram o tempo todo de mãos dadas.
Só no terceiro Carnaval se falaram.
— Como é teu nome?
— Janice. E o teu?
— Píndaro.
— O quê?!
— Píndaro.
— Que nome!
Ele de legionário romano, ela de índia americana.
Só no sétimo baile (pirata, chinesa) desvendaram o mistério de só se encontrarem no Carnaval e nunca se encontrarem no clube, no resto do ano. Ela morava no interior, vinha visitar uma tia no Carnaval, a tia é que era sócia.
— Ah.
Foi o ano em que ele preferiu ficar com a sua turma tentando encher a boca das meninas de confete, e ela ficou na mesa, brigando com a mãe, se recusando a brincar, o queixo enterrado na gola alta do vestido de imperadora. Mas quase no fim do baile, na hora do Bandeira Branca, ele veio e a puxou pelo braço, e os dois foram para o meio do salão, abraçados. E, quando se despediram, ela o beijou na face, disse “Até o Carnaval que vem” e saiu correndo.
No baile do ano em que fizeram 13 anos, pela primeira vez as fantasias dos dois combinaram. Toureiro e bailarina espanhola. Formavam um casal! Beijaram-se muito, quando as mães não estavam olhando. Até na boca. Na hora da despedida, ele pediu:
— Me dá alguma coisa.
— O quê?
— Qualquer coisa.
— O leque.
O leque da bailarina. Ela diria para a mãe que o tinha perdido no salão.
***
No ano seguinte, ela não apareceu no baile. Ele ficou o tempo todo à procura, um havaiano desconsolado. Não sabia nem como perguntar por ela. Não conhecia a tal tia. Passara um ano inteiro pensando nela, às vezes tirando o leque do seu esconderijo para cheirá-lo, antegozando o momento de encontrá-la outra vez no baile. E ela não apareceu. Marcelão, o mau elemento da sua turma, tinha levado gim para misturar com o guaraná. Ele bebeu demais. Teve que ser carregado para casa. Acordou na sua cama sem lençol, que estava sendo lavado. O que acontecera?
— Você vomitou a alma — disse a mãe.
Era exatamente como se sentia. Como alguém que vomitara a alma e nunca a teria de volta. Nunca. Nem o leque tinha mais o cheiro dela.
Mas, no ano seguinte, ele foi ao baile dos adultos no clube — e lá estava ela! Quinze anos. Uma moça. Peitos, tudo. Uma fantasia indefinida.
— Sei lá. Bávara tropical — disse ela, rindo.
Estava diferente. Não era só o corpo. Menos tímida, o riso mais alto. Contou que faltara no ano anterior porque a avó morrera, logo no Carnaval.
— E aquela bailarina espanhola?
— Nem me fala. E o toureiro?
— Aposentado.
A fantasia dele era de nada. Camisa florida, bermuda, finalmente um brasileiro. Ela estava com um grupo. Primos, amigos dos primos. Todos vagamente bávaros. Quando ela o apresentou ao grupo, alguém disse “Píndaro?!” e todos caíram na risada. Ele viu que ela estava rindo também. Deu uma desculpa e afastou-se. Foi procurar o Marcelão. O Marcelão anunciara que levaria várias garrafas presas nas pernas, escondidas sob as calças da fantasia de sultão. O Marcelão tinha o que ele precisava para encher o buraco deixado pela alma. Quinze anos, pensou ele, e já estou perdendo todas as ilusões da vida, começando pelo Carnaval. Não devo chegar aos 30, pelo menos não inteiro. Passou todo o baile encostado numa coluna adornada, bebendo o guaraná clandestino do Marcelão, vendo ela passar abraçada com uma sucessão de primos e amigos de primos, principalmente um halterofilista, certamente burro, talvez até criminoso, que reduzira sua fantasia a um par de calças curtas de couro. Pensou em dizer alguma coisa, mas só o que lhe ocorreu dizer foi “pelo menos o meu tirolês era autêntico” e desistiu. Mas, quando a banda começou a tocar Bandeira Branca e ele se dirigiu para a saída, tonto e amargurado, sentiu que alguém o pegava pela mão, virou-se e era ela. Era ela, meu Deus, puxando-o para o salão. Ela enlaçando-o com os dois braços para dançarem assim, ela dizendo “não vale, você cresceu mais do que eu” e encostando a cabeça no seu ombro. Ela encostando a cabeça no seu ombro.
