sábado, janeiro 17, 2004

Programa de Saúde da Família: um suplício


Escrevi ontem sobre o PSF, mas adormeci e não enviei o e-mail. Leia, por favor, "PSF: uma vocação" para entender esta mensagem.

Continuação da novela.

A primeira ação hoje foi ir ao hospital, qur fica pertinho do posto, pra saber notícias do paciente. Descrevi o quadro e o plantonista sugeriu que procurasse na unidade de infectados. Nada. Na UTI, nada. No repouso da emergência, na sala de drenagem, na enfermaria de clínica médica. nada. Vi cada um dos pacientes internados no hospital. Apenas um tinha pé diabético, mas não era ele. Com certeza.

O plantonista me levou à assistente social. Li cada registro de cada uma das salas (drenagem, observação, pós-operatório, repouso). Paciente não constava no registro de ontem em quaisquer salas. Foi localizada a ficha da urgência. Em branco. Apenas com os dados do paciente. Ligamos para a médica. Ela disse que não conseguiu nem examiná-lo. Havia desaparecido e os funcionários supunham que fora para a sala de drenagem ou pra cirurgia. Dedução lógica mas que não foi possível confirmar devido ao ritmo do plantão. Havia inclusive um cirurgião vascular no plantão de ontem. uma endocrinologista e um cirurgião vascular em pleno interior. E ele não ficou. Sequer falou com a médica. Conseguiu voltar , ANDANDO ou de carona, para um sítio tão longe que fui de bicicleta.

Agradeci a todo mundo e voltei pro posto pra esperar com o agente de saúde da área.

Ele foi à casa do comunitário que declarou ter sido "liberado depois de um curativo e uma injeção". Só que não havia curativo no pé, nem foi feita limpeza. A injeção foi a vacina que EU apliquei no posto. Decidi seguir o conselho da assistente social e acionar a promotoria do idoso (o que só posso fazer na segunda pois só soube de tudo às três da tarde). Evitar confronto direto.
Tudo que fiz foi registrar tudo no prontuário. QUANDO ele morrer, pois não é uma questão de SE, teremos os regidtros para nos defendermos.

Fico pensando o que leva uma pessoa a retornar para uma casa onde é maltratado; retornar andando ou de carona, com o pé em franca putrefação, sem sequer fazer curativo alegado. A recusar qualquer ajuda. A mentir tão deslavadamente para uma médica que foi À SUA CASA, CHAMOU UMA AMBULÂNCIA, FEZ QUESTÂO DE REMOVÊ-LO PESSOALMENTE e ACOMPANHÁ-LO até a emergência. O que acredito é que ele não sinta dor devido à insensibilidade causada pela diabetes. pelo menos não sofre.

Sem nada mais a fazer, volto ao mapa da área que estou fazendo.

Sua companheira na incredulidade (pois com raiva não dá pra ficar),

Juliane X

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