Poesia sobre neurofibromatose
MANCHAS
Do livro de poemas “Ecos”
Antônio Carlos Tórtoro
Meu sol,
como todo sol que se preza,
tem manchas.
Saturno,
belo e ornado de anéis,
tem manchas : brancas.
Júpiter,
pai dos deuses, Zeus,
tem manchas : vermelhas.
Meu filho,
neurofibromatose congênita,
tem manchas: pardas.
As manchas são troféus sobrenaturais,
que quais estigmas de Cristo,
são vistos cósmicos dados por Deus
aos seus escolhidos do Cosmo.
As manchas lembram , falam,
exalam significados, mensagens,
imagens lembrando histórias,
palmatórias , talvez, do mundo.
As manchas do meu sol, genéticas,
são antiestéticas, nasceram em meiose,
dose aleatória de translocação, sono,
cromossomo dezessete: natural distração.
E as orações se tornam fermento.
No sofrimento ante temores, tumores,
nossas dores encontram bálsamo em Maria,
Santa, pia: vela a vida Rosa Mística.
A heurística é altar de inspiração.
Então, ciência do homem pós-moderno,
hodiernos arsenais dispõe de luta,
e na labuta de pesquisas enfim desvenda,
retira a venda, se apossa das mutações.
Milhões em luta: dispensam-se Valquírias.
Meu sol, apesar e contudo, ilumina.
Como todo sol que se preza,
tem brilho.
Meu filho,
ser único sem par nos universos,
em versos compõe a vida,
tem amor,
é.
quinta-feira, agosto 11, 2005
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