***
Encontraram-se de novo 15 anos depois. Aliás, neste Carnaval. Por acaso, num aeroporto. Ela desembarcando, a caminho do interior, para visitar a mãe. Ele embarcando para encontrar os filhos no Rio. Ela disse “quase não reconheci você sem fantasias”. Ele custou a reconhecê-la. Ela estava gorda, nunca a reconheceria, muito menos de bailarina espanhola. A última coisa que ele lhe dissera fora “preciso te dizer uma coisa”, e ela dissera “no Carnaval que vem, no Carnaval que vem” e no Carnaval seguinte ela não aparecera, ela nunca mais aparecera. Explicou que o pai tinha sido transferido para outro estado, sabe como é, Banco do Brasil, e como ela não tinha o endereço dele, como não sabia nem o sobrenome dele e, mesmo, não teria onde tomar nota na fantasia de falsa bávara…
— O que você ia me dizer, no outro Carnaval? — perguntou ela.
— Esqueci — mentiu ele.
Trocaram informações. Os dois casaram, mas ele já se separou. Os filhos dele moram no Rio, com a mãe. Ela, o marido e a filha moram em Curitiba, o marido também é do Banco do Brasil… E a todas essas ele pensando: digo ou não digo que aquele foi o momento mais feliz da minha vida, Bandeira Branca, a cabeça dela no meu ombro, e que todo o resto da minha vida será apenas o resto da minha vida? E ela pensando: como é mesmo o nome dele? Péricles. Será Péricles? Ele: digo ou não digo que não cheguei mesmo inteiro aos 30, e que ainda tenho o leque? Ela: Petrarco. Pôncio. Ptolomeu…
Pra entrar no clima.
"Conto de verão No 2: Bandeira Branca"
Luís Fernando Verissimo
Ele: tirolês. Ela: odalisca. Eram de culturas muito diferentes, não podia dar certo. Mas tinham só quatro anos e se entenderam. No mundo dos quatro anos todos se entendem, de um jeito ou de outro. Em vez de dançarem, pularem e entrarem no cordão, resistiram a todos os apelos desesperados das mães e ficaram sentados no chão, fazendo um montinho de confete, serpentina e poeira, até serem arrastados para casa, sob ameaças de jamais serem levados a outro baile de Carnaval.
Encontraram-se de novo no baile infantil do clube, no ano seguinte. Ele com o mesmo tirolês, agora apertado nos fundilhos, ela de egípcia. Tentaram recomeçar o montinho, mas dessa vez as mães reagiram e os dois foram obrigados a dançar, pular e entrar no cordão, sob ameaça de levarem uns tapas. Passaram o tempo todo de mãos dadas.
Só no terceiro Carnaval se falaram.
— Como é teu nome?
— Janice. E o teu?
— Píndaro.
— O quê?!
— Píndaro.
— Que nome!
Ele de legionário romano, ela de índia americana.
Só no sétimo baile (pirata, chinesa) desvendaram o mistério de só se encontrarem no Carnaval e nunca se encontrarem no clube, no resto do ano. Ela morava no interior, vinha visitar uma tia no Carnaval, a tia é que era sócia.
— Ah.
Foi o ano em que ele preferiu ficar com a sua turma tentando encher a boca das meninas de confete, e ela ficou na mesa, brigando com a mãe, se recusando a brincar, o queixo enterrado na gola alta do vestido de imperadora. Mas quase no fim do baile, na hora do Bandeira Branca, ele veio e a puxou pelo braço, e os dois foram para o meio do salão, abraçados. E, quando se despediram, ela o beijou na face, disse “Até o Carnaval que vem” e saiu correndo.
No baile do ano em que fizeram 13 anos, pela primeira vez as fantasias dos dois combinaram. Toureiro e bailarina espanhola. Formavam um casal! Beijaram-se muito, quando as mães não estavam olhando. Até na boca. Na hora da despedida, ele pediu:
— Me dá alguma coisa.
— O quê?
— Qualquer coisa.
— O leque.
O leque da bailarina. Ela diria para a mãe que o tinha perdido no salão.
