quinta-feira, agosto 11, 2005

Poesia sobre neurofibromatose

MANCHAS
Do livro de poemas “Ecos”
Antônio Carlos Tórtoro


Meu sol,
como todo sol que se preza,
tem manchas.

Saturno,
belo e ornado de anéis,
tem manchas : brancas.

Júpiter,
pai dos deuses, Zeus,
tem manchas : vermelhas.

Meu filho,
neurofibromatose congênita,
tem manchas: pardas.

As manchas são troféus sobrenaturais,
que quais estigmas de Cristo,
são vistos cósmicos dados por Deus
aos seus escolhidos do Cosmo.

As manchas lembram , falam,
exalam significados, mensagens,
imagens lembrando histórias,
palmatórias , talvez, do mundo.

As manchas do meu sol, genéticas,
são antiestéticas, nasceram em meiose,
dose aleatória de translocação, sono,
cromossomo dezessete: natural distração.

E as orações se tornam fermento.
No sofrimento ante temores, tumores,
nossas dores encontram bálsamo em Maria,
Santa, pia: vela a vida Rosa Mística.
A heurística é altar de inspiração.

Então, ciência do homem pós-moderno,
hodiernos arsenais dispõe de luta,
e na labuta de pesquisas enfim desvenda,
retira a venda, se apossa das mutações.
Milhões em luta: dispensam-se Valquírias.

Meu sol, apesar e contudo, ilumina.
Como todo sol que se preza,
tem brilho.

Meu filho,
ser único sem par nos universos,
em versos compõe a vida,
tem amor,
é.

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