segunda-feira, janeiro 26, 2004

26.01.04

resumo do dia 22 : reunião com a comunidade e apresentação da dentista. Aquela gestante do dia anterior não havia sido internada ainda porque a emergência não quis ter o trabalho de fazer um encaminhamento para a maternidade e preferiu mandá-la de volta pro posto. 24 horas depois do primeiro atendimento a moça ainda não havia sido internada nem começado a antibioticoterapia parenteral. E estava com uma infecção urinária e uma pneumonia. Não me nego a encaminhar, mas, nesse caso, apenas copiei o encaminhamento do dia anterior (do qual tirei uma cópia carbonada) e acrescentei os dados da emergência. Nada que o serviço de URGÊNCIA não pudesse fazer. Poderiam ter mandado com o mesmo encaminhamento meu e anexado os exames. Não precisava escrever nada.
Vale dizer que o plantonista da maternidade é pago para atender tanto encaminhamentos quanto consultas de urgência. Ora, se uma gestante chega com quadro sugestivo de infecção, é obrigação do plantonista interná-la, se necessário. Ele recebe pra isso. Não precisa de um encaminhamento. E se a moça tivesse ido direto praquele serviço? Ele ia mandá-la de volta ao posto para buscar um encaminhamento?

Resumo do dia 23:
Dia de marcação de consultas. Soube que o outro médico não estará no posto até quarta-feira. Como qualquer caso urgente terá de ser visto por mim, orientei a marcar menos fichas pra atender tais casos.
Perto de sair, descobri que a gerente/enfermeira havia DETERMINADO que se aumentassem as fichas, sem sequer me comunicar. Argumentou que a secretaria de saúde poderia reclamar. Como ela não entende a importância de uma primeira consulta e a coleta de informações, eu disse que me responsabilizava por qualquer contratempo. Ela retrucou que era a pessoa dela que respondia pelo posto. “Tudo bem, atendo até às 11 horas e depois mando os restantes falarem com você”.
Pra variar, ela saiu mais cedo. Se eu não tivesse permanecido na unidade pra organizar a produtividade, o carro da secretaria, trazendo medicações, teria encontrado o posto fechado.
Decidi não me deixar influenciar por tudo e fui-me embora pra Recife. É LÓGICO que não ia perder de viajar pra ficar batendo boca.

Final de semana:
MARAVILHOSO. Começou na sexta com flores, uma biografia não-autorizada de David Duchovny e uma poesia de Vinícius. Abraços e beijos de Ado e telefonemas das meninas (em horas muito incovenientes) o tempo todo. Na verdade, elas atrapalharam o filme que estávamos assistindo. “Questão de honra”, com Tom Cruise e Demi Moore. Mas prefiro deixá-las acreditando que interromperam algo mais.
Sábado amanhecendo com beijo de Ado e o café com leite que só ele faz. Manicure pra me sentir de volta à civilização. Almoço e shopping. Reencontrar a Spooky Society três horas antes do filme pra botar a conversa em dia. Ainda não havia visto as meninas desde o ano passado. Passeio na Riachuelo só pra descobrir que nem tamanho GG está cabendo em mim. Entrada na Sodiler pra ganhar Moby Dick de Vic. Lanchar com Júnior contando o sofrimento que é fazer Engenharia Elétrica, com todo apoio de Paulo.
Assistir “O último samurai”, com Tom Cruise. Comparar a atuação com “Questão de honra”. Delirar com a trilha sonora (de Hans Zimmer). Voltar de ônibus e descobrir que a parada mudou de lugar porque o prefeito de Recife achou pouco inverter o tráfego nas principais avenidas de Boa Viagem. Assistir Caetano Veloso cantando SAMPA no aniversário de São Paulo, com todo mundo mais Marta Suplicy assistindo também. A nossa vantagem é que do lado de cá da tela não estava garoando e estávamos na boa companhia de uma taça de vinho.
Acordar tarde no Domingo, perder a hora da missa. Começar a assistir “24 horas” que Ado gravou e descobrir que é tão bom que não deu tempo de visitar Larissa (nossa sobrinha). Até fazer supermercado foi bom. Encaixotar metade de meus livros e todas as amostras grátis não foi tão bom. Voltar pra Mossoró não foi fácil, ainda mais imaginando o dia de hoje, que eu sabia que ia ser uma confusão.

Dito e feito. Cheguei às quatro e meia e fui mostrar os livros pra papai e tomar café.
Às 6:45h estava no posto. Como é dia de autorização de exames (e a gerente nunca chega tão cedo) a auxiliar de enfermagem fica sem poder pesar e verificar a pressão arterial dos pacientes, o que faço sem problema, só que com atraso no atendimento. Conforme previsto, acrescentaram vários pacientes sem sequer me comunicar, incluindo troca de receitas e outras coisas tão simples que a gerente/enfermeira pode e deveria fazer, só que saiu mais cedo pra ir na Regional de Saúde. A boa notícia foi que finalmente teremos uma enfermeira na nossa equipe. Saí às 11:55h , sob reclamações da zeladora que, apesar de ter um expediente de 6 às 12 h, acha um abuso se ficarmos até 11 h.
Saí debaixo de sol forte e sem comer. Resultado:dor de cabeça, atraso à tarde e novamente fechei o posto com a zeladora da tarde. Quero ver se a semana vai ser toda assim. Estou pensando seriamente em continuar no meu ritmo (não me incomodo de atender até o último paciente) e esperar os pacientes e funcionários se queixarem á gerência ou à Secretaria, wathever.
Deixa eu terminar de estudar Planejamento Familiar porque amanhã é dia de Saúde da Mulher (embora quase todos os atendimentos hoje à tarde tenham sido sobre Ginecologia). Pra que existem pessoas apenas pra marcação de ficha se não sabem marcar?

Vítima do Serviço Público e (infelizmente) apaixonada por ele.

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