***
No ano seguinte, ela não apareceu no baile. Ele ficou o tempo todo à procura, um havaiano desconsolado. Não sabia nem como perguntar por ela. Não conhecia a tal tia. Passara um ano inteiro pensando nela, às vezes tirando o leque do seu esconderijo para cheirá-lo, antegozando o momento de encontrá-la outra vez no baile. E ela não apareceu. Marcelão, o mau elemento da sua turma, tinha levado gim para misturar com o guaraná. Ele bebeu demais. Teve que ser carregado para casa. Acordou na sua cama sem lençol, que estava sendo lavado. O que acontecera?
— Você vomitou a alma — disse a mãe.
Era exatamente como se sentia. Como alguém que vomitara a alma e nunca a teria de volta. Nunca. Nem o leque tinha mais o cheiro dela.
Mas, no ano seguinte, ele foi ao baile dos adultos no clube — e lá estava ela! Quinze anos. Uma moça. Peitos, tudo. Uma fantasia indefinida.
— Sei lá. Bávara tropical — disse ela, rindo.
Estava diferente. Não era só o corpo. Menos tímida, o riso mais alto. Contou que faltara no ano anterior porque a avó morrera, logo no Carnaval.
— E aquela bailarina espanhola?
— Nem me fala. E o toureiro?
— Aposentado.
A fantasia dele era de nada. Camisa florida, bermuda, finalmente um brasileiro. Ela estava com um grupo. Primos, amigos dos primos. Todos vagamente bávaros. Quando ela o apresentou ao grupo, alguém disse “Píndaro?!” e todos caíram na risada. Ele viu que ela estava rindo também. Deu uma desculpa e afastou-se. Foi procurar o Marcelão. O Marcelão anunciara que levaria várias garrafas presas nas pernas, escondidas sob as calças da fantasia de sultão. O Marcelão tinha o que ele precisava para encher o buraco deixado pela alma. Quinze anos, pensou ele, e já estou perdendo todas as ilusões da vida, começando pelo Carnaval. Não devo chegar aos 30, pelo menos não inteiro. Passou todo o baile encostado numa coluna adornada, bebendo o guaraná clandestino do Marcelão, vendo ela passar abraçada com uma sucessão de primos e amigos de primos, principalmente um halterofilista, certamente burro, talvez até criminoso, que reduzira sua fantasia a um par de calças curtas de couro. Pensou em dizer alguma coisa, mas só o que lhe ocorreu dizer foi “pelo menos o meu tirolês era autêntico” e desistiu. Mas, quando a banda começou a tocar Bandeira Branca e ele se dirigiu para a saída, tonto e amargurado, sentiu que alguém o pegava pela mão, virou-se e era ela. Era ela, meu Deus, puxando-o para o salão. Ela enlaçando-o com os dois braços para dançarem assim, ela dizendo “não vale, você cresceu mais do que eu” e encostando a cabeça no seu ombro. Ela encostando a cabeça no seu ombro.
***
Encontraram-se de novo 15 anos depois. Aliás, neste Carnaval. Por acaso, num aeroporto. Ela desembarcando, a caminho do interior, para visitar a mãe. Ele embarcando para encontrar os filhos no Rio. Ela disse “quase não reconheci você sem fantasias”. Ele custou a reconhecê-la. Ela estava gorda, nunca a reconheceria, muito menos de bailarina espanhola. A última coisa que ele lhe dissera fora “preciso te dizer uma coisa”, e ela dissera “no Carnaval que vem, no Carnaval que vem” e no Carnaval seguinte ela não aparecera, ela nunca mais aparecera. Explicou que o pai tinha sido transferido para outro estado, sabe como é, Banco do Brasil, e como ela não tinha o endereço dele, como não sabia nem o sobrenome dele e, mesmo, não teria onde tomar nota na fantasia de falsa bávara…
— O que você ia me dizer, no outro Carnaval? — perguntou ela.
— Esqueci — mentiu ele.
Trocaram informações. Os dois casaram, mas ele já se separou. Os filhos dele moram no Rio, com a mãe. Ela, o marido e a filha moram em Curitiba, o marido também é do Banco do Brasil… E a todas essas ele pensando: digo ou não digo que aquele foi o momento mais feliz da minha vida, Bandeira Branca, a cabeça dela no meu ombro, e que todo o resto da minha vida será apenas o resto da minha vida? E ela pensando: como é mesmo o nome dele? Péricles. Será Péricles? Ele: digo ou não digo que não cheguei mesmo inteiro aos 30, e que ainda tenho o leque? Ela: Petrarco. Pôncio. Ptolomeu…
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