La dolce vita.
Uma das melhores recompensas de se trabalhar com crianças são as próprias crianças. No último sábado entrou uma menininha em lágrimas no consultório “doutora, não tem vacina, tem?”. Devia ter uns quatro anos. Depois que garanti que não, pedi que se aproximasse para examiná-la. Abri os braços pra mostrar que não tinha injeção e ela se jogou em cima de mim! Um abraço tão gostoso, e eu tão gripada, de máscara, com medo de passar a gripe pra ela, acho que nem aproveitei o abraço direito. Saiu de lá com remédio pra casa, nem passou pelo posto de enfermagem.
Na terça-feira, estava evoluindo os internos da Pediatria, um pequenininho veio com uns olhos deste tamanho “doutora, me dá alta?”. “Espero que sim, deixe ver você”. Era uma pneumonia, não tinha mais febre, nem falta de ar, já podia tomar o remédio pela boca. Preenchi a receita pra casa, a papelada sem fim da alta e me distrai com os outros pacientes (tinha uns 30 internos). De repente, alguém se aproxima e me dá um beijo (e eu gripada e de máscara!) “tchau! Brigado!”. Era o menino. Estava indo embora. A mãe esperava lá na porta.
Ontem foi uma garotinha de três anos. “Habitueé” lá da emergência devida à asma já foi entrando e dizendo “doutora, não precisa de injeção, por favor!”. Só que ela não estava nem tossindo nem cansada. Tinha torcido o joelho, mas estava tão apavorada e chorava tanto que não deixava nem examinar direito. Muita conversa depois, ficou acertado que íamos tirar “uma foto” (raio-x) do joelho e o remédio pra dor era “pela boca”. Voltou depois, com o joelho imobilizado (nada quebrado), ganhou minha última amostra de antiinflamatório e veio mancando me dar um beijo de despedida, sem ordem materna. E EU AINDA ESTOU GRIPADA!
domingo, maio 22, 2005
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