quinta-feira, janeiro 22, 2004

Zorra


Sinceramente, por que alguns serviços têm uma agenda se não a cumprem?

O atendimento hoje à tarde era para hipertensos e diabéticos. Adivinha quantos atendi? um ou dois. Até retorno de gestante teve, sem ao menos me consultar.

Fiz uma palesta sobre diabetes e hipertensão para um monte de gente que não tem as doenças! E todo mundo ouviu caladinho e com cara de atenção. Será que alguém entendeu alguma coisa?

Sem falar que não atendi uma criança com febre (mandei pra urgência)pela manhã porque tinha dez pessoas marcadas, um encaixe e uma visita domiciliar. Vieram 3 pessoas e a "acamada" tinha SAÍDO! Como um acamado sai, a não ser pra ir ao médico (que era eu)? vai entender.

Os funcionários saem de fininho e não voltam. Terminei o atendimento às nove e até a gerente não estava na unidade. Podia estar fazendo visitas, mas ninguém sabia. Imagina se o pessoal do Ministério da Saúde aparece? Como explicar? O outro colega vai embora assim que termina as consultas, chega depois de mim, não faz palestra. Eu acho que a idiota da história sou eu. Mas...como fui mal acostumada a cumprir horários (na Escola Doméstica, em casa, em Vitória)eu fico pro caso de aparecer alguma coisa. E não digam que não há o que fazer. Isso não existe no PSF. Se não houver NINGUÉM pra atender, sempre haverá a produtividade, as notificações. Ainda que não haja, têm um monte de "manuais de condutas no PSF". Há material suficiente para estudar. E ninguém fica. Tive que sair antes da hora porque fui praticamente colocada pra fora. Eram 11 horas quando cheguei em casa e olha que fui andando!
teve agente de saúde que passou a TARDE inteira no posto, conversando, numa cadeira em frente à minha porta! Sei disso porque terminei de atender às 16:45h.

Serviço público funciona. Se tiver um pulso forte e suporte para se exigir. O problema é que, além de não existir diferenciação entre as duas equipes, os mais antigos dão o mau exemplo. "Mas fulano faz assim".

E são equipes incompletas. Pelo menos a minha é. Continuo esperando minha enfermeira, não tenho notícias da dentista. Aliás, como uma dentista sai da sua unidade para cobrir as férias de outra? Não me digam que é porque a unidade está em reforma.

Existe uma coisa chamada "procedimento coletivo" que justifica aplicação de flúor até no meio da rua (e era no meio da rua naquela outra unidade que trabalhei). Existe outra coisa chamada "educação em saúde", ou seja, palestras. No meio da rua, nas ESCOLAS, na praça, como ação preventiva e corretiva. Não precisa de broca pra isso.
Existem "VISITAS domiciliares de outro profissional de nível superior" na ficha de produtividade, incluindo a primeira visita ao recém-nascido (dentista e enfermeira). Passamos quase cinco meses com Adriana "fazendo bolinha" e "limpando a linha do trem" no outro posto. Até eu aprendi a escovar os dentes direito.

Por que a outra equipe não tem um trabalho efetivo? nunca vi sequer os profissionais de nível superior juntos numa ação. A desculpa era muita gente, daí a segunda equipe. Agora porque a enfermeira/gerente tem que cobrir a falta de outra enfermeira. Só que o trabalho dela é completamente dissociado do meu. Cadê a enfermeira na palestra de hipertensão e diabetes?

Quando (se) chegar a outra enfermeira, qual será a desculpa?

DEIXA EU ESTUDAR PRA PASSAR NA RESIDÊNCIA.

Juliane X.

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