Saco!
As medicações prescritas por minha médica para uso contínuo perfazem quase 400 reais por mês. Preciso de MAIS um plantão.
Só preciso deixar de postar dois dias e a tarefa se torna hercúlea, devido à quantidade de casos clínicos que passam por mim todos os dias.
Ando pensando seriamente em trocar o nome do blog para “Plantão Médico”.
Ontem, na propaganda política, estavam mostrando situações absurdas de diversos serviços de saúde pelo Brasil. Como assim “absurdas”? Aquilo é o meu dia-a-dia. Aqueles casos não são isolados. Da mesma maneira que no Rio de Janeiro, a prefeitura de Camaragibe, que também tem gestão plena, não estava repassando os recursos do SUS para o hospital geral de Camaragibe, que é particular e conveniado ao SUS. Na maioria dos hospitais que trabalhei em minha vida, o médico tanto atende urgências quanto consultas. Em Cortês (não se engane, a população não era nada cortês), havia um número fixo de fichas para consultas, mas se as fichas de consulta acabavam, as pessoas eram atendidas como urgências. Em Capoeiras, o médico que vinha de Recife chegava por perto do meio-dia, devido à distância, e ia embora às três da manhã pra pegar o ônibus de volta. Havia trinta fichas de ambulatório para cada turno, mais as urgências, mais os pacientes internados. Era o único médico da cidade e os municípios vizinhos não tinham médico porque as prefeituras não pagavam direito. Em Surubim, foi inaugurada uma policlínica pela prefeitura há dois meses, e a demanda pro maior hospital da cidade continua a mesma, porque os propagados médicos especialistas não foram contratados.
Sem falar que a população vai se consultar nesses hospitais porque o médico do Programa de Saúde da Família não está no posto todos os dias. E não é porque está fazendo visitas domiciliares. É porque tem dias de folga, embora o Ministério da Saúde determine que a carga horária é de 40 horas semanais. Se ao menos esse médico desse plantão na cidade nos dias de folga no posto, eu entendia. Em Mossoró-RN, a prefeitura provou para o Ministério que não havia médicos suficientes para os postos e as emergências, organizou folgas de meio expediente nos postos e todos os médicos da rede davam plantão nas emergências. A pessoa sabia que se o doutor não estava no posto estava na emergência. Mas geralmente, há pelo menos um dia de folga nos PSFs nos municípios mais distantes para que o médico dê um plantão e tire um dinheiro extra. A própria prefeitura oferece um emprego atrelado ao outro. Como o PSF não paga o suficiente para dedicação exclusiva, muitas vezes o médico não quer permanecer a semana inteira no interior, sem conforto algum,longe da família, sem ter o que fazer à noite. Em São Rafael-RN, não pegava nem celular. Se você perdesse o ônibus da manhã, só pagando uns trinta reais pra ir de moto para Assu. Não tinha acesso à Internet, telefone, só orelhão. E eu dormi um mês num colchão, porque a prefeitura prometeu, prometeu e eu saí de lá sem ver a tal cama e com dor nas costas.
sábado, abril 02, 2005
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