domingo, fevereiro 01, 2004

31.01.04
Dia aceitável. Pelo menos tivemos uma reunião decente. Após o serviço da manhã, fui à Secretaria sem dizer nada à gerente. Afinal, ninguém por lá sabia que o outro médico já havia saído. E olha que já têm até a pessoa. Custava telefonar? Custava me dizer que o receituário de medicações controladas está faltando em todas as unidades?
Entre essas idas diárias à Secretaria e os telefonemas para a mesma deveria ter havido um instante para a gerente procurar as requisições de Densitometria Óssea e os códigos da produtividade.
Foi só eu dizer que havia estado na Secretaria, na reunião da tarde, que os códigos (que estavam no posto em reforma) “apareceram”.
O que valeu foi que eu encontrei a outra enfermeira por lá e descobrimos que trabalhamos do mesmo jeito. Na reunião ficou claro que estou sozinha, por mais que a gerente desse a entender que sou eu que não procuro saber das coisas. Lógico que ela falou comigo na frente dos outros e eu, que aprendi a fingir, falei também.

O que estou fazendo agora vai me transformar na queridinha de todas as gerentes e do pessoal da estatística. Seguinte: o pior trabalho no PSF é fazer a Estatística do mês. É através desses dados que o Ministério calcula o dinheiro necessário para repassar para cada município. Acontece que ninguém escreve muito no Boletim de Atendimento Diário, portanto, na hora de calcular quantas pessoas foram atendidas, o número é sempre inferior à realidade.
Se eu atendo uma mulher hipertensa e, além de corrigir a dose do remédio da pressão, aproveito pra solicitar o exame de prevenção de Câncer de Colo Uterino, foram DOIS atendimentos distintos: hipertensão e saúde da mulher. Geralmente só se anota o diagnóstico mais importante e é contado apenas UM atendimento. Agora imagine uma mulher hipertensa, diabética, com 68 anos e com a prevenção atrasada. São QUATRO atendimentos (afinal se aproveira e dá uma olhada na glicemia, no risco de osteoporose,etc)e geralmente só se conta um.
A melhor maneira de se fazer a produtividade é que a própria pessoa que atendeu preencha o boletim e calcule diariamente sua produtividade (lógico). Aqui (ao contrário de Vitória) o trabalho é jogado nas costas da gerente ou de uma pessoa que só faz a estatística. Quem não atendeu não vai saber se você perguntou “a senhora está tomando seu cálcio?”. Então perde-se de ganhar DINHEIRO e um membro da equipe (geralmente a gerente) fica sobrecarregado enquanto outro (o médico) nem tem noção da importância do registro.
Falei com uma senhora superlegal desse setor na Secretaria e sugeri uma reunião para orientar as equipes. Em casa, bolei umas tabelas (que já havia usado antes) pra facilitar a contagem (que é pesadeliforme).
Isso vai me deixar bem com a Secretaria (mais dinheiro) e com as gerentes (menos trabalho). Talvez os médicos reclamem um pouco por terem de escrever mais (acho que deviam é fazer sua própria produtividade, mas vamos com calma). Acho que, se um trabalho é chato, a melhor maneira de fazê-lo é dividi-lo entre a equipe.
Cada gerente faz a produtividade dos dois médicos, duas enfermeira, duas auxiliares e dezesseis agentes de saúde! É uma exploração. Eu disse isso à minha gerente. Tenho certeza que ela, pelo menos nisso, concordou comigo e deu graças a Deus porque me ofereci pra fazer minha parte.
Final de semana (fazendo produtividade, estudando e bolando uns cartazes pra papai apresentar na palestra de Hipertensão).

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