sexta-feira, abril 08, 2005

Plantão de segunda-feira

Logo ao chegar, fui informada que meu colega havia avisado que tinha um assunto urgente para resolver e só ia chegar às quatro da tarde. Isso significava que eu estava sozinha até lá, porque o obstetra, que poderia dar uma força, também tinha uma porção de cirurgias e ambularório de pré-natal. Todas as consultas de ambulatório, internamentos e urgências estavam nas minhas mãos. Fui almoçar umas duas e meia da tarde. Houve as torções de tornozelo habituais, um acidente de moto, cujo saldo foi um dedo mindinho quebrado, um senhor com a pressão arterial altíssima que desapareceu durante a observação, e voltou mais tarde, se sentindo mal novamente (bem feito, quem mandou fugir?), os quadros de virose, um rapaz com dor na nuca que já fez dois exames para descartar meningite. O fluxo aparentemente interminável das pequenas dores, das eternas queixas indefinidas, dos acompanhantes que falam pelos pacientes.
Pontualmente às quatro meu colega me rendeu. A seguir fui chamada por uma paciente, que fazia questão de falar comigo. Era para entregar um presente: panos de bandeja e de prato, que ela mesma pinta. Há quem ache que é algo simples, mas não para mim. Guardo cada um desses presentes com muito carinho. Alguns eu nem uso com frequência pra não estragar. Tenho vários paninhos, toalhas, canetas, tapetes, dados por pacientes. E usá-los é um reconhecimento pelo carinho.
Só às três da manhã fui atender um garotinho com febre. Um plantão anormal.

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