sábado, abril 16, 2005

Do Por Falar Nisso

03/04/2005

João Paulo II - o Pastor visto do rebanho


O Papa João Paulo II foi de extraordinária importância para o mundo. Para citar apenas uma de suas realizações, ele ao promover decididamente o ecumenismo, ao visitar os principais sacerdotes dos judeus, dos muçulmanos, das religiões orientais, ao diminuir as diferenças entre as diversas religiões cristãs ele mostrou que a religião não é mais razão para guerra. As homenagens que ele vem recebendo dos fiéis das mais diversas religiões do mundo mostram que ele realmente conseguiu passar esta mensagem e, mais importante, ficam desmoralizados os líderes políticos que desejem se utilizar motivos religiosos para iniciar agressões e conflitos armados.



Já para os católicos ele apresenta duas visões, pelo menos. Uma coerente com o parágrafo acima, é a de um Papa que assumiu a igreja em um momento de baixa, traumatizada com o curto papado de pouco mais de um mês de João Paulo I e que foi antecedido por Paulo VI cuja encíclica Humanae Vitae desagradou e afastou a muitos fiéis por causa da proibição da utilização de anticoncepcionais. João Paulo II trouxe energia nova para Roma e trouxe de volta para a Igreja Católica uma influência no mundo que parecia estar perdida.



A outra visão mostra que João Paulo II não conseguiu caminhar na direção de dar uma resposta católica às demandas de um mundo onde a fé em Deus está cada vez mais relegada a um segundo plano. A Igreja Católica tem um desafio de continuar sua evangelização em um ambiente dominado pela ciência, onde a razão para todos os fatos da vida parece estar mais perto dos microscópios e telescópios do que na História Sagrada. João Paulo II não conseguiu avançar neste terreno, ateve-se a exigir dos Católicos uma fé absoluta na palavra dos evangelhos, talvez cedendo a ações de grupos muito conservadores e atuantes na direção da Igreja Católica como a Opus Dei tão popularizada agora pelo sucesso do livro “Código de Da Vinci”.



Caberá ao próximo Papa sem dúvida o papel de reconciliar a Igreja Católica com milhões de fiéis que acreditam na palavra e no caminho de Cristo, mas cujas vidas os levou a, por exemplo, casarem-se de novo, a não desejarem ter mais de um ou dois filhos, ou acham que não se pode obrigar uma mulher a ser mãe de uma criança que se sabe de antemão não possuir cérebro. E também gostariam de ver a Igreja não exigir que seus pastores abram mão de uma vida mais rica em termos humanos com a possibilidade de se casarem, criarem seus filhos e – até por isto – terem condições de melhorarem seu entrosamento com seus fiéis.



O mundo necessita de mais homens como João Paulo II, mas os católicos agora precisam de um Papa que priorize uma conversa interna, a uma arrumação de casa, onde se busque atualizar o catolicismo sem cair no oposto da Teologia da Libertação, mas mostrando onde esta a palavra de Cristo neste confuso e tumultuado início de milênio, neste mundo de informática, celulares, pesquisas de células tronco, comunicação instantânea, foguetes, telescópios espaciais, o diabo...



Eu falei diabo?

Nenhum comentário: