segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Final de semana básico. Só encontrei Fernanda e Diego no MSN. Não saí de casa, não estudei, fiquei desenhando uns cartazes pra fazer palestra sobre Hipertensão (imagine desenhar uma mulher que teve derrame!).
Tudo que se falou na reunião foi por nada. Novamente "disseram que tinha dito"que só atendia até 11 horas e ia embora sem atender os que sobravam. Detesto quando dizem o que eu não disse! Foi combinado que os pacientes que quisessem ser atendidos deveriam chegar até nove horas. Se às nove faltasse algum dos marcados, seria encaixado alguém que queria se consultar e não tinha conseguido marcar ficha no dia anterior. Prioridade para diarréia e febre em crianças, gestantes. O resto por ordem de chegada (quem está doente vai cedo pra conseguir vaga, não fica em casa).
Acho que falo grego. Vou voltar e dar aula de Grécia pra turma de Eduardo. Repassei os pontos hoje, e me chega gente de 11:30 h (o posto fecha às 11h).
Eu disse chega. Recolhi "meus mijados" e tchau. Simplesmente comuniquei à enfermeira, porque o gerente não consigo ver. Chego antes e saio muito depois. As pessoas entram na sala, sem nem pedir licença, mentem pra auxiliar de enfermagem dizendo que estão com dor, desmaiando, só pra serem atendidos no mesmo dia ou passar na frente.
Não fui trabalhar à tarde. Na verdade, eu não queria ir embora. Nunca vi papai tão feliz, preciso do dinheiro, a equipe é superlegal. A população é que está cheia de mal costumes. A médica anteRior é muito boa (os prontuários são resumidos mas com detalhes maravilhosos tipo "a pressão subiu porque houve a morte de uma vizinha"), é boazinha demais. Não sabe dizer "não".
É preciso que todos se conscientizem que PSF não é paternalismo. É uma estratégia de cidadania antes de uma estratégia de saúde. O comunitário deve entender que é responsável por si e pela família, a equipe do PSF é facilitadora de acesso ao sistema. Não se pode pegar a pessoa pela mão, marcar a ficha, levar o remédio em casa, senão o paciente vai querer ser atendido em casa, um privilégio dos acamados e das residências de difícil acesso.
Acho que ando cansada de tudo.
Depois de muito conversar com papai, resolvi tentar mais um dia. Elaboramos um projeto de registrar protocolos de conduta, referência e tratamento para o município. Talvez eu precise de um projeto fora do posto. Comecei a estudar músicas em inglês com Mateus. É bom pra revisar. Pena que eu saiba tão pouco pra ensinar.
Agradeço pelas preces (o rio está baixando),
Doutora X.